“o céu na terra”, um experimento

Agostinho da Silva (1906–1994), pensando sobre a passagem dos anos 1980 para os 1990 em Portugal, resgata em suas “Conversas Vadias” – transmitidas pela RTP – a instauração da Festa do Divino pelos reis Dom Dinis e Dona Isabel, no séc. XIV; para esse filósofo, era um mundo que parecia encaminhar- se para aquilo que a festa idealizava, com o fim da carestia e do sofrimento. Mas, passados 30 anos da série televisiva, não parece que estejamos tão perto desse futuro liberto; mais próximos do que falam Dardot e Laval em “La Nouvelle Raison du Monde” (2009), vê-se o Neoliberalismo ganhar controle até mesmo de anseios individuais. O presente texto relata a experiência da instalação/intervenção “o céu na terra” (Ohira e Bonilha, 2019 a 2020), combinando o pensamento de Michael Hardt em “O Comum no Comunismo” às duas referências supracitadas. Este é um relato sobre a intuição da liberdade.