scholarly journals Brasil, Inglaterra e Portugal: circulação de impressos protestantes no nordeste brasileiro

2021 ◽  
Vol 14 (16) ◽  
pp. 1-17
Author(s):  
Ester Fraga Vilas-Bôas Carvalho do Nascimento

Este trabalho apresenta a ação da Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira/BFBS no Brasil, durante o século XIX, especialmente no Nordeste, fazendo circular impressos protestantes. O referido texto tem o apoio financeiro do CNPq e integra o Projeto de Pesquisa coordenado por essa pesquisadora, intitulado Brasil, Portugal e Inglaterra: circulação de impressos protestantes e outros impressos durante os Oitocentos. A estratégia de distribuir impressos antecedeu à organização de escolas, com a finalidade de implantar definitivamente o Protestantismo no Brasil. Como essa estratégia teve sucesso num país que, na época, possuía uma população analfabeta em sua maioria? O que poderia ser visto como um problema era, na verdade, o diferencial. Quando o colportor, vendedor ambulante de impressos protestantes, chegava num determinado local que as pessoas não sabiam ler, ele propunha a organização de um grupo e se comprometia em enviar um professor para ensiná-los, que, na verdade também era um missionário. Dessa forma, eles mapearam no Brasil o território de instalação de suas futuras igrejas e escolas. A hipótese que defendo é que a intervenção de instituições protestantes na circulação e difusão de impressos possibilitou a definitiva inserção do Protestantismo no país. Este trabalho considera os impressos protestantes que circularam no Brasil e em Portugal a partir dos Oitocentos como Bibliotecas Pedagógicas Protestantes, as quais foram utilizadas como estratégias para a construção de uma civilização cristã protestante e que tinha também o objetivo de conformar um campo pedagógico. A ação de propagandistas protestante se fez presente em várias Províncias do país, dentre elas, Pará, Bahia, Maranhão, Sergipe, Pernambuco, Alagoas, Paraíba. Até meados da década de 30 do século XX, instituições protestantes distribuíram aproximadamente dez milhões de impressos de destinação religiosa e escolar. No entanto, a publicação, edição, distribuição, circulação e práticas de leituras são áreas de investigação quase intocadas durante um século pela historiografia educacional e confessional brasileira.

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