Durante a Segunda Guerra Mundial, o governo dos Estados Unidos criou o Office of the Coordinatior of Inter-Americans Affairs (OCIAA), órgão direcionado para trabalhar nas estratégias de aproximação e consolidação das relações entre o país e a América Latina. Para tanto, a direção do escritório ficou a cargo de Nelson Rockefeller, empresário ligado à Fundação Rockefeller, que já atuava na região. Debates deste período apontavam que o problema de saúde e falta de sanitarismo era crônico nos locais que apresentavam maiores índices de analfabetismo. Para resolver esse entrave, Rockefeller convidou Walt Disney para produzir curtas-metragens educativos sobre tais questões e, desta forma, criar um mecanismo que auxiliasse na instrução e letramento da população. Esse artigo tem por objetivo explorar as formas como essas constatações e preocupações aparecem no curta Environmental Sanitation (1945), parte da série Health for the Americas (1944-1945). O desenho, que tem como personagem principal uma cidade, parte deste ponto de vista particular para contar sobre sua transição de vila simples e sem recursos em um espaço moderno e urbanizado. Verificaremos, assim, por meio de uma análise de alguns aspectos do curta, de que maneira a animação sintetiza as várias problemáticas ressaltadas em relatórios realizados tanto pelo Estúdio Walt Disney, quanto pelo OCIAA, e que também foram amplamente discutidas por governos e intelectuais da época, principalmente em reuniões que discutiam tais questões sobre a urbanização das cidades.