O QUE VEM DEPOIS? PRECISO FALAR DISSO COM ALGUÉM! SEXUALIDADE, HIV/AIDS E VIOLÊNCIA INTERPESSOAL NA VIVÊNCIA DE MULHERES SOROPOSITIVAS

2012 ◽  
Vol 35 (4) ◽  
pp. 1016
Author(s):  
Lilian Conceição Guimarães de Almeida ◽  
Ceci Vilar Noronha
Keyword(s):  

Este estudo buscou compreender as dimensões da vulnerabilidade à violência interpessoal contra mulheres vivendo com HIV/Aids, atendidas em serviços de referência para pessoas soropositivas da Bahia. A investigação foi orientada pela abordagem qualitativa, a qual se revelou fundamental para a compreensão do objeto de estudo, centrada no paradigma interpretativo, hermenêutico. As técnicas de coleta de dados foram a observação, registrada em um diário de campo, a análise documental e a entrevista semiestruturada gravada eletronicamente e transcrita na íntegra. Foram entrevistadas 32 mulheres que viviam com HIV/Aids e estavam sendo atendidas em dois serviços de referência dos municípios de Salvador e Santo Antônio de Jesus. A coleta de dados foi realizada no período de dezembro/2008 a setembro/2009. O corpus do estudo foi organizado e tratado com o auxílio da técnica de análise de conteúdo e interpretado com o uso de referências que abordavam a temática. A partir da análise do conteúdo das entrevistas emergiram três sub-temas: (Des)cobrindo a condição sorológica; práticas sexuais e reprodutivas de mulheres antes e após a soropositividade e; vulnerabilidade à violência interpessoal na dinâmica das relações sociais vivenciadas por mulheres. Os resultados revelaram que a história de vida das mulheres soropositivas é dividida, por uma linha imaginária, em um momento antes e outro depois do diagnóstico. As características sociodemográficas e as relações desiguais de gênero que as mulheres mantinham com seus parceiros afetivo-sexuais foram identificadas como condições que interferiram na vulnerabilidade delas à infecção. As agressões fizeram parte do cotidiano das mulheres e puderam ser consideradas como uma causa e uma consequência da infecção pelo HIV/Aids, contudo nem sempre as violências sofridas foram percebidas como tal pelas mulheres, que estavam envolvidas em um contexto relacional afetivo-sexual. Após o diagnóstico, além da violência física, psicológica, sexual e verbal, as mulheres também vivenciaram medos, culpas, estigmas, autoagressões e rupturas nos seus relacionamentos. A sorologia interferiu na maneira como as mulheres lidavam com a sexualidade, pois, após a infecção, algumas apresentaram diminuição da libido e recusaram-se a manter práticas sexuais. Tais condutas contribuíram para a ocorrência de violência entre os parceiros afetivo-sexuais. Nesse contexto, o empoderamento das mulheres é fundamental para que elas interrompam os ciclos de violência e construam outro panorama social, no qual a violência e as desigualdades cedem o lugar à paz e à cidadania plena. Além disso, para a melhoria da assistência a saúde das mulheres vivendo com HIV/Aids, é preponderante ouvi-las, para que, de acordo com suas necessidades, mudanças possam ser implementadas na reorganização das práticas de saúde.

2003 ◽  
Vol 13 (26) ◽  
pp. 197-207
Author(s):  
Luciana Nogueira Fioroni ◽  
Marco Antonio de Castro Figueiredo
Keyword(s):  

Os modos de enfrentar as vicissitudes decorrentes da contaminação pelo HIV estão ligados à história de vida do portador e aos recursos psíquicos disponíveis, revelando características de personalidade. Através da Técnica Projetiva de Rorschach, foram investigados os processos afetivos de portadores do HIV/Aids, objetivando construir um quadro representativo dos recursos emocionais para lidar com a infecção. Participaram do estudo 20 portadores do HIV divididos em dois grupos: subgrupo 01 - 10 pessoas soropositivas sintomáticas; subgrupo 02 - 10 pessoas soropositivas assintomáticas. Os protocolos foram cotados segundo normas estabelecidas para a população de Ribeirão Preto. Os principais resultados indicaram ameaça em relação à integridade da identidade, juntamente com o medo da morte e o isolamento social. Observou-se a presença marcante da angústia de contato e as vivências emocionais dos pacientes com AIDS mostraram características mais rígidas e mais regredidas do que as dos portadores assintomáticos.


2013 ◽  
Vol 17 (44) ◽  
pp. 133-143 ◽  
Author(s):  
Mariana Gomes Cardim ◽  
Martha Cristina Nunes Moreira
Keyword(s):  

O genograma consiste na representação gráfica da família consanguínea, de parentesco e/ou afetividade, trazendo informações sobre várias dimensões da dinâmica familiar. O presente artigo tem como base empírica a reflexão sobre os bastidores da elaboração, utilização e análise preliminar do processo de utilização do genograma como técnica no desenvolvimento de uma pesquisa cujo desenho privilegia a perspectiva da história de vida temática, com 14 adolescentes que vivem com HIV/Aids por transmissão vertical. O genograma foi considerado um importante recurso para a abordagem inicial do adolescente, facilitando a aproximação e descontraindo a relação entre o pesquisador e o sujeito da pesquisa; mostrou-se adequado para a apreensão de dados, como um instrumento de pesquisa; e revelou-se, ainda, uma importante ferramenta para o pesquisador entender a história de vida contada pelos adolescentes.


2009 ◽  
Vol 13 (4) ◽  
pp. 780-785 ◽  
Author(s):  
Marli Teresinha Gimeniz Galvão ◽  
Ênia Costa ◽  
Ivana Cristina Vieira de Lima ◽  
Simone de Sousa Paiva ◽  
Paulo César de Almeida ◽  
...  
Keyword(s):  

Propôs-se analisar a comunicação não verbal entre mãe e filho na vigência do HIV/AIDS à luz da tacêsica (linguagem do toque) durante o desempenho dos cuidados maternos. Estudo exploratório desenvolvido em ambiente experimental em Fortaleza-CE no segundo semestre de 2007 com cinco díades mãe-bebê. Foram utilizados três recursos para a coleta de dados: questionário semiestruturado sobre a história de vida da mãe e da criança; filmagens de cuidados maternos (troca, banho, ninar, brincar e alimentar); e roteiro de análise das filmagens baseado na tacêsica. Identificaram-se 354 interações, cujas análises apontaram que o banho apresentou maior número de interações mãe e filho, havendo ainda prevalência entre os cuidados do toque de intensidade firme e o uso do toque instrumental. Conclui-se que as relações mãe-filho inseridas no universo do HIV devem ser continuamente debatidas com vistas à promoção de cuidado mais eficaz, e que os cuidados maternos são uma oportunidade para fortalecer os laços afetivos mediante o uso do toque, promovendo o desenvolvimento emocional e social satisfatório da criança.


2011 ◽  
Vol 20 (3) ◽  
pp. 635-646 ◽  
Author(s):  
Josicleide Maciel da Silva ◽  
Carlos Roberto de Castro e Silva
Keyword(s):  

Este estudo exploratório e descritivo visou investigar a aproximação entre violência e vulnerabilidade à infecção ao HIV/Aids, especificamente a contribuição de ONGs/Aids no enfrentamento de situações de violência sofridas por pessoas que vivem com o HIV/Aids (PVHA) no decorrer de suas vidas, destacando formas distintas de violência, dentre elas o abuso sexual. Consideramos que vivências de várias formas e graus de violência na infância e adolescência tornam as pessoas mais vulneráveis à infecção a DST/HIV/Aids, principalmente as pessoas que vivem situações de exclusão social. Além disso, é necessário que existam redes de suporte psicossociais mais fortalecidas e preparadas para atender as demandas das pessoas que vivem com o HIV/Aids (PVHA). Foram realizadas entrevistas semidirigidas com profissionais de uma entidade e entrevistas em profundidade com jovens, além da realização de observação participante. Os resultados indicaram que a história de vida das PVHA, permeada pela violência, traz marcas indeléveis, principalmente pelo esfacelamento de laços familiares e comunitários, difíceis de serem refeitos, tendo o abuso sexual aparecido nos relatos como consequência insofismável de um contexto marcado por diversas formas de opressão social. Por sua vez, a participação em uma ONG/Aids proporcionou um espaço para a elaboração de aspectos da violência sofrida na medida em que o acolhimento possibilitou a troca de experiências entre seus pares e o diálogo com profissionais e voluntários. Dessa forma, em um espaço que pretende a politização da doença, o silêncio, o terror e o isolamento social podem ser substituídos por experiências referenciadas pela autonomia, dignidade e cidadania.


ASHA Leader ◽  
2002 ◽  
Vol 7 (4) ◽  
pp. 10-21 ◽  
Author(s):  
Elise Davis-McFarland
Keyword(s):  

Ob Gyn News ◽  
2005 ◽  
Vol 40 (6) ◽  
pp. 13
Author(s):  
Sharon Worcester
Keyword(s):  

2003 ◽  
Vol 118 (3) ◽  
pp. 197-204 ◽  
Author(s):  
Mark A Schmidt ◽  
Eve D Mokotoff
Keyword(s):  

2005 ◽  
Vol 36 (9) ◽  
pp. 9
Author(s):  
SHARON WORCESTER
Keyword(s):  

2008 ◽  
Vol 39 (8) ◽  
pp. 38
Author(s):  
JONATHAN GARDNER
Keyword(s):  

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