Construindo caminhos e chegando ao fim da linha?
A rodovia Transamazônica nasceu filiada ao Programa de Integração Nacional (PIN) no auge da ditadura civil-militar em 1970 e teve a incorporação do território amazônico à lógica do capital nacional como pano de fundo da estratégia do Estado, que contava com o Nordeste como área de repulsão de um exército de mão de obra, além de grandes empresários interessados no megaempreendimento de construção civil e nos grandes projetos agropecuários com financiamentos subsidiados. A execução do projeto exigiu a migração de milhares de trabalhadores contratados de maneira direta ou indireta por grandes empreiteiras nacionais ou por intermediários e submetidos a diversos tipos de abusos e desrespeito às leis trabalhistas em vigor no momento. A obra, apesar da subnotificação de casos, fez disparar o número de acidentes de trabalho comunicados às autoridades, além de resultar em um boom de ações trabalhistas movidas por trabalhadores contra as empreiteiras envolvidas no projeto. Chamados a “construir o Brasil Grande”, muitos desses trabalhadores que construíram caminhos e acabaram encontrando o fim da linha de suas próprias trajetórias.