Revista Cadernos do Ceom
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Published By Cadernos Do Ceom

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2021 ◽  
Vol 34 (55) ◽  
pp. 135-150
Author(s):  
Felipe Matos ◽  
Carlos Eduardo Caldarelli

 O processo de atração do povo Arara pela FUNAI na região do município de Altamira, no Pará, a partir da década de 1970, deu-se em razão da necessidade de viabilizar a política de colonização ligada ao Plano de Integração Nacional (PIN) conduzida pelo INCRA durante a construção da rodovia Transamazônica (BR-230), em nome de uma noção de progresso que não contemplou os direitos dos povos tradicionais sobre seus territórios e seu modo de viver. O artigo elabora, tendo como fonte principal relatos orais de moradores da região, um histórico das ações que desencadearam transformações e conflitos territoriais, relatando o emprego de uma violência organizada contra os indígenas e a negação de seus direitos básicos para se alcançar fins de natureza econômica: a continuidade, o mais rápido possível, da abertura da rodovia que seria a porta para a exploração econômica da Amazônia.


2021 ◽  
Vol 34 (55) ◽  
pp. 67-82
Author(s):  
Pedro Campos

O presente artigo pretende problematizar o papel dos interesses empresariais das empreiteiras brasileiras de obras públicas na concepção e realização da obra da rodovia Transamazônica durante o período da ditadura. As construtoras nacionais cresceram significativamente antes e durante o regime sob forte proteção estatal, desenvolvendo uma especialização na realização de obras de estradas de rodagem. A Transamazônica representou uma grande oportunidade de ganhos para esses e outros grupos econômicos, apesar dos intensos impactos gerados para os trabalhadores, o meio ambiente e os povos indígenas locais. Depois desse projeto, as empresas brasileiras de engenharia se capacitaram para realizar empreendimentos similares no exterior. Para proceder a análise, utilizamos fontes produzidas por empresários e imprensa técnica que cobria o setor da indústria da construção pesada no período.


2021 ◽  
Vol 34 (55) ◽  
pp. 23-38
Author(s):  
Matilde de Souza ◽  
Guillermina Elias ◽  
Victor Nascimento

A rodovia Transamazônica teve ampla repercussão na imprensa nacional quando foi inaugurada na década de 1970. Passados cinquenta anos, considerando que a estrada segue inacabada, indaga-se quais representações estão presentes no imaginário social sobre ela. O objetivo deste artigo é identificar a percepção que se tem construído sobre a Transamazônica, utilizando a metodologia da análise de discurso. Foram selecionados reportagens e textos jornalísticos de quatro veículos da grande imprensa nacional, entre 1970 e 2020. Foram destacados os seguintes marcadores: desenvolvimento, esperança, integração e devastação. Concluímos que a percepção sobre a rodovia muda com o tempo, evidenciando as contradições nos conceitos que expressam a trajetória da estrada.


2021 ◽  
Vol 34 (55) ◽  
pp. 99-112
Author(s):  
César Martins de Souza ◽  
Maria Cândida de Oliveira Batista Souza

Em 1970, o general-presidente Emilio Médici anunciou a construção da rodovia Transamazônica que atravessaria o país no sentido Leste-Oeste visando integrar e ocupar a Amazônia com migrantes nordestinos flagelados pela seca e sulistas despossuídos de terras. A análise de obras de jornalistas, de projetos oficiais, de entrevistas com migrantes, bem como de reportagens em jornais e revistas de circulação nacional na década de 1970, permite problematizar visões sobre a rodovia e também sobre os dramas enfrentados por nordestinos na migração para a Transamazônica. Os discursos, memórias e reportagens muitas vezes são marcados por visões estereotipadas sobre nordestinos, quando se pensa o desenvolvimento do Brasil a partir da Amazônia. Estas visões são predominantemente etnocêntricas e pensam apenas em um progresso de fora para fora da Amazônia, vista apenas pelo potencial para gerar riquezas para o país, o que veio a causar impactos socioambientais na região


2021 ◽  
Vol 34 (55) ◽  
pp. 83-98
Author(s):  
Magno Michell Marçal Braga

A rodovia Transamazônica nasceu filiada ao Programa de Integração Nacional (PIN) no auge da ditadura civil-militar em 1970 e teve a incorporação do território amazônico à lógica do capital nacional como pano de fundo da estratégia do Estado, que contava com o Nordeste como área de repulsão de um exército de mão de obra, além de grandes empresários interessados no megaempreendimento de construção civil e nos grandes projetos agropecuários com financiamentos subsidiados. A execução do projeto exigiu a migração de milhares de trabalhadores contratados de maneira direta ou indireta por grandes empreiteiras nacionais ou por intermediários e submetidos a diversos tipos de abusos e desrespeito às leis trabalhistas em vigor no momento. A obra, apesar da subnotificação de casos, fez disparar o número de acidentes de trabalho comunicados às autoridades, além de resultar em um boom de ações trabalhistas movidas por trabalhadores contra as empreiteiras envolvidas no projeto. Chamados a “construir o Brasil Grande”, muitos desses trabalhadores que construíram caminhos e acabaram encontrando o fim da linha de suas próprias trajetórias.


2021 ◽  
Vol 34 (55) ◽  
pp. 234-248
Author(s):  
Magaly Cabral
Keyword(s):  

O presente texto apresenta três projetos desenvolvidos com os alunos do Programa de Educação de Jovens e Adultos (PEJA) do município do Rio de Janeiro no Museu da República, unidade museológica do Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM)/Ministério do Turismo. Um dos projetos foi agraciado com o V Prêmio Ibermuseus de Educação 2014, em primeiro lugar, na Categoria I, e com o prêmio Best Practice, concedido pelo Comitê Internacional de Educação e Ação Cultural (CECA) do Conselho Internacional de Museus (ICOM). A partir desses projetos e, principalmente, desses prêmios, o Museu conseguiu a abertura de suas portas uma vez por mês, à noite, para receber os alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) com mais frequência, fazendo com que a EJA começasse a encontrar seu lugar num museu brasileiro e seus estudantes começassem a praticar a Cidadania.


2021 ◽  
Vol 34 (55) ◽  
pp. 39-53
Author(s):  
Ricardo Eduardo De Freitas Maia ◽  
Roberta Rowsy Amorim de Castro ◽  
Gutemberg Armando Diniz Guerra

Esse texto descreve o processo de migração de uma família nordestina para a Amazônia. A narrativa trazida aqui é uma história baseada na memória desse grupo, ilustrada com fotos do acervo familiar. Os fatos compartilhados no texto são provenientes de depoimentos e diálogos com os membros da família e da vivência dos primeiros autores na região, sendo o primeiro autor membro da terceira geração da família enfocada, acrescidos de observações e vivências do terceiro autor. A obtenção dos dados foi iniciada em novembro de 2020 e finalizada em maio de 2021. O texto está dividido em quatro partes, além da introdução. Depois de uma contextualização, inicia fazendo uma breve descrição da família e da vida no Nordeste, assim como os fatores que influenciaram no processo de tomada de decisão para a migração, os fatos da viagem e da chegada à Transamazônica. Além disso, discute o processo de fixação de moradia e adaptação ao novo bioma, com enfoque especial nas atividades produtivas. Por fim, apresenta a percepção dos participantes sobre o processo migratório e um resumo da saída dos filhos, envelhecimento do casal e venda da propriedade, bem como tece as considerações finais do artigo.


2021 ◽  
Vol 34 (55) ◽  
pp. 175-189
Author(s):  
Naurinete Fernandes Inácio Reis ◽  
Valeria De Marcos ◽  
Edma Do Socorro Silva Moreira

A ocupação da Amazônia executada a partir do golpe militar de 1964 foi orientada por uma lógica de desenvolvimento a ela externa. A visão de vazio demográfico e última fronteira para o capital fundamentou a criação de dois Planos Nacionais de Desenvolvimento e do Programa de Integração Nacional, nos quais os grandes projetos agropecuários, agroflorestais e agrominerais, bem como a construção de rodovias, entre elas a Transamazônica, estavam inseridos. Esse artigo faz uma reflexão sobre a ocupação e controle territorial da Amazônia, destacando a relação entre a construção e ocupação da Transamazônica, a colonização oficial e a repressão à Guerrilha do Araguaia e ao campesinato que ocupava o Sudeste do Pará nos anos 1970, o qual seguiu em luta pela terra e reprodução da vida. O procedimento de construção do artigo se deu por meio de revisão bibliográfica e documental e análise de entrevistas realizadas com camponeses envolvidos na Guerrilha, à luz do referencial teórico da História Oral.


2021 ◽  
Vol 34 (55) ◽  
pp. 54-66
Author(s):  
Léia Gonçalves de Freitas ◽  
Irlanda do Socorro de Oliveira Miléo ◽  
Francilene de Aguiar Parente

Este estudo buscou identificar o sentido da esperança expressa nas ações sociais desenvolvidas pela Irmã Serafina Cinque na Transamazônica na década de 1970 a partir das aproximações teóricas sobre o sentido de esperança refletida à luz de Paul Ricoeur. Nos interessou investigar qual o sentido da esperança nas ações sociais voltadas às mulheres grávidas realizadas pela Irmã Serafina Cinque na Transamazônica, no Município de Altamira- PA e como esse trabalho se articula com as discussões teóricas ricoeuriana. Os caminhos metodológicos utilizados foi a pesquisa documental com abordagem qualitativa, fundamentado em Ricoeur nas obras “História e Verdade” (1968) e “o Conflito das interpretações” (1999); as fontes foram: acrósticos, poesias, literatura de cordel e Relatórios de Atividades (1970 - 1979) das ações de Irmã Serafina Cinque. Os resultados evidenciaram que o sentido da esperança para Ricoeur (1968; 1999) é um esperar, mas também um caminhar rumo à liberdade; a esperança como paciência de esperar, aguardar o livramento e a libertação chegar. E, para Irmã Serafina Cinque a esperança é uma espera de transformação social e de libertação.


2021 ◽  
Vol 34 (55) ◽  
pp. 203-214
Author(s):  
Greicy Gadler Lang ◽  
Leonel Piovezana ◽  
Luciana Fatima Narcizo

O objetivo deste ensaio é (re)viver a pedagogia e didática freiriana no atual contexto de pandemia COVID-19. Chamar a atenção para esse desgoverno, ressignificando a educação para superação dos problemas políticos, econômicos, sociais e humanitários, agravados em 2020/2021 pelo coronavírus, uma crise compartilhada entre dor e corrupção. Como metodologia, nos pautamos no processo dialógico de uma carta pedagógica que se torna nossa inspiração e porta-voz, tendo em vista que nos sentimos exiladas no distanciamento social necessário para evitar a propagação do vírus. A exemplo de Freire que no seu exílio encontrou formas de comunicar-se para além da palavra dita, usamos da palavra escrita como ferramenta de uma rebeldia saudável, da qual nós, educadores, tanto lutamos. Consideramos que não podemos nos fechar para os problemas, mas pensar em alternativas e soluções para nossa sociedade. Entendemos ainda que, por meio do legado de Freire, possibilitaremos reflexões que ajudarão romper com essas formas de governos (ou desgovernos) com ações para a transformação solidária e democrática, construída na multiculturalidade da educação.


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