scholarly journals A construção do conceito de caboclo como demarcador social de inferioridade no sul do Brasil

2020 ◽  
Vol 27 (54) ◽  
pp. 25-37
Author(s):  
Taiza Gabriela Zanatta Crestani ◽  
Silvio Antonio Colognese ◽  
Paulo Ricardo Bavaresco

A construção social do conceito de “caboclo” está relacionada aos processos de erradicação do trabalho escravo e de promoção da imigração europeia para o Brasil. Trata-se de uma nomenclatura criada para dar conta da disseminação da “mistura de raças” cujas consequências levam ao fortalecimento dos estereótipos acerca da população mestiça brasileira. Caboclo surge como um termo de demarcação social que prioriza certas características físicas (mestiço de branco e índio, de pele acobreada e cabelo liso) e raciais (raça híbrida, inferior e degenerada). Posteriormente, as pesquisas empíricas desenvolvidas por Antropólogos e Sociólogos permitiram superar esta construção inicial, agregando fatores de classe, posição social, localização geográfica e sobretudo étnicos. Com isso, começaram a se evidenciar variações de sentido do termo caboclo. No entanto, antes de denotar uma condição étnico-racial, o termo caboclo é uma formação discursiva elaborada para inferiorizar um grupo de indivíduos no processo relacional e contrastante da construção das identidades – algo que fica evidente na região Sul do Brasil, influenciada pelos ideais progressistas característicos da política de colonização.

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