Tempo da Ciência
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Published By Universidade Estadual Do Oeste Do Parana - UNIOESTE

1981-4798, 1414-3089

2020 ◽  
Vol 27 (54) ◽  
pp. 25-37
Author(s):  
Taiza Gabriela Zanatta Crestani ◽  
Silvio Antonio Colognese ◽  
Paulo Ricardo Bavaresco

A construção social do conceito de “caboclo” está relacionada aos processos de erradicação do trabalho escravo e de promoção da imigração europeia para o Brasil. Trata-se de uma nomenclatura criada para dar conta da disseminação da “mistura de raças” cujas consequências levam ao fortalecimento dos estereótipos acerca da população mestiça brasileira. Caboclo surge como um termo de demarcação social que prioriza certas características físicas (mestiço de branco e índio, de pele acobreada e cabelo liso) e raciais (raça híbrida, inferior e degenerada). Posteriormente, as pesquisas empíricas desenvolvidas por Antropólogos e Sociólogos permitiram superar esta construção inicial, agregando fatores de classe, posição social, localização geográfica e sobretudo étnicos. Com isso, começaram a se evidenciar variações de sentido do termo caboclo. No entanto, antes de denotar uma condição étnico-racial, o termo caboclo é uma formação discursiva elaborada para inferiorizar um grupo de indivíduos no processo relacional e contrastante da construção das identidades – algo que fica evidente na região Sul do Brasil, influenciada pelos ideais progressistas característicos da política de colonização.


2020 ◽  
Vol 27 (54) ◽  
pp. 50-59
Author(s):  
Denize Refatti

Este artigo tem como mote principal descrever as relações existentes entre os sonhos e os Ava-guarani, refletindo principalmente sobre como os sonhos estão presentes na transmissão de saberes dos grupos de canto da aldeia indígena Ocoy, em São Miguel do Iguaçu – Paraná.   Considero que os sonhos são experiências coletivas que envolvem um conjunto de atividades, e possibilitam o acesso a um plano cosmológico que orienta a vida cotidiana. O artigo aponta para os modos como os cantos dos corais se afinam com a experiência onírica no que se refere aos conteúdos, às iniciações, à execução de instrumentos, entre outras dinâmicas que fazem parte das atividades dos grupos de canto.


2020 ◽  
Vol 27 (54) ◽  
pp. 11-24
Author(s):  
Lícia Helena de Oliveira Medeiros ◽  
Paulo Gracino Junior
Keyword(s):  

Esta pesquisa tem como objetivo central analisar os efeitos da privatização do sistema público de saúde no cotidiano do trabalho dos servidores públicos estaduais da saúde do Rio de Janeiro, suas implicações objetivas e subjetivas nas dimensões sociais, políticas e trabalhistas. O eixo central é compreender a construção do indivíduo pela nova atividade que realiza, a relação e a vivência com o novo trabalho e analisar os sentidos e significados atribuídos pelos atores ao atual contexto de ser trabalhador da saúde pública. Tal temática tem sido foco de constantes debates, principalmente entre os espaços acadêmicos, sindicais e setores públicos. O trabalho de campo foi realizado entre os anos de 2014 e 2017, e os atores sociais analisados formam o grupo de profissionais dispensados das unidades de saúde e encaminhados para realizar serviços burocráticos na Superintendência de Perícia Médica e Saúde Ocupacional do Rio de Janeiro. A observação participante possibilitou explorar as diferentes retóricas que cercam as principais questões que envolvem os atores sociais, as relações sociais e a precarização do trabalho. Para a coleta de dados, foram utilizadas, como base empírica, entrevistas de vinte e um participantes, que vivenciam a precarização das suas atividades profissionais. Eles falaram sobre satisfação pessoal; independência; autonomia; identidade; valor; relacionamento; e inserção e representação social. As análises dos dados denotam que as narrativas se entrelaçam e, do início ao fim da pesquisa, repetem as mesmas questões e expõem o mesmo conflito: o sofrimento, as incertezas, o medo, a vivência das atitudes hostis, e a flexibilização das atividades profissionais, tanto no micro como na macroestrutura.


2020 ◽  
Vol 27 (54) ◽  
pp. 6-10
Author(s):  
Vania Sandeleia Vaz da Silva

Antes de apresentar os artigos que foram reunidos para compor nosso Volume 27, Número 54, da revista Tempo da Ciência, referente ao segundo semestre de 2020, proponho uma breve reflexão a respeito das dificuldades enfrentadas por todas as pessoas, neste período de pandemia de COVID-19, que exige medidas de isolamento social e provoca mudanças significativas nas condições e modos de vida e trabalho de todas as pessoas no planeta. Sabemos que tais mudanças afetam de modo diferente quem já sofre com as assimetrias de poder, com as desigualdades sociais, com as dificuldades e conflitos em torno das opressões derivadas de formas equivocadas de lidar com as diversidades – de gênero, raça, etnia, religião, entre outras – e que isso impacta significativamente a produção acadêmica e intelectual, refletindo-se na significativa diminuição de “submissões” de artigos em geral e, especificamente, por parte de mulheres, por exemplo, considerando a sobrecarga de trabalho que têm sofrido neste período.Para contribuir com esse debate, apresento, a seguir, algumas estatísticas a respeito dos últimos 10 anos de publicação da nossa revista, para que possamos estimular ainda mais as acadêmicas e professoras orientadoras a submeterem seus artigos, ensaios e resenhas, de modo a tornarem nossa publicação ainda mais inclusiva e igualitária. Foi interessante realizar esse levantamento porque mostrou que, efetivamente e sem que tenhamos agido deliberadamente com vistas a equilibrar as publicações entre artigos escritos por mulheres e por homens, existe uma proporção aceitável, que nos alegra (O gráfico e a tabela apresentados comprovam).


2020 ◽  
Vol 27 (54) ◽  
pp. 1-5
Author(s):  
Vania Sandeleia Vaz da Silva

páginas iniciais


2020 ◽  
Vol 27 (54) ◽  
pp. 38-49
Author(s):  
Douglas Ferreira Gadelha Campelo

Neste artigo, parto do tema do parentesco e do conceito de sociedade na tentativa de problematizá-los através de contextos como o dos povos Tikmuun/Maxakali nos quais há constantes irrupções de conflitos que culminam em diluições das relações e das aldeias. Ao partir do parentesco, pretendo discutir a articulação inerente à sua natureza que é a de uma perspectiva vertical-diacrônica e uma segunda perspectiva horizontal-sincrônica. De um lado, temos as genealogias de parentesco – fenômeno eminentemente vertical, histórico e ligado à memória – e de outro, temos os usos cotidianos do parentesco – fenômeno eminentemente horizontal e ligado às implicações da proibição do incesto e do uso da linguagem. Ao observar a dialética da horizontalidade e da verticalidade no parentesco, tento problematizar o lugar do conflito entre essas duas linhas. Seguindo a noção de devir, proposta por Deleuze e Guatari, meu argumento é de que o conflito, com seu caráter intempestivo e criador, parece estar ligado a diagonais que atravessam as linhas da verticalidade e da horizontalidade.


2020 ◽  
Vol 27 (53) ◽  
pp. 1-6
Author(s):  
Vania Sandeleia Vaz da Silva

2020 ◽  
Vol 27 (53) ◽  
pp. 46-65
Author(s):  
Alex Martins Moraes
Keyword(s):  

Este artigo analisa como Bruno Latour e Sylvain Lazarus desenvolveram, cada um a seu modo, programas teórico-investigativos destinados a abordar os processos políticos a partir de sua consistência interna. Para eles, a política pode ser pensada a partir de si mesma, sem referência a nenhuma objetividade exterior a sua própria prática. Argumento que as teses de ambos os autores estão em descontinuidade com as principais tendências que pautaram a análise socioantropológica da política desde meados do século XX. Reviso o convite latouriano a pensar a política como um “modo de existência” caracterizado pela reiterada mediação do múltiplo no Uno em busca de uma representação unificada da heterogeneidade da multidão. Contrasto esta leitura com a antropologia lazariana das “singularidades subjetivas”, para a qual a política consiste na apresentação inédita de um poder-ser coletivo cuja sustentação ocorre por meio de prescrições compartilhadas e sem a necessidade de qualquer mediação representativa. A modo de conclusão, argumento que, no tocante à possibilidade de pensar a política politicamente, é Lazarus quem nos oferece a via de abordagem mais radical e promissora, posto que confere primazia ao momento prescritivo da ação coletiva, sem condicionar sua eficácia aos jogos de representação.


2020 ◽  
Vol 27 (53) ◽  
pp. 84-98
Author(s):  
Rayann Kettuly Massahud de Carvalho
Keyword(s):  

O objetivo do presente artigo é apresentar o modo com Enrique Dussel, autor vinculado ao pensamento decolonial, pode contribuir para a realização de uma reflexão sobre a ciência e os saberes modernos considerados como legítimos. Para isso, primeiramente, são apresentados e desvelados alguns mitos sobre a Europa, a modernidade, o conhecimento moderno e os direitos humanos. Em seguida, é abordada a relação entre o início da modernidade e a constituição do conhecimento moderno, ressituando o debate que inaugura a filosofia moderna. A partir disso, evidencia-se que o pensamento decolonial não nega a relevância do conhecimento eurocêntrico, mas propõe uma compreensão mais abrangente do que é conhecimento e exige que as distintas formas de saberes sejam compreendidas como interessadas e temporal-espacialmente determinadas.


2020 ◽  
Vol 27 (53) ◽  
pp. 117-128
Author(s):  
Cláudia Maria Serino Lacerda Muniz ◽  
Luciana Vedovato
Keyword(s):  

um dos grandes êxitos da Análise de Discurso (AD), de Michel Pêcheux, parece ter sido a construção de um dispositivo, metodológico, capaz de transpassar a superficialidade da língua, buscando a produção de sentidos, nela materializados, por sujeitos interpelados pela história e ideologia. Assim, busca-se, com este ensaio, refletir sobre as possíveis contribuições desta abordagem, aqui denominada AD, para os estudos discursivos desde (e para) a América Latina, a partir da ressignificação de alguns conceitos, na interface com a Teoria (De)colonial. A pesquisa se ampara nos indícios de que as Ciências Sociais vivem uma crise de paradigma, não dando mais conta de responder as problemáticas, geo-historicamente construídas, que afetam o mundo, especialmente os países do Sul, tornando-se necessário pensar epistemologias outras. Assim, tem-se como questões norteadoras: como pensar a AD desde (e para) o Sul? Quais os limites e as possibilidades de diálogo entre a AD, pecheutiana, e a Teoria (De)colonial? As análises se orientam por abordagem interdisciplinar, nas sendas da pesquisa qualitativa, combinando reflexão teórica, historiográfica e uma estratégia temporal que não é linear. Os resultados revelam que é possível uma aproximação entre ambas as perspectivas, desde que se reconheça o “lugar de fala” de cada teórico e se estabeleça um diálogo, horizontal, entre as teorias do Sul e do Norte.


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