um dos grandes êxitos da Análise de Discurso (AD), de Michel Pêcheux, parece ter sido a construção de um dispositivo, metodológico, capaz de transpassar a superficialidade da língua, buscando a produção de sentidos, nela materializados, por sujeitos interpelados pela história e ideologia. Assim, busca-se, com este ensaio, refletir sobre as possíveis contribuições desta abordagem, aqui denominada AD, para os estudos discursivos desde (e para) a América Latina, a partir da ressignificação de alguns conceitos, na interface com a Teoria (De)colonial. A pesquisa se ampara nos indícios de que as Ciências Sociais vivem uma crise de paradigma, não dando mais conta de responder as problemáticas, geo-historicamente construídas, que afetam o mundo, especialmente os países do Sul, tornando-se necessário pensar epistemologias outras. Assim, tem-se como questões norteadoras: como pensar a AD desde (e para) o Sul? Quais os limites e as possibilidades de diálogo entre a AD, pecheutiana, e a Teoria (De)colonial? As análises se orientam por abordagem interdisciplinar, nas sendas da pesquisa qualitativa, combinando reflexão teórica, historiográfica e uma estratégia temporal que não é linear. Os resultados revelam que é possível uma aproximação entre ambas as perspectivas, desde que se reconheça o “lugar de fala” de cada teórico e se estabeleça um diálogo, horizontal, entre as teorias do Sul e do Norte.