Da Nova República à nova direita: o bolsonarismo como sintoma mórbido
O presente trabalho está centrado em uma discussão a respeito da crise da Nova República no Brasil – tanto do ponto de vista institucional quanto de suas balizas orgânicas e ideológicas –, bem como da ascensão de novos grupos políticos nas primeiras décadas do século XXI abertamente identificados com uma direita reinventada, que encontraram na eleição de Jair Bolsonaro para a Presidência da República, em 2018, o desaguadouro institucional de uma longa disputa ideológica no seio da sociedade civil operada como guerra de posições. O argumento central desta reflexão reside na categorização da crise da Nova República como uma crise de hegemonia, e, portanto, do próprio pacto social de dominação política construído durante o processo de redemocratização das décadas de 1980 e 1990. Imerso em um interregno, o Brasil teria, no bolsonarismo, o principal sintoma dessa paralisia histórica.