scholarly journals Panorama da seca plurianual 2012–2018 no semiárido brasileiro: impactos hidrológicos, agrícolas e medidas de convivência

2021 ◽  
Vol 58 ◽  
Author(s):  
Yáscara Maia Araújo de Brito ◽  
Higor Costa de Brito ◽  
Iana Alexandra Alves Rufino ◽  
Cybelle Frazão Costa Braga

 O Semiárido Brasileiro compreende a região mais seca do Brasil. Embora diversas políticas públicas sejam implementadas para mitigação do fenômeno, os impactos associados à escassez hídrica ainda são bastante severos. Diante dessa justificativa, o artigo objetiva analisar a gravidade, duração e extensão espacial da seca plurianual 2012–2018, compará-la ao ciclo de recuperação não seco de 2018–2020, identificando impactos e relações intrínsecas com as decisões tomadas pelos gestores em diferentes níveis. Para esse fim, são utilizadas plataformas que monitoram o andamento do evento, seus impactos e as medidas de convivência adotadas para atenuar tais efeitos. O Monitor de secas indica que o pico de maior severidade acontece entre o final de 2016 e início do ano seguinte. A seca excepcional, que é a tipologia mais intensa, chega a atingir mais de 85% do território semiárido. Os impactos esperados para esse nível indicam escassez de água generalizada nos reservatórios. Essa perspectiva confirma-se quando observados dados do portal Olho N’água de variação do volume armazenado. No mesmo período, a reserva hídrica dos açudes do semiárido cearense, potiguar, paraibano e pernambucano atingem mínimosníveis, com registros que chegam ao volume morto. Para mitigar a sucessão de impactos ocasionados, tomadores de decisão nas escalas de atuação municipal, estadual e regional utilizam-se de medidas estruturais, entre as quais estão a construção de açudes, cisternas, perfuração de poços e distribuição de água por carros-pipa. Em contrapartida, raramente atentam-se à elaboração de planos de preparação para as frequentes secas. Apesar do avanço nos paradigmas de gestão, as primeiras medidas adotadas no século XIX, que consistiam na construção de infraestrutura hídrica, ainda são empregadas em larga escala. As políticas públicas voltam-se a mitigar efeitos já instaurados, ao invés de priorizar a gestão proativa, a partir da criação de gatilhos estabelecidos sob perspectivas de previsão e monitoramento do evento.

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