A Tradução para o português dos socioletos literários da trilogia Fundação, de Isaac Asimov
Dentre todos os temas estudados nas obras de ficção científica em geral, um dos mais negligenciados pela crítica literária parece ter sido a tradução das variedades sociolinguísticas, que constituem importantes elementos na composição da verossimilhança interna de seus universos fictícios. Como afirmado pela pesquisadora canadense Lane-Mercier (1997), os chamados “socioletos literários” podem manifestar diversos atributos de um personagem, seus valores e atitudes como: educação, origem, classe, etnia, gênero, poder, cultura, instituição, valores sociais e atitudes. O foco principal deste artigo reside em algumas das variedades sociolinguísticas utilizadas na trilogia da Fundação (“Fundação”, “Fundação e Império” e “Segunda Fundação”), de Isaac Asimov – um clássico da ficção científica futurística. A fim de compor personagens e civilizações mais verossímeis, Asimov fez uso literário de diferentes variedades sociolinguísticas, segundo a noção de socioleto literário. Dentre dos socioletos literários mais notáveis, foram analisados o tecnoleto religioso dos sacerdotes e o dialeto rural do personagem Narovi. Nossa análise se debruçou sobre a mais recente tradução para o português da trilogia Fundação (2009 - Aleph), realizada por Fábio Fernandes e Marcelo Barbão.