Lumina
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(FIVE YEARS 1)

Published By Universidade Federal De Juiz De Fora

1981-4070, 1516-0785

Lumina ◽  
2021 ◽  
Vol 15 (2) ◽  
pp. 22-36
Author(s):  
Gustavo Chataignier ◽  
Luiz Baez

Partindo da filosofia de G. W. F. Hegel, nomeadamente de sua ideia sobre a modernidade enquanto tempo de separações, bem como de seus escritos acerca da arte e da tragédia — sobretudo no que concerne à figura de Antígona —, este artigo investiga as operações cinematográficas empreendidas pelo diretor persa Asghar Farhadi no filme A separação (2011), vencedor do Oscar e de três prêmios no Festival de Berlim. Entende-se, para tanto, a obra não em continuidade com um cinema metarrealista e autorreflexivo característico do Irã nos anos 1990, mas antes em ruptura, como um retorno contemporâneo ao trágico. Esse regresso, em vez de simplesmente obedecer aos esquemas narrativos herdados da Grécia, insere-se no terreno de uma arte construída por distâncias e intervalos inaugurados por enquadramento e montagem. Nessa lógica, para além de seu referente imediato, um conflito judicial entre marido e esposa, a “separação” do título se universaliza, dizendo também respeito a processos entre indivíduo e Estado, vida e morte, diferenças de gênero e de classe ou, em última instância, à dialética fundadora do audiovisual, entre o audível e o visível.


Lumina ◽  
2021 ◽  
Vol 15 (2) ◽  
pp. 136-151
Author(s):  
Francisco Rüdiger

O artigo resume e analisa a trajetória das discussões da comunidade brasileira de pesquisadores em comunicação acerca do estatuto epistemológico de sua área de conhecimento, das origens, nos anos 1970, até o início do atual século, considerando em detalhe a contribuição de três autores: Eduardo Neiva, Tiago Quiroga e Efendy Maldonado. O estudo aponta a maneira como se passou do consenso sobre a sua interdisciplinaridade, marcante na primeira etapa, para a reivindicação de sua autonomia científica, característica do período mais recente, via o emprego dos conceitos de disciplina e transdiciplinaridade. A pesquisa é documental e a estratégia metodológica da análise recorre à reconstrução racional da argumentação encontrada nos materiais que permitiram à autoria mapear as transições epistemológicas acima indicadas. Adotando como como ponto de partida a análise do trabalho de Neiva, o texto segue detalhando as teses e os problemas das empresas de Quiroga e Maldonado. A condução do raciocínio apresenta argumentos semeadores de dúvida e, evitando externar tese própria, defende, em conclusão, que se veja com ceticismo as postulações feitas ao longo deste movimento em conjunto, a despeito delas terem esboçado escola após 2000. 


Lumina ◽  
2021 ◽  
Vol 15 (2) ◽  
pp. 191-211
Author(s):  
Tarcízio Macedo

Este artigo endereça uma discussão acerca das armadilhas na cultura da convergência e da participação, com destaque ao debate sobre os movimentos de apropriação lucrativa do tempo de lazer de fãs (e a retenção de sua atenção) para a conversão de atividades online prazerosas em forças de trabalho gratuito. Tomando o contexto das culturas participativas na cultura da conectividade e do capitalismo tardio, cognitivo e de plataforma, seu intuito é se debruçar tanto na dinâmica comunicacional sob a retórica da participação, quanto defender que essas formas de participar podem ser vistas como atividades laborais informais, convertidas em modalidades de trabalho gratuito e precarizado encoberto como entretenimento e lazer. A partir de uma aproximação com a economia política, este trabalho busca entender o custo (às custas) da participação, enquanto retórica deslocada do imaginário do movimento contracultural para favorecer o projeto neoliberal. O resultado desse esforço aponta para a existência de uma sociodinâmica das culturas participativas. A procura por uma compreensão desse fenômeno revela formas e práticas de participação na internet, além de revelar a estrutura e arquitetura de exploração de uma rede de atividades laborais nas culturas participativas. Essa proposta oferece uma maneira de decupar elementos, práticas e atores que atuam na tessitura desse social.


Lumina ◽  
2021 ◽  
Vol 15 (2) ◽  
pp. 72-85
Author(s):  
Kelsma Maria Silva Gomes ◽  
João Batista Freitas Cardoso ◽  
Priscila F. Perazzo ◽  
Bárbara Heller
Keyword(s):  

O artigo visa discutir a produção da memória amordaçada a partir das discussões da memória, da história e do silenciamento sobre o massacre do Caldeirão da Santa Cruz do Deserto, episódio da história do Ceará, estado do Nordeste brasileiro, ocorrido há menos de um século em uma comunidade sociorreligiosa liderada pelo beato José Lourenço, na região do Cariri, em 1937. A pesquisa se sustenta na categoria de memórias subterrâneas de Michel Pollak, para entender como a história do massacre ficou silenciada, mas não esquecida. O corpus de análise é composto por relatos de três remanescentes que guardaram o acontecimento na memória, mesmo não tendo tido ação direta no episódio. As narrativas orais dos episódios permitiram entender os processos pelos quais a memória social é amordaçada e como vem à superfície. Entende-se que o massacre do Caldeirão da Santa Cruz do Deserto pode ser considerado como uma dessas histórias do tempo presente, porque conta com as lembranças de personagens, daqueles que atuaram, viveram ou mesmo testemunharam os acontecimentos. No entanto, é uma memória amordaçada, visto que foi silenciada de modo violento.


Lumina ◽  
2021 ◽  
Vol 15 (2) ◽  
pp. 175-190
Author(s):  
Adilson Vaz Cabral Filho ◽  
Jaqueline Suarez Bastos

Com as chamadas Jornadas de Junho de 2013, uma série de transformações ocorridas no cenário político brasileiro incidiu também na reconfiguração de iniciativas de produção e circulação de grupos de mídia alternativa, afetando modos de atuação política e a conformação de movimentos sociais contemporâneos. Tendo em consideração essas mudanças, busca-se propor uma nova classificação ao conjunto dessas iniciativas, tendo o viés alternativo como articulador que reforçam dimensões independente, comunitária ou contra-hegemônica, que passaram a originar novos fluxos de produção e circulação de conteúdos, não apenas mobilizadores de alternativas midiáticas, como de um questionamento que se passou a fazer na prática e em processos cotidianos de atuação articulada com as várias frentes de ação presentes. Com base nesse panorama inicialmente traçado e a partir de pesquisas bibliográfica e documental, são analisadas duas iniciativas que trabalham com um refazer jornalístico afirmado pela alternativa no posicionamento e independência nas práticas jornalísticas dos coletivos de mídia: os coletivos Ponte Jornalismo e Jornalistas Livres. A pesquisa parte do acompanhamento da atuação dessas iniciativas na produção de conteúdos jornalísticos, além de entrevistas com seus realizadores.


Lumina ◽  
2021 ◽  
Vol 15 (2) ◽  
pp. 103-119
Author(s):  
Denise Cristina Ayres Gomes ◽  
Renata Rezende Ribeiro

O artigo pertence a uma pesquisa ampliada que investiga a representação da pandemia da Covid-19 no Brasil como fotografia de um país atravessado pelo imaginário da morte (incluindo sua banalização). A partir de fragmentos audiovisuais, por meio de reportagens do Jornal Nacional, nas edições do mês de janeiro de 2021, a proposta, neste texto, é refletir sobre o hospital como constructo simbólico, levando em conta a narrativa midiatizada do cotidiano brasileiro, que é sintoma (e se torna memória) de um país em crise. O objetivo é demonstrar como tais narrativas organizam e desorganizam estruturas de sentido, constituindo um imaginário coletivo (MAFFESOLI; SILVA) de uma época. Para fins heurísticos, a metodologia combina percurso bibliográfico, pesquisa exploratória e análise de conteúdo, levando em conta a base teórica de narrativa (segundo RICOEUR), considerando-a como mediação que desenvolve a materialidade do sentido da própria experiência. No corpus de 36 ocorrências, verificamos que as câmeras devassam o espaço hospitalar, evidenciando o que até então concernia à intimidade: os doentes e mortos são espiados de formas dramáticas e celebratórias. As narrativas midiáticas revelam o imaginário disruptivo que será, em parte, constituidor da memória da nação.  


Lumina ◽  
2021 ◽  
Vol 15 (2) ◽  
pp. 55-71
Author(s):  
Felipe Adam ◽  
Antonio Hohlfeldt

Este artigo apresenta observações preliminares e exploratórias sobre investigação em andamento, realizada junto ao doutorado em Comunicação Social da PUCRS. O estudo se propõe a apresentar uma radiografia de livros cujo foco sejam biografias, postas à venda no mercado editorial brasileiro. O problema de pesquisa, que serve de norte para o trabalho, é: quem merece ser resgatado do passado? Para isso, será apreciado o catálogo virtual do Grupo Companhia das Letras e do Grupo Editorial Record, no período de 1990 a 2020. Nelas, foram encontradas 558 e 495 obras, respectivamente, na categoria “Biografia & Autobiografia”. O levantamento também evidenciou o número de homens e mulheres que biografam e/ou são biografados no país. Por meio do debate a respeito da noção de arquivo (ASMANN, 2011; FOUCAULT, 2008; FIGUEIREDO, 2017) e memória (HALBWACHS, 1990; POLLAK, 1989) — no tópico nomeado como A memória como silêncio (ou apagamento) do passado — e estudos relacionados ao feminismo (DALCASTAGNÈ, 2012; PERROT, 2005), na seção intitulada A resistência frente à invisibilidade, o texto conclui que é necessário questionar a cultura que se consome no Brasil, através das obras biográficas. Isso porque é possível inferir certo preconceito velado, onde a diversidade é camuflada e o espaço, sutilmente limitado.


Lumina ◽  
2021 ◽  
Vol 15 (2) ◽  
pp. 120-135
Author(s):  
Monica Rebecca Ferrari Nunes ◽  
Marco Antônio Bin

Este artigo é resultado parcial de pesquisa em curso no CNPq sobre memória do futuro e seus códigos. Problematizam-se as ocorrências de ucronias, utopias e heterotopias no espaço sociopolítico e cultural brasileiro. A pesquisa, como um todo, tem como objetivo investigar se tais construções podem funcionar como códigos para configurar e conceituar memória do futuro. No presente trabalho, parte-se da leitura do semioticista de Tártu-Moscou, Iuri Lotman, sobre Clio, a musa da história, para relacioná-la à memória. Entende-se a memória em seus aspectos comunicativos e culturais, isto é, como propriedade da semiosfera — espaço dos signos culturais — assim como dos textos gerados neste continuum semiótico. Como objeto empírico, apresentam-se alguns aspectos e exemplos de assentamentos do MST. Especificamente neste trabalho, tem-se como objetivo verificar como ucronias, utopias e heterotopias tomam parte do histórico e de ações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. A fundamentação teórico-metodológica se vale da Teoria Semiótica de Tártu-Moscou para explicitar os conceitos de semiosfera, memória, texto, assim como de autores das Ciências Sociais e Humanas, tais quais Celso Furtado, Lúcio Kovarick, Darcy Ribeiro, entre outras pesquisas na área, como a discussão sobre rurbanidade com Beatris Duqueviz. O trabalho apresenta igualmente o conceito de retrofuturismo com base nas reflexões do filósofo Elie During e do artista plástico Alain Bublex, para tratar de um modo de configuração temporal que dialoga com a existência das ucronias. Espera-se demonstrar que nos assentamentos do MST ucronias, utopias e heterotopias podem funcionar como códigos para a memória do futuro ao encontro de Clio.


Lumina ◽  
2021 ◽  
Vol 15 (2) ◽  
pp. 37-54
Author(s):  
Thiago Soares ◽  
Pedro Alves

Performances nostálgicas são centrais para o entendimento das construções valorativas nas músicas populares periféricas brasileiras. O artigo busca analisar como a nostalgia é performatizada na música brega de Pernambuco, a partir de um debate que incide em reconhecer roteiros perfomáticos (TAYLOR, 2013) e acionamentos nostálgicos (BOYM, 2001) como forma de reinserção de artistas “esquecidos” no contexto de intensa jovialização do gênero musical. Centra-se o olhar sobre a banda Amigas do Brega, projeto que visa a reinserção de artistas “das antigas” nos mercados musicais local e nacional intensamente jovializado a partir da emergência das práticas digitais de consumo musical sobretudo após a consagração do bregafunk. Entende-se que a ausência de arquivos e de marcadores históricos da música brega opera sobre a disputa por espaços de memória em que a corporificação do passado atua como importante capital para artistas musicais. A análise centra-se num espetáculo registrado em DVD e disposto na plataforma de vídeos YouTube a partir das categorias de nostalgia restauradora e reflexiva, propostas por Boym, apontando zonas tensivas entre memória e esquecimento nas negociações performáticas que emergem nas músicas populares periféricas brasileiras.


Lumina ◽  
2021 ◽  
Vol 15 (2) ◽  
pp. 86-102
Author(s):  
Julyana Cabral Araújo ◽  
Otávio Oliveira Silva ◽  
Flávio Luiz de Castro Freitas ◽  
Dimas dos Reis Ribeiro

O presente trabalho tem por objetivo analisar a representação da morte entre indivíduos e o espaço cemiterial na baixada maranhense, com base no capítulo IV, A memória coletiva e o espaço, da obra A Memória Coletiva de Maurice Halbwachs (1990). Diante disso, nos questionamos: como o pensamento de Halbwachs nos possibilita pensar a relação da memória dos indivíduos sobre a morte no espaço cemiterial da Baixada Maranhense? Para alcançar o objetivo proposto e responder a esta questão, adotamos o seguinte percurso metodológico: realizamos análises de diários de campos e imagens produzidas como fontes históricas pelo pesquisador; fizemos a analogia com as relações vivenciadas no espaço cemiterial. Por fim, concluiu-se que a ligação entre teoria e prática dos estudos de Halbwachs sobre memória coletiva contribuem com a interpretação social das significações do espaço atribuídas pelos grupos aos seus lugares de vivência. No espaço cemiterial da Baixada Maranhense, pensar a memória da morte dentro da complexa rede de relações coletivas significa perceber que nenhuma lembrança dos mortos pode vir a existir senão por meios dos objetos criados pelo homem. As formas de sepultamentos e os locais destinados aos mortos, além de estarem dentro de um contexto histórico próprio, possuem suas particularidades delineadas através dos objetos materiais, sobretudo, os cofos e as velas


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