A contemporaneidade é marcada por diversos discursos que, via de regra, marginalizam grupos minoritários, contribuindo para a perpetuação de vários ideais como únicos. Em obras literárias que possuem um nítido diálogo com a história, verificamos que essas múltiplas vozes, outrora silenciadas, passam a ganhar destaque, no romance contemporâneo, com o propósito de retomar e reelaborar acontecimentos passados e sua repercussão no presente. Em face de tais pressupostos, elegemos como corpus de análise o romance brasileiro K.: relato de uma busca (2016), de Bernardo Kucinski, com o objetivo de investigar e discutir as especificidades dos narradores, nessa forma literária particular, em sua estreita relação com a forma social, conciliando fenômeno literário e interpretação político-histórica. Esse objetivo é cumprido por meio da análise imanente do texto narrativo e do método materialista histórico-dialético. Como aporte teórico, recorremos às conceituações teóricas de romance histórico de György Lukács (2011) e às discussões de Figueiredo (2017), Lessa (2014), Caetano (2016), entre outros.