Século XXI - Revista de Ciências Sociais
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Published By Universidade Federal De Santa Maria

2236-6725, 2179-8095

2020 ◽  
Vol 10 (1) ◽  
pp. 21-44
Author(s):  
Cinzia Arruzza ◽  
Patrick King
Keyword(s):  

Ainda que os escritos de Daniel Bensaïd sobre marxismo, a estratégia socialista e a temporalidade histórica tenham atraído mais atenção nos anos que se seguiram à sua morte, houve poucas tentativas de examinar sua análise de classe. Este artigo pretende corrigir essa lacuna situando os vários textos de Bensaïd sobre a teoria de classes com outras reinterpretações de classe na tradição marxista que buscam evitar o determinismo sociológico, a saber: a perspectiva da formação de classes em E. P. Thompson e a metodologia de composição de classe no operaísmo italiano. Ao traçar essas articulações, sugerimos que a concepção de classe de Bensaïd está historicamente enraizada e atenta ao conflito aberto e aos múltiplos terrenos da luta de classes.


2020 ◽  
Vol 10 (1) ◽  
pp. 07-20
Author(s):  
Henrique Amorim ◽  
Leandro Galastri

Daniel Bensaïd, cujo falecimento completou dez anos em 2020, é autor de obra notória por contribuições originais ao materialismo histórico. Ao propor este dossiê em sua homenagem, consideramos, ao mesmo tempo, atender as necessidades contemporâneas de renovação do pensamento social crítico. Como introdução às contribuições de colegas estudiosos do pensamento de Bensaïd, oferecemos também uma reflexão inicial sobre a questão geral das classes sociais na obra do filósofo francês.


2020 ◽  
Vol 10 (1) ◽  
pp. 103-144
Author(s):  
Gustavo Seferian

O presente artigo pretende abordar a obra de Daniel Bensaïd expondo os principais indutores de reflexão e contribuições críticas ao uso instrumental dos Direitos Humanos. Utilizando-nos do repertório dedutivo, e pautando-nos no revolvimento textual de autoria do militante-filósofo, o artigo (i) demonstra como o tema dos Direitos Humanos atravessa a obra de Bensaïd, marcado pela conjuntura e se articulando com outros grandes temas de sua vida, expondo as bases elementares de sua formulação; (ii) evidencia o quanto os Direitos Humanos são percebidos em sua obra como uma promessa burguesa inconclusa, que reclamam seu reconhecimento enquanto marco progressivo, ao mesmo tempo que limitado, da disputa política na modernidade; (iii) destaca como tal se manifestou no transcurso da Revolução Francesa no particular tocante às e aos não-proprietários, escravizados e mulheres; sinalizando ainda (iv) o modo como em momentos sócio-históricos distintos a defesa dos Direitos Humanos é instrumentalizada como modo de afirmação imperialista, reclamando particulares e cuidadosas abordagens na contemporaneidade, sobretudo ante a escalada do que chamou de “guerra ética”.


2020 ◽  
Vol 10 (1) ◽  
pp. 263-300
Author(s):  
Antonio Teixeira de Barros ◽  
Elisabete Busanello ◽  
Anderson Henrique da Silva ◽  
Antônio Alves Tôrres Fernandes

Como as eleitoras brasileiras avaliam a representação política feminina? A sub-representação feminina seria um problema para elas? Com base nessas questões, o artigo analisa as percepções do eleitorado feminino obtidas por meio de survey, com 812 informantes, em 2019. Os principais resultados mostram insatisfação das mulheres  com o número de representantes femininas na política, desaprovação das instituições legislativas municipais, estaduais e do Congresso Nacional quanto à atuação parlamentar voltada para as mulheres. Apenas 10% das respondentes conhecem algum partido político que defenda os interesses e direitos das mulheres.


2020 ◽  
Vol 10 (1) ◽  
pp. 79-102
Author(s):  
Sameh Dellaï

Este texto é uma leitura de Marx l’Intempestif de Daniel Bensaïd que visa a abordar as tensões entre os tempos e os seus desacordos, e finalmente, não pode esquivar a lógica bensaïdiana desenvolvida nesta obra La Discordance des temps. O vocabulário e a lógica do secundo não são estranhas ao primeiro. Podemos afirmar que Marx l’Intempestif parece até certo ponto como a lógica própria da Discordance des Temps. Publicados no mesmo ano, eles são afinal gémeos, dois gémeos idênticos.


2020 ◽  
Vol 10 (1) ◽  
pp. 55-78
Author(s):  
Fabio Mascaro Querido

Nascido em 1946, em Toulouse, na França, Daniel Bensaïd iniciou a sua trajetória política e intelectual nos anos 1960, em meio à luta contra a guerra do Vietnã, e, em março-junho de 1968, sob as hostes da espetacular revolta juvenil e da maior greve operária da história do país. Desde então, tornou-se uma das principais vozes da esquerda radical francesa, mantendo, ao mesmo tempo, uma presença intelectual singular, que sempre transcendeu as fileiras da sua agremiação política. O objetivo deste artigo é problematizar alguns momentos fundamentais do itinerário político e intelectual de “juventude” de Daniel Bensaïd, isto é, dos anos 1960 até a segunda metade da década de 1980. Período menos conhecido da sua trajetória, ele é decisivo para o dimensionamento da virada benjaminiana pela qual passaria no final dos anos 1980. Embora sob os limites do enquadramento militante, é possível observar em germe, em seus textos dessa época de juventude, alguns dos traços que, a partir de 1989, seriam centrais na sua reflexão, ajudando-o a se consolidar como um intelectual reconhecido na sociedade francesa, para além do público ligado à esquerda radical.


2020 ◽  
Vol 10 (1) ◽  
pp. 173-215
Author(s):  
Thiago Trindade de Aguiar

O artigo apresenta algumas conclusões de pesquisa sobre a Vale S.A. conduzida no Brasil e no Canadá. Em particular, por meio da exposição de entrevistas e pesquisa de campo conduzidas neste último país, são analisadas questões como 1) a transnacionalização em curso da Vale e seu movimento de expansão internacional em anos recentes; 2) a estratégia de relações de trabalho e sindicais da empresa, que busca o enfraquecimento e o isolamento dos sindicatos, evitando ameaças ao poder corporativo; 3) a reestruturação das operações da Vale no Canadá e as mudanças promovidas na relação com o sindicato e com os trabalhadores locais, baseadas na estratégia de relações de trabalho desenvolvida historicamente pela empresa no Brasil, que levou à mais longa greve (2009-2010) no setor privado canadense em 30 anos. A investigação baseou-se em abordagem etnográfica e comparativa inspirada na “metodologia do estudo de caso ampliado” (Burawoy, 2009).


2020 ◽  
Vol 10 (1) ◽  
pp. 145-172
Author(s):  
Stavros Tombazos

Daniel Bensaïd revela um “outro” Marx, um Marx que não reproduz a “mecânica” de seu tempo em seu próprio campo de investigação. A história não se reduz a uma sucessão de modos de produção. Não é teleológica. O presente é a temporalidade dominante porque inclui o leque de possibilidades da evolução futura, bem como as chaves que abrem os cofres do passado. O passado não é uma temporalidade simplesmente desaparecida, porque assombra o presente. Ele reaparece de forma modificada na modernidade capitalista, na forma de “contratempos”, “anacronismo”, “irregularidades”. A modernidade é um espaço diferenciado e hierárquico de temporalidades mistas e discordantes. A duraçãonão funciona como uma causa, mas como uma oportunidade. É neste contexto que devemos pensar a revolução, que nunca é “madura”: é essencialmente intempestiva, intervém “entre jamais e ainda não”. A aposta histórica é melancólica: é sempre uma questão de não aceitar a derrota, dando-lhe um caráter definitivo.


2020 ◽  
Vol 10 (1) ◽  
pp. 45-54
Author(s):  
Michael Löwy

Entre os méritos de Daniel Bensaid, destaca-se o fato de ter introduzido no léxico marxista um novo conceito: bifurcação. Rosa Luxemburgo já havia comentado, na Brochura de Junius de 1915, de socialismo ou barbárie. Mas a abordagem da Bensaid vai além. Sua releitura de Marx, à luz de Blanqui, Benjamin e Charles Péguy, levou-o a conceber a história como uma série de entroncamentos e bifurcações, um campo de possíveis em que a luta de classes ocupa um lugar decisivo, mas cujo resultado é imprevisível. Refratária ao desdobramento causal dos fatos ordinários, a revolução é uma interrupção. Ela não é garantida pelas “leis da história” e deve ser objeto de uma aposta, no sentido pascaliano, revisada e corrigida pelo marxista Lucien Goldmann, ele próprio revisado e corrigido pelo marxista Daniel Bensaïd.


2020 ◽  
Vol 10 (1) ◽  
pp. 216-262
Author(s):  
Diego Moreira Maggi
Keyword(s):  

O objetivo do artigo é analisar como a gestão da imagem das marcas participa das múltiplas dimensões da estratégia das corporações, desde a concepção até a fabricação dos produtos, passando pela publicidade. Para tal, é apresentado o caso da MAN Latin America, empresa do Grupo Volkswagen que comercializa caminhões e ônibus de ambas as marcas: MAN e Volkswagen. Sua fábrica, localizada no município de Resende, no Estado do Rio de Janeiro, foi construída a partir do modelo de consórcio modular. Este artigo busca demonstrar como há uma divisão de trabalho pela qual as firmas fornecedoras de peças são responsáveis diretamente pela fabricação dos veículos, enquanto que a MAN Latin America concentra-se em atividades de controle de informações, marketing, design, pesquisa e desenvolvimento (PD) e, no cruzamento dessas atividades, gestão de marcas. Tal divisão parece compôr a tendência de reconfiguração das redes globais de produção (RGP) pela qual a concentração de marcas, propriedade intelectual e demais ativos intangíveis exercem cada vez mais importância para a acumulação capitalista.


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