Como podemos conhecer a prática da educação museal no Brasil em tempos de pandemia de Covid-19? Relato de uma pesquisa colaborativa

O presente relato descreve o desenvolvimento de uma pesquisa realizada junto a educadores museais brasileiros, que visava conhecer as situações experienciadas por estes profissionais nos primeiros meses de pandemia de Covid-19 no Brasil, quando os museus foram fechados à visitação pública. A pesquisa foi feita de maneira colaborativa e voluntária, em duas rodadas, entre os meses de abril e junho de 2020, e contou com respostas de 266 pessoas de todas as cinco regiões do Brasil. Neste texto reportamos os desafios metodológicos das pesquisas sobre educadores de museus no Brasil, refletindo sobre as possíveis causas das fragilidades de pesquisas sobre profissionais de museus no Brasil, apresentamos dados referentes às relações e vínculos de trabalho, bem como aos anseios dos educadores museais perante ao novo contexto decorrente da pandemia. Neste cenário, destaca-se a percepção sobre a necessidade de formação para a realização de ações educativas digitais/remotas. Pretendemos assim, contribuir para o desenvolvimento epistemológico de pesquisas sobre educadores museais no Brasil.

Lineamientos ambientales para el manejo de proyectos y actividades de carácter cultural y artístico en la zona costera colombiana: El caso del proyecto “Jardín de Medusas”

En Colombia, las autoridades ambientales y el sector cultural carecen de un modelo teórico e instrumento administrativo que atienda las implicaciones ambientales asociadas al desarrollo de proyectos o actividades artísticas y culturales en la zona costera. Al respecto, el presente texto evidenciará el vacío legal y técnico existente, y aplicará la metodología de estudio de caso para realizar un aporte a la gestión ambiental a partir de la experiencia referida al proyecto “Jardín de Medusas” del Museo de Arte y Medio Ambiente MuMar, Cartagena de Indias, que se presenta como cinco esculturas de madera y concreto sumergidas en zona de baja mar en la isla de Barú, pensadas para funcionar como arrecifes artificiales.

FEIRA DO PATRIMÔNIO: uma experiência de educação patrimonial no Delta do Parnaíba| Piauí | Meio Norte do Brasil

A Feira do Patrimônio é uma iniciativa do Programa de Pós-Graduação em Artes, Patrimônio e Museologia da Universidade Federal do Piauí e Universidade Federal do Delta do Parnaíba. Tem periodicidade anual e tem natureza itinerante, percorre diferentes cidades na região Meio Norte do Brasil. Faz parte do Plano Museológico do Museu da Vila, do Programa Educativo Cultural, como um dos projetos e ações. Destina-se aos mais variados públicos com interesse nas temáticas relacionadas às artes, patrimônios, museus, turismo, meio ambiente, tecnologias sociais etc. Desde 2016, a equipe executiva do projeto é formada por alunos, professores e técnicos-administrativos do Mestrado, inspirados em boas-práticas de ações semelhantes que ocorrem em países como Portugal, Espanha. A equipe desenvolve uma programação diversificada com conferências, rodas de conversa, oficinas, minicursos, comunicações orais, apresentações artísticas, turismo cultural. A Feira permite estabelecer conexões entre comunidades, universidades e demais instituições, com o objetivo de promover, valorizar e comunicar o Patrimônio Cultural. Com o objetivo de potencializar as ações deste projeto, construímos uma pesquisa-ação e reconstituímos a memória crítica e descritiva da Feira do Patrimônio, identificando e estudando suas edições anteriores, com análise das etapas de elaboração (planejamento, execução e pós-produção), construindo relatos de experiência ao longo da edição de 2019, quarta edição. Construímos um website da Feira que serve como um portfólio digital, com detalhes em pormenor de cada edição, portanto registros que potencializam a apresentação e divulgar da ação. Para a construção da memória descritiva foram realizadas consultas junto à coordenação do Programa de Pós-graduação, além de pesquisas bibliográficas e documentais. A análise foi efetuada a partir da aplicação de questionários junto ao comitê de organização das feiras anteriores (2016, 2017 e 2018) e com os participantes da última edição realizada em 2019. Usamos a técnica da análise SWOT, a partir dos resultados obtidos nessa avaliação com as equipes. Os dados coletados mostram de uma maneira geral que a ação educativa e cultural tem expressão e impacto social, cumpre objetivos e metas descritas no projeto da Feira. A imersão no processo criativo dessa ação possibilitou verificar os aspectos que podem ser aprimorados para garantir maior impacto e continuidade para as próximas edições, dentre eles destacamos a necessidade de fortalecer o plano estratégico para captação de recursos e comunicação. Face aos desafios observados, acreditamos que a construção do portfólio digital (website) é uma ferramenta estratégica, um cartão de visitas que potencializa, divulga, promove os trabalhos realizados nesses quatro anos, aumenta a rede de contatos, fortalece a marca do projeto, atrai novos públicos e parceiros.

FERROVIAGEM: uma proposta artística para avivar a memória coletiva ligada aos trens no Ceará

Diante da importância que as ferrovias tiveram na construção de nossa sociedade contemporânea e o traumático corte de investimento que este meio de transporte popular sofreu no final do século XX, principalmente na região do nordeste brasileiro, apresentamos neste artigo uma ação artística, denomindada Ferroviagem que se propôs a expandir a fotografia enquanto um “objeto museológico” para a formação de um laço de união entre arte, tecnologia e memória através da projeção mapeada. Ferroviagem une fotografia, instalação sonora e arquitetura abrindo novas possibilidades de repensar o patrimônio arquitetônico ligado às vias férreas do estado do Ceará e para, além disto, ativar memórias coletivas na comunidade. Trata-se de uma ação de coleta de fotografias históricas para despertar sentimentos, memórias e afetos ligados aos trens naquela cidade. Como resultado desta ação se observou uma mudança na política de conservação daquele patrimônio por parte da prefeitura local.

Processo de musealização das coleções do Museu Virtual do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro – IF UFRJ

O tema do estudo é o Museu Virtual do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IF UFRJ), um espaço cibernético voltado para a memória institucional do IF UFRJ, que em 2021 fez 57 anos, e ocupa um lugar de destaque entre as instituições de ensino e pesquisa no Brasil que reverbera no exterior. Aponta uma problemática contemporânea a respeito da virtualidade nos museus e a organização de conteúdos dos acervos materiais e virtuais. A pesquisa tem como objetivo atualizar e revisar o tópico – instrumentos científicos - que compõem a ferramenta de disseminação da informação; ou seja, Museu Virtual do IF UFRJ. Concluí-se que todos os objetivos traçados para o estudo foram cumpridos, o serviço online está atualizado, com o conteúdo revisado e dentro dos padrões de uma ferramenta de disseminação da informação voltada para o campo da Física e áreas afins.

Caminhos da Museologia na Pós-Graduação: o caso do PPG- PMUS

O artigo apresenta os caminhos trilhados pela pós-graduação em Museologia no Brasil com o objetivo de consolidar essa disciplina no campo científico, a partir de uma investigação de caráter exploratório e descritivo, e que teve como suporte metodológico as seguintes abordagens: pesquisa e revisão bibliográfica e documental; e análise de conteúdo do material pesquisado. Para tal, apresenta como as duas formas de capital científico – institucionalizado e “puro” - podem ser referências na análise do processo da Pós-Graduação no Brasil, em especial no estudo de caso do Programa de Pós-Graduação em Museologia e Patrimônio, no Rio de Janeiro; e também procura analisar o fenômeno da interdisciplinaridade que perpassa esse processo. As considerações finais reforçam que, mesmo não tendo uma autonomia comparada a outras áreas, a Museologia lutou e jogou as regras do campo científico quando seus atores reivindicaram para si um objeto de estudo, e isso ocorreu exatamente na esfera dos campos científico e universitário, quando se estabeleceram cursos de Museologia; e inúmeros esforços foram realizados para consolidá-la como disciplina científica por meio da produção e disseminação de conhecimentos específicos, e ocupar lugar no espaço de maior prestígio de conhecimento acadêmico: a pós-graduação.

O patrimônio ferroviário em São Leopoldo – entre a lembrança e o esquecimento

O artigo tem como proposta pesquisar os sentidos e as representações que os resquícios do patrimônio ferroviário da cidade de São Leopoldo têm para alguns moradores da cidade e funcionários da estrada de ferro. O município mantém alguns vestígios da ferrovia, apesar do abandono e do processo de deterioração que estão sofrendo desde a década de oitenta. Atualmente, esses fragmentos servem de sociotransmissores das memórias e histórias da trajetória da estrada de ferro e que por meio das narrativas dos entrevistados são constantemente relembradas. Portanto, ao discorrer sobre o assunto inevitavelmente se falará sobre o abandono de alguns bens ferroviários da cidade de São Leopoldo considerando as questões de memória e do esquecimento e deste modo e, talvez, pensar sobre possíveis potencialidades do patrimônio da estrada de ferro para a construção do conhecimento histórico.

Bibliotecários e cientistas versus insetos bibliófagos: o combate em acervos culturais

O artigo apresenta um breve panorama sobre as pesquisas e ações de bibliotecários e pesquisadores no combate aos insetos bibliófagos, usando os conceitos de pegadas e rastros, de Elizabeth Jelin, representados por documentos e registros que podem ser seguidos para reelaborar estas memórias, que se iniciam no século XIX até o XX. Desde a antiguidade, a preservação de documentos já era uma preocupação e muitos produtos e técnicas foram usados para a sua proteção. De soluções empíricas a pesquisas científicas, este campo do conhecimento se desenvolveu a partir do final do século XIX, envolvendo estudiosos europeus e americanos, que disseminaram suas pesquisas através de congressos e publicações técnicas. Muitas destas pesquisas influenciaram pesquisadores brasileiros que, em conjunto com profissionais da Biblioteca Nacional, adaptaram e aplicaram estes conhecimentos para combater os insetos, através de produtos e técnicas de desinfestação. Muitos pesticidas apareceram depois da década de 1940 como solução para o controle e combate aos insetos. Após anos de uso indiscriminado no meio rural e urbano, assim como em instituições culturais, estes produtos foram sendo abolidos de arquivos, bibliotecas e museus a partir da década de 1990. Com uma visão preservacionista de proteção aos usuários, ao meio ambiente e ao acervo, os pesticidas foram sendo substituídos por processos anóxios na Biblioteca Nacional, amparando suas escolhas no conhecimento científico e aproximando as áreas da entomologia, biblioteconomia e da preservação cultural.

Lineamientos ambientales para el manejo de proyectos y actividades de carácter cultural y artístico en la zona costera colombiana: El caso del proyecto “Jardín de Medusas”

En Colombia, las autoridades ambientales y el sector cultural carecen de un modelo teórico e instrumento administrativo que atienda las implicaciones ambientales asociadas al desarrollo de proyectos o actividades artísticas y culturales en la zona costera. Al respecto, el presente texto evidenciará el vacío legal y técnico existente, y aplicará la metodología de estudio de caso para realizar un aporte a la gestión ambiental a partir de la experiencia referida al proyecto “Jardín de Medusas” del Museo de Arte y Medio Ambiente MuMar, Cartagena de Indias, que se presenta como cinco esculturas de madera y concreto sumergidas en zona de baja mar en la isla de Barú, pensadas para funcionar como arrecifes artificiales.

Visitar museus: um hábito socialmente construído e desconhecido pelos turistas

Esta pesquisa está ancorada na hipótese de que os museus franceses, equipamentos inseridos nos roteiros turísticos e culturais, produzem exposições temporárias, que, de maneira geral, não atraem tanto a atenção dos turistas de massa, mas sim dos moradores locais e dos turistas franceses, que buscam apreciar e conhecer, de uma só vez, um conjunto de obras. O objetivo deste artigo é compreender como essa dinâmica de visitação de exposições temporárias em museus é socialmente construída. Para tanto, olha para a realidade parisiense (uma das mais significativas do mundo em termos de atividades museais) e busca identificar o perfil majoritário do público das exposições temporárias realizadas nos anos de 2017, 2018 e 2019. O estudo fez uso da pesquisa de natureza qualitativa, do tipo descritiva, utilizando como técnica a observação sistemática/participante, com o objetivo de identificar faixa etária, nacionalidade, gênero, interesse explicitado pelas obras, participação em visitas mediadas e uso de áudio guias, pelo público visitante dessas exposições. Como base teórica, buscou-se respaldo em autores que discutem, principalmente, a presença dos públicos nos museus, a tipologia de públicos e os hábitos de frequentação em museus. Constatou-se que o frequentador das exposições temporárias, interessado em conhecer mais sobre arte e história, é o próprio cidadão francês, parisiense ou não e, sobretudo, com idade acima de 60 anos.