A crise que a humanidade atravessa é uma resultante da convergência de várias outras crises, entre as quais a social, ambiental, política e econômica, constatando-se, de um modo geral, um domínio da última sobre as demais. Entre as possíveis causas da crise, no que tange o contexto das relações ambientais, pode ser apontado como uma das consequências à ilusão equivocada de separação entre o ser humano e a natureza, sendo considerada como uma crise do pensamento e do próprio conhecimento, em função das desigualdades sociais, consumismo exacerbado. Recorrentemente, questionamentos referentes ao percurso civilizatório apreendido são questionados, sendo a pandemia COVID-19, considerada por alguns como, por exemplo, por SETTELE et al. (2020), apenas um sintoma dos principais problemas estruturais da humanidade. Neste sentido é necessário fomentar uma discussão sobre até que ponto o afastamento ilusório, da humanidade da “sua” natureza, redunda em um risco às diferentes formas de vida no planeta, diante de uma ocupação e apropriação baseada na exploração desmedida dos recursos naturais.Sem dúvida a promoção de pensamentos e ações baseados em uma ecologia política para a vida é fundamental, mas se a política estrutura-se a partir das mentes e das ações dos agentes sociais que a constituem, como “produzir” mentes e comportamentos que promovam uma ecologia política para a vida em todas as dimensões? Para que ocorram os processos de transformação de comportamento é necessária uma transformação efetiva das relações que passam necessariamente pela produção de sentidos e significados pessoais e coletivos sobre a natureza.