Este artigo deseja apresentar como a imagem de um personagem muito importante da história castelhana, Álvaro de Luna, foi construída a partir de uma visão específica, principalmente, da historiografia sobre a nobreza cortesã. Através de um estudo qualitativo das fontes fornecidas do período, principalmente das crônicas, é interessante perceber as intenções e sentidos políticos que essas alcançam. O estudo das crônicas, que abordam a vida desse valido, possibilita reconhecer as lógicas de representação sobre a política. A imagem construída de Álvaro de Luna decorre de um conteúdo político a partir da literatura amalgamada a um jogo intenso de poder durante o reinado de Juan II na Castela do século XV. Ao desafiar grupos importantes da corte e assumir gradativamente poderes e funções – como o de Condestable e Gran Maestre de la Orden de Santiago – no reinado de Juan II, o valido ameaçou a posição da nobreza e seus privilégios. Assim, a construção, de cunho negativo, por parte das crônicas, deriva do pensamento da corte régia sobre Álvaro de Luna, por ser o local de produção dessas fontes. A pesquisa procura entender o contexto político castelhano que envolve o personagem para refletir sobre os motivos de tal construção, dialogando, igualmente, com uma historiografia tradicional que coloca a figura do valido, de maneira geral, como usurpador do caráter monocrático do poder régio. A análise apoia-se numa perspectiva pluralista de poder, característico do período medieval, que envolve a monarquia e a fortalece como parte desse sistema.