FREIRE NA FINLÂNDIA: TRAJETÓRIAS DA PRESENÇA DE PAULO FREIRE NO NORTE GLOBAL

Neste artigo, nos perguntamos se o pensamento de Paulo Freire teve alguma influência na Finlândia. Existe uma tradição reconhecido da pedagogia freiriana neste país nórdico? Para responder a esta pergunta, traçamos a trajetória do recepção do pensamento de Freire nas últimas décadas. Concluímos finalmente que embora seu impacto direto não tenha se generalizado, houveram múltiplas e importantes conexões e repercussões. Em termos gerais, vale a pena ressaltar que a crucial renovação do sistema educacional finlandês, que ocorreu desde o final dos anos 1960, foi contemporâneo ao espírito freiriano de justiça social e educacional. Nossa contribuição é histórica e teórica em sua abordagem e metodologia. É baseada em uma revisão aprofundada da literatura educacional finlandesa desde o início dos anos 1970 até os anos 2000. Para nos ajudar na busca de exemplos da presença de Freire no discurso pedagógico finlandês, também utilizamos nossos contatos com educadores de adultos na Finlândia. Por fim, também recorremos a nossos trabalhos anteriores sobre o assunto.

ESPERANÇAR E CONVIVER PARA EDUCAR!

Editorial para o Número Especial 100 ANOS DE PAULO FREIRE

LIBERDADE TRANSCENDENTE: INTERFACES ENTRE A EDUCAÇÃO E A RELIGIÃO NA COSMOVISÃO DE PAULO FREIRE

Este artigo visa pontuar aspectos de interface entre a educação e a religião no pensamento do educador brasileiro Paulo Freire. Segundo o pedagogo, a educação libertadora tem a capacidade de aprimorar a constituição psíquica do indivíduo, promovendo assim a sua conscientização para o bem comum. Freire também ressalta a importância do cultivo de uma religiosidade pautada pelo pensamento crítico, contexto este que favorece a prática da Imitatio Dei. Como recurso metodológico, utilizaremos uma análise teórico-bibliográfica das obras: Pedagogia do oprimido, Pedagogia da autonomia e Educação como prática de liberdade, todas de Paulo Freire. Por fim, pretende-se evidenciar que a educação emancipadora é capaz de instaurar na pessoa a busca pela liberdade transcendente

FILOSOFIA POLÍTICA E A IDENTIDADE ÉTNICO-RACIAL DO OPRIMIDO NA LITERATURA BÍBLICA

É evidente a influência da Bíblia sobre Paulo Freire e em especial a luta anti-imperialista, pela justiça social e o amor. Pretendemos suplementar o olhar dos professores sobre o oprimido, apresentando a identidade étnico-racial dos subalternizados, excluídos e marginalizados em nosso sistema social de origem colonial. Partimos da premissa de que não podemos pensar a literatura bíblica sem pensar categorias como: relações de poder, Governo, Justiça, Liberdade, envolvidas nas relações de dominação e opressão étnico-raciais (Sousa, 2020b). Na literatura mítica, as divindades parecem conter um tipo de filosofia política na qual o Estado surge como uma representação do governo e da soberania (Sousa, 2020c). Desta forma, compreender as políticas identitárias e as identidade étnico-racial, é compreender as representações mítico-simbólicas e imaginárias da pedagogia mítica nos grupos étnicos e seus sistemas de pensamento aplicado à realidade concreta.

PRESSUPOSTOS ONTOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO COMO PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO EM PAULO FREIRE

O artigo apresenta uma análise sobre os pressupostos ontológicos que fundamentam a proposta de educação como processo de humanização em Paulo Freire (1921-1997). Dessa maneira, inicialmente, busca-se evidenciar alguns elementos relacionados à concepção freiriana de vocação ontológica para o Ser mais, a qual está embasada em uma cosmovisão filosófica que compreende a natureza humana e a realidade como inconclusas. Em seguida, pressupondo a ideia de inconclusão da realidade e do ser humano, analisa-se a necessidade ontológica da esperança. Por fim, reflete-se sobre as condições históricas que alienam e oprimem os seres humanos, produzindo um contexto de desumanização e negação da vocação ontológica do Ser mais. Daí, pois, faz-se necessário um processo de conscientização das pessoas que se encontram em situações históricas de opressão, de forma que consigam reconhecer-se como sujeitos em si, superando as condições que as alienam. Com isso, a educação torna-se um processo de humanização de homens e mulheres que se reconhecem como livres e que, portanto, lutam por um mundo melhor.

A DIMENSÃO CRÍTICA E RADICAL DO PENSAMENTO DE PAULO FREIRE DIANTE DA DISPUTA PELA HEGEMONIA ENTRE DUAS PEDAGOGIAS NO BRASIL: HORIZONTES POSSÍVEIS E DESAFIOS IMEDIATOS

O artigo apresenta as categorias antropológicas e filosóficas do pensamento de Paulo Freire (1921-1997). Debate suas premissas ontológicas e contextualiza suas principais ideias e movimentos, apresentando seu pensamento como uma síntese de diversas teorias e de diferentes articulações crítico-históricas, na emergência e continuidade do pós-guerra (1945). Destaca ainda a originalidade temática da síntese freireana e expõe sua coerente articulação entre premissas antropológicas, definições éticas, características epistemológicas e exigentes compromissos políticos. A Educação é, para Freire, um processo complexo de formação humana e de configuração singular e coletiva das subjetividades e das sociedades humanas. Estudo de natureza histórico-bibliográfica, com aporte hermenêutico, pedagógico e político. Atualiza as bases do pensamento de Freire e conclui com a expressão de uma pedagogia humanizadora e democrática, que busca superar as rupturas e clivagens produzidas pelas sociedades de classes, expressando a semiologia da natureza crítica, no sentido de propor a superação, de maneira radical, isto é, chegando às raízes dos acontecimentos ou fenômenos, do pensamento freireano. Busca contribuir para a formação de professores e para a ampla compreensão do pensamento de Paulo Freire. Define um espaço de luta pela hegemonia entre duas políticas públicas de Educação na atualidade brasileira. Caracteriza a Pedagogia Neoliberal das Competências e Habilidades e aponta a Pedagogia do Direito à Educação e dos Direitos de Aprendizagem em enfrentamentos e disputas pela hegemonia.

ESPERANÇA, HUMANIZAÇÃO E FUTURO EM PAULO FREIRE: UMA APROXIMAÇÃO A JÜRGEN MOLTMANN

No contexto da recente crise ambiental, alimentar e sanitária, o pensamento de Paulo Freire e de Jürgen Moltmann sobre a esperança reafirma sua atualidade, com suas respectivas obras Pedagogia da Esperança e Teologia da Esperança. Freire desenvolve uma pedagogia, com viés educativo-social, na qual assume a esperança como imperativo histórico e existencial, a promover a plena humanização dos sujeitos. Moltmann, por sua vez, discorre sobre a esperança como princípio teológico, de viés histórico-escatológico, que traz para o tempo presente o novum ultimum do Reino de Deus. Lidos em aproximação, ambos valorizam a esperança como virtude ativa, aliada ao senso crítico, na dialética entre presente e futuro, como fator de transformação social e de realização humana. Isso se demonstra em três proposições em que os autores convergem: 1) a esperança dinamiza a humanização da pessoa e da sociedade; 2) a esperança promove uma vida mais plena; 3) a esperança possibilita o novo, construindo o futuro nas escolhas do presente. A partir dessas proposições, são examinados os argumentos, as ênfases próprias e as correlações dos autores, aproximando as perspectivas da Educação (Freire) e da Teologia (Moltmann) num projeto de “nova humanidade”.

PERSEGUINDO O INÉDITO VIÁVEL: A PEDAGOGIA FREIRIANA, A NECESSIDADE DA LINGUAGEM INCLUSIVA E A DENÚNCIA À NEOLÍNGUA DO GENERISMO QUEER

Nas últimas décadas temos vivenciado a dificuldade em efetivar o uso da linguagem inclusiva ao tempo em que se evidencia a facilidade de implantação de uma neolíngua que provém do generismo queer. São tempos sombrios para a luta feminista, que sofre não só a difamação e deturpação da sua agenda e cânon, senão também a usurpação de conceitos e espaços. No ano 2021, que marca o centenário do pedagogo brasileiro Paulo Freire, estende-se sobre nós uma outra onda ameaçadora de irracionalismo, como aquela advertida por ele no século passado. O neoliberalismo mata, assim como mata o machismo; e as mulheres, a vida das mulheres, não vão além de uma objetificação para ambos. Nosso objetivo, com esse artigo, é dialogar desde e com a proposta pedagógica freiriana tomando como contraponto os conceitos ‘linguagem inclusiva’ e ‘neolíngua’ no intuito de denunciar e, principalmente, de enfatizar a necessidade permanente de uma educação emancipadora e libertadora para transformar os sistemas de opressão e morte. Uma teologia da vida não pode ficar em silêncio perante a ignomínia contemporânea.

100 ANOS DE PAULO FREIRE: RELAÇÕES EMANCIPATÓRIAS ENTRE EDUCAÇÃO E RELIGIÃO

Apresentação temática do Número Especial em homenagem aos 100 anos do nascimento de Paulo Freire.

IGREJA DE MIGRANTES E PAULO FREIRE: LER A HISTÓRIA A PARTIR DAS PESSOAS QUE SOFREM AS DORES DO MUNDO

O texto é resultado de pesquisa e reflexões sobre trabalho da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) na constituição de grupos e comunidades na Transamazônica, entre Altamira e Itaituba, no estado do Pará, de 1974 a 1985. No encontro de migrantes naquele território, ao longo da rodovia aberta na floresta, surgiram grupos comunitários. Estes articularam seu jeito próprio de se organizar, estudar, apreender, dialogar, denunciar, celebrar. Teologia evangélica luterana, leitura popular da bíblia, pedagogia dialógica e libertadora de Paulo Freire foram fundamentais no processo popular de formação de lideranças de setores e das próprias comunidades. O presente artigo narra reflexivamente sobre dificuldades de encontrar gente formada e disposta para encarar os desafios de igreja migrante em áreas distantes de centros de formação e de comunidades constituídas. Diante do problema da falta de mão de obra na pastoral, as pequenas e pobres comunidades encontraram na formação de seus membros um caminho para realizar ações pertinentes à vida das comunidades e a prática da solidariedade. O método Paulo Freire, baseado na realidade do povo, usando a vida e seu contexto concreto, foi a melhor maneira de ensino e aprendizado, sendo uma pedagogia de oprimidos e excluídos, como no caso dos migrantes empobrecidos na Transamazônica, no Estado do Pará. A narrativa sobre comunidades nas Novas Áreas resulta do fato de a Comunidade Luterana ter ido além do senso comum, da comunidade pronta e acabada. E se ocupou em estudar e pensar bíblia, teologia, pedagogia, fé, amor em trabalhos no plantio de roças com cuidado e atenção pela preservação ambiental, solidariedade e diaconia.