Revista Brasileira de Línguas Indígenas
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Published By Universidade Federal Do Amapa

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2021 ◽  
Vol 3 (2) ◽  
pp. 218
Author(s):  
Zoraide Dos Anjos ◽  
Manoel Gomes Dos Santos

<p>Este trabalho tem o objetivo de apresentar alguns dos processos que modificam a estrutura argumental dos predicados na língua indígena amazônica Katukina-Kanamari (katkan) falada no sudoeste do estado do Amazonas, Brasil por cerca de 2.700 pessoas. Foram identificadas duas grandes variedades para essa língua: Katukina do Biá, falado pelos membros da etnia de mesmo nome que habitam as margens dos rios Jutaí, Biá e Ipixuna; e, Kanamari composta por aproximadamente 1.900 indivíduos na Terra Indígena Vale do Javari e regiões vizinhas. O artigo está organizado em duas seções. Na primeira delas, apresentamos, de maneira breve, as classes lexicais nessa língua que figuram como núcleo da predicação, que são os nomes, verbos, advérbios e posposições. Em seguida descrevemos os predicados de tipo bivalente e monovalente assim como suas estruturas internas. A segunda parte do artigo é dedicada aos processos de mudança argumental. Destacamos três que decrescem a valência: intransitivização, reflexivo e recíproco que utilizam o sufixo -hik.</p>


2021 ◽  
Vol 3 (2) ◽  
pp. 183
Author(s):  
Sebastian Velten Drude

<p>O trabalho apresenta as principais propriedades fonológicas do Awetí (Tupí). O Awetí tem seis vogais orais e nasalidade vs. oralidade distintiva em pelo menos uma sílaba de cada palavra; em outras sílabas o contraste é neutralizado (harmonia nasal). Entre as quinze consoantes predominam as de articulação apical; as fricativas e a lateral têm uma posição marginal no sistema. A posição do acento lexical é usualmente previsível, ele recai sobre a última vogal da raiz, com poucas exceções. A harmonia nasal é o fenômeno suprassegmental mais saliente. Na fonotática encontramos a estrutura básica [C1] [V1 [C2]] V2 [C3] e descrevemos estatisticamente as frequências de padrões (poli)silábicas e a distribuição dos fonemas. Finalmente analisamos alguns processos potencialmente morfo-fonológicos, em particular a ocorrência ou não da lenição das consoantes finais, e a assimilação da partícula /mɛ̠/. Estes dois fenômenos, bem como a harmonia nasal, são analisados fazendo uso de uma teoria fonológica ‘declarativa’ de dois níveis (sem derivações): um nível fonético e um fonológico o qual permite, ao lado dos fonemas tradicionais, unidades mais abstratas (arquifonemas como as consoantes finais como /P/ = {bilabial}, as vogais ‘neutras’ – sem o traço de oralidade/‌nasalidade –, e unidades abstratas como /°/ = {oclusiva, oral}, e /~/ = {nasal}).</p>


2021 ◽  
Vol 3 (2) ◽  
pp. 102
Author(s):  
Elissandra Barros
Keyword(s):  

Distante dos centros urbanos e, geralmente, ligada às práticas tradicionais de subsistência, a fala assoviada é uma prática milenar que sobrevive em muitos lugares ao redor do mundo, mas cuja vitalidade depende da preservação do meio socioambiental onde ela é utilizada. O linguista francês, Julien Meyer, se apaixonou pelo desafio de documentar e estudar esse fenômeno fascinante, o que o levou a locais remotos na Europa, América Latina, Alasca, Ásia e África, sempre em busca de novas línguas com fala assoviada. Sua formação acadêmica ampla e multidisciplinar – Engenharia, Ciências Cognitivas e Linguística – o permitiu utilizar e adaptar metodologias distintas às necessidades do trabalho de campo com a fala assoviada, ainda pouco estudada – ou sequer identificada – em diversas línguas. Esta entrevista, realizada para a Revista Brasileira de Línguas Indígenas (RBLI), nos proporcionou um reencontro, uma vez que nos conhecemos ainda em Belém, no período em que ambos vivíamos na capital paraense. Desde então, tivemos a oportunidade de trabalhar juntos em várias oficinas de documentação destinadas aos povos indígenas, oportunidades em que Julien compartilhou conosco seus conhecimentos sobre documentação de línguas e suas experiências com o estudo das línguas assoviadas. Entrevistei Julien em uma manhã de céu claro, no dia 18 de junho de 2019, em sua casa na aldeia de Sainte Agnès, na parte francesa dos Alpes.


2021 ◽  
Vol 3 (2) ◽  
pp. 77
Author(s):  
Txâma Xambé Puri ◽  
Tutushamum Puri ◽  
Xindêda Puri
Keyword(s):  

<p>Falada até o século XIX em um território que se estende pelos quatro estados do Sudeste brasileiro, a língua Puri teve, no século XX, seu uso reduzido a poucas palavras que sobreviveram mescladas ao português, na oralidade de alguns indígenas da etnia, e se encontra em processo de retomada pelos Puri no século XXI. O Projeto Txemim Puri (Povo Puri) – grupo de pesquisa, revitalização e ensino da língua Puri, resgate e preservação da história e cultura Puri – é uma iniciativa autônoma de integrantes da etnia que tem promovido o aprendizado e a prática do kwaytikindo, nome dado pelo grupo de pesquisadores Puri à versão revitalizada da língua, desenvolvida pelo projeto – e reúne falantes em estágio de conversação e iniciantes. A origem do projeto vincula-se ao resgate da prática coletiva dos kanaremunde (cantos rituais) em língua Puri, ocorrida no território da Aldeia Maraká’nà, na cidade do Rio de Janeiro. Os kanaremunde, pela importância identitária e espiritual que têm para os Puri, desempenham papel fundamental na retomada linguística do povo, e se têm constituído ao longo do tempo como registros históricos que guardam a memória desse percurso. Os critérios que norteiam a pesquisa, a aprendizagem e o ensino do kwaytikindo no projeto Txemim Puri se baseiam no caráter sociocósmico que as línguas indígenas possuem. O objetivo deste artigo é compartilhar um panorama da retomada linguística Puri, pontuando aspectos históricos e culturais envolvidos no processo, sua relação com o direcionamento que o trabalho de revitalização desenvolvido pelo Txemim Puri assume, e apresentar o Vocabulário Kwaytikindo: Língua Puri 2° edição – material pioneiro de autoria Puri no tocante à revitalização da língua deste povo. A ação do projeto Txemim Puri caracteriza-se como uma política linguística de resistência frente ao processo colonialista (ainda em curso) de subordinação das línguas indígenas.</p>


2021 ◽  
Vol 3 (2) ◽  
pp. 123
Author(s):  
Denize De Souza Carneiro ◽  
Márcio Gean Cardoso Batista

<p>Neste trabalho, apresentamos os resultados de uma pesquisa sobre o nível de bilinguismo e a atitude linguística dos Munduruku que migraram para Santarém/PA, bem como sobre o valor funcional das línguas que constituem seu repertório. O estudo foi realizado a partir das reflexões teóricas da Sociolinguística Qualitativa, com base em De Heredia (1989), que trata do bilinguismo como habilidade individual, e em Fishman (1971, 1974), que trata da questão do bilinguismo do ponto de vista social. Os dados que serviram de base para a análise foram obtidos por meio de entrevistas junto a 27 membros do povo em estudo. Os resultados mostram que os Munduruku possuem duas línguas em seu repertório, cuja situação linguística distingue-se de região para região do rio Tapajós, de onde são originários, apresentando a seguinte configuração: 59,26% dos indígenas são monolíngues em português e 40,74% apresentam bilinguismo em Munduruku-português. Tais dados mostram, também, que as funções das duas línguas já não estão bem definidas e uma delas começa a sobrepor-se à outra.</p>


2021 ◽  
Vol 3 (2) ◽  
pp. 206
Author(s):  
Silvia Lucia Bigonjal Braggio ◽  
Sinval Martins de Sousa Filho

<p>O uso da Etnossintaxe e das Tipologias Sociolinguísticas como suporte teórico para este trabalho nos permite estabelecer nosso objetivo principal: mostrar quais aspectos e como o povo Akwẽ Xerente (Jê) apresenta um tipo único de variedade do português. Para tal, apresentamos o papel dos nomes inalienáveis da língua indígena e dos empréstimos da língua portuguesa. Discutimos como o contato entre línguas se dá nos cenários dos Akwẽ Xerente e os fenômenos linguísticos relacionados ao bilinguismo Xerente-português. Os dados foram coletados por meio de observação contínua, entrevistas e questionários semiestruturados, com diferentes gerações de falantes, ao longo de 30 anos de trabalho dos autores com o povo xerente. Os resultados mostram a influência da língua Akwẽ Xerente (L1) sobre o português (L2) na variedade étnica Língua Portuguesa Xerente. Pretendemos também contribuir com a educação escolar indígena. Por último, mas não menos importante, apresentamos uma resposta sobre a vitalidade da língua Akwẽ.</p>


2021 ◽  
Vol 3 (2) ◽  
pp. 40
Author(s):  
Elenira Oliveira Gomes Apurinã

<p>Este trabalho tem como objetivo fazer um estudo propondo uma construção variante entre duas línguas de sinais que são: Línguas Brasileiras de Sinais (LIBRAS) e Língua de Sinais Hatxa Kuĩ Brasileira (LSHKB). Atrelados a esta temática, é sabido que pessoas surdas podem ser encontradas tanto nas comunidades originárias quanto na população brasileira. Para que haja comunicabilidade entre um grupo de falantes, é necessário se criar meios de comunicações que estabeleçam diálogos entre as pessoas. Por essa razão esse trabalho se debruça sobre um estudo relacionando os sinais que poderá fazer com que a mesma língua possa ser reconhecida tanto em sua língua materna (LSHKB) quanto em LIBRAS. Ambas as línguas de sinais surgiram da necessidade de promover a comunicação de pessoas que nasceram ou adquiriram restrições na audição. Esta pesquisa está norteada nos pressupostos teóricos organizados por Joaquim Paulo de Lima Kaxinawá (2018 - 2019); Lei 9.394/1996, artigo 210, inciso segundo; Lei 10.436/24.04.2002. Também será utilizado o dicionário em confecção Hãtxa Kuĩ (Kena Xarabu, KAXINAWA, inédito) e autores que tratam sobre a fundamentação linguística da LIBRAS. Os resultados preliminares apresentam as primeiras pesquisas de um trabalho relativo entre as duas línguas, através de estudos sobre uma construção do alfabeto Hatxa Kuĩ (conhecidos na literatura como Kaxinawá, da família linguística Pano) e dos numerais cardinais e ordinais. Em seguida, a corelação e adaptação dos sinais para que correspondam aos significados do Hãtxa Kuĩ (como é conhecida a língua Huni Kuĩ). Esse processo é resultado de uma reflexão teórico-prática de construção relativa entre duas línguas para que possa ajudar no processo didático pedagógico, e auxiliar no ensino das duas línguas promovendo a inclusão das pessoas surdas no Sistema Educacional, a partir da relação e construção de dois sistemas linguísticos.</p>


2021 ◽  
Vol 3 (2) ◽  
pp. 52
Author(s):  
Leticia Fraga ◽  
Ligia Paula Couto ◽  
Lucimar Araujo Braga

<p>O Brasil é um país com imensa diversidade linguística, mas a política linguística de Estado vigente defende o monolinguismo em língua portuguesa desde o início da colonização. A possibilidade de uma escola indígena bilíngue e intercultural começa a se desenhar com nossa Constituição (1988) que, em seu artigo 210, parágrafo 2º, estabelece, no ensino fundamental, aulas em língua portuguesa, preservando o direito das comunidades indígenas a utilizarem as línguas maternas e seus processos próprios de aprendizagem. Esse documento criou a necessidade de formação de docentes indígenas para atuar no ensino bilíngue e intercultural na educação escolar indígena. Considerando este princípio constitucional, este artigo objetiva tratar da necessidade de licenciaturas interculturais na área da linguagem como uma política linguística de valorização e promoção das línguas indígenas. Como metodologia realizamos uma revisão bibliográfica para problematizar a construção de um currículo intercultural e a descrição da construção do projeto pedagógico de um curso (PPC) de Licenciatura Intercultural em Letras na Universidade Estadual de Ponta Grossa, no âmbito do Programa Interinstitucional de Pesquisa e Formação Intercultural/Bilíngue de Professores Indígenas no Paraná (PROFIND). Nesta revisão serão abordados aspectos relacionados ao público a quem o curso se destina e estudos sobre políticas linguísticas, teorias do currículo por meio de Goodson (2019) e Silva (2004) e normativas legais, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996), o Referencial Curricular para as Escolas Indígenas (1998), as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Letras (2001), os Referenciais para a Formação de Professores Indígenas (2002) e as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Indígena na Educação Básica (2012). A partir da revisão se discutirá como esses referenciais fundamentaram a construção de um PPC Intercultural em Letras e como esta proposta pretende impactar positivamente a formação de docentes indígenas e contribuir para a educação bilíngue e intercultural em escolas indígenas. </p>


2021 ◽  
Vol 3 (2) ◽  
pp. 110
Author(s):  
Alexandra Aparecida De Araújo Figueiredo

A proposta deste trabalho é analisar alguns discursos de indígenas guarani/kaiowá e buscar compreender os efeitos de sentido causados pelo processo de confinamento imposto a estes sujeitos. A Análise do Discurso de base materialista, a partir dos autores Pêcheux (1990), Orlandi (1990) e Mariani (2004), é o aporte teórico utilizado para a compressão da materialidade que é constituída por entrevistas com indígenas do município de Dourados-MS. Os conceitos mobilizados para a apreciação foram: Formação Discursiva, Formação Imaginária, Intradiscurso e silenciamento. A partir da interpretação da materialidade analisada, é possível perceber que mesmo diante do processo de invisibilidade do sujeito indígena, a relevância dos saberes tradicionais e, por conseguinte, a língua materna, são sentidos com efeito valorativo que irrompem nos discursos indígenas. Do mesmo modo, o processo de apagamento e silenciamento desse sujeito mostram seus efeitos em discursos de negação dos mesmos valores.


2021 ◽  
Vol 3 (2) ◽  
pp. 28
Author(s):  
Edilson Pinheiro ◽  
Maria de Nazaré Duarte ◽  
Gessiane Picanço

<p>A instituição da escrita em comunidades indígenas brasileiras tem aumentado nas últimas décadas, podendo ser uma importante aliada para o fortalecimento, a manutenção e a revitalização dessas línguas, desde que respeitem diversos fatores linguísticos e extralinguísticos. Neste artigo, discutiremos a ortografia da língua Mundurukú (Tupí) que, por ter sido elaborada inicialmente com fins religiosos, foi pensada mais para os falantes nativos da língua do que para os não falantes. Por essa razão, traços suprassegmentais da língua falada, não representados na escrita, têm se tornado uma barreira no aprendizado da língua na comunidade Mundurukú da Terra Indígena Kwatá-Laranjal, no Amazonas, onde todos são monolíngues em Português. Isso nos motivou a elaborar uma proposta em direção à preparação de materiais pedagógicos para o ensino da língua nessa comunidade, cujos descendentes lutam para retomar a língua ancestral. Trata-se da elaboração de um vocabulário que inclui sinais gráficos para marcar os tons e a laringalização, dois traços suprassegmentais contrastivos na língua, que, na ortografia Mundurukú, não são sinalizados. Para falantes nativos, a ausência dessas marcações não parece afetar seu aprendizado; porém, para os Mundurukú do Amazonas, que falam apenas o Português, uma língua acentual, não ter qualquer pista dessas características compromete sua eficácia. Portanto, propomos uma forma de representá-los ortograficamente usando dois diacríticos, o acento agudo, para marcar as vogais de tom alto, e o acento grave, para marcar as vogais laringalizadas. A principal função desta adaptação é promover exclusivamente a aquisição do léxico, portanto, não se trata de uma mudança definitiva na ortografia da língua. Neste assunto, consideramos várias implicações com a decisão de adotar ou não sinais gráficos para essas características suprassegmentais. </p>


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