Na interpretação de uma obra musical cantada, em particular de uma ópera, o cantor-ator tem um papel determinante na transmissão não só das componentes informativas, a nível do texto musical e literário, mas também dos estados emocionais das personagens, através de indicadores ou marcadores não verbais. Neste artigo apresentamos uma proposta de encenação e os métodos que usamos para fundamentar teoricamente o projeto. Trata-se da interpretação de dez personagens femininas soprano de óperas italianas do século XIX, composto por duas árias de cada um dos cinco compositores italianos escolhidos: Lucilla: “Sento talor nell'anima” [Rossini, La scala di seta (1812)]; Anna: “Giusto Ciel in tal periglio” [Rossini, Maometto II (1820)]; Norma: “Casta Diva” [Bellini, Norma (1831)]; Elvira: “Qui la voce sua soave… vien diletto” [Bellini, I Puritani (1835)]; Marie: “Ciascun lo dice” [Donizetti, La Figlia del Reggimento (1839)]; Rita: “E’ lindo e civettin questo caro alberguccio” [Donizetti, Rita (1841)]; Gilda: “Tutte le feste al tempio” [Verdi, Rigoletto (1850)]; Oscar: “Volta la Terra...” [Verdi, Un Ballo in Maschera (1859)]; Anna: “Se come voi piccina io fossi” [Puccini, Le Villi (1884)]; Musetta: “Quando men vo” [Puccini, La Bohéme (1895)]. O espetáculo tem a duração de cerca de 45 minutos e tivemos particular atenção aos estados emocionais de cada uma das personagens, para a interpretação das respetivas árias, bem como a cenografia e os adereços.
Com este projeto, concluímos que, ainda que vocal e tecnicamente possa ser bem executada, não é possível realizar uma correta interpretação de uma ária sob o ponto de vista dramático sem conhecer previamente a personagem, a sua personalidade e, especialmente, os estados emocionais presentes em cada um dos momentos