O objetivo dessa leitura é aproximar-se desses recursos e acompanhar a narrativa e as estratégias da escritora e das multiplicidades de sentidos que esta autora propõe. Para isso, busca-se nos intertextos e na poética paratextual um eixo para a realização de uma leitura do último romance da escritora e entrever a natureza aberta do texto estético e a força de significação dele em conjunto com a pluralidade das leituras.
Em seus silêncios, a escritura de Clarice Lispector é encoberta de metalinguagens que descrevem, explicam, reproduzem, produzem e reinventam por meio de seus personagens-narradores estas percepções. É com esse modo de construir a narrativa que muitos estudiosos evidenciam a relevância metateórica dentro da literatura, como pode-se observar em Chalhub: “A verdade da arte literária é reveladora: rastreia o sentido das coisas, apresentando-as como se tudo fosse novo, porque nova é a forma de combinar as palavras” (1988, p. 9). Assim, a escrita-revelação de Clarice Lispector que (re)cria sempre o novo dentro da literatura é, também, a intenção dessa proposta.