Cálculo da Pegada Ecológica do município de João Monlevade (MG) pelo Método Convencional

A Pegada Ecológica (PE) é a medida da carga imposta por uma população sobre a natureza, e representa a área de sustentação dos níveis de consumo dos recursos e geração de dejetos. O objetivo do trabalho foi calcular e avaliar a PE do município de João Monlevade-MG. Para o cálculo foi utilizado o método convencional proposto por Wackernagel e Rees na década de 90, baseado na soma da pegada das variáveis, calculadas da média anual de itens de consumo de dados agregados dividindo o consumo total pelo tamanho da população, subtraídos da Biocapacidade. João Monlevade Biocapacidade e PE de 0,048 e 0,643 há/hab, respectivamente, e, portanto, o consumo local ultrapassa a capacidade suporte do ambiente natural, e torna-se necessário um planejamento ambiental adequado para o município. A maior pegada foi referente a emissão de CO2 pela queima de combustíveis fósseis, 0,47 há/hab., indicando a necessidade da implementação de medidas mitigadoras. Conclui-se que cálculo da PE do município, aponta caminhos mais sustentáveis para melhor qualidade de vida da população. No entanto, requer aperfeiçoameto do cálculo, definindo outros indicadores relevantes, e análise cuidadosa dos dados.

A presença de Casuarina equisetifolia L. pode alterar a paisagem acústica de uma área de restinga?

O termo Paisagem Acústica surgiu com o objetivo de relacionar à variedade de sons do ambiente (biofonia, geofonia e antropofonia) e sua influência sobre os processos ecológicos com o conceito tradicional de paisagem. O objetivo deste trabalho consiste na comparação da complexidade acústica de uma área de restinga preservada e uma área de vegetação dominada por Casuarina equisetifolia L. no Município de Cabo Frio/RJ. As gravações foram obtidas a partir de um sistema autônomo, analisados através do software Raven Pro 1.5 e os valores de complexidade acústica foram calculados utilizando um Índice de Complexidade Acústica (ACI), a partir do software R 3.6 version. Os resultados sugerem maior número de registros de biofonia e, consequentemente, maior complexidade acústica na área de restinga, sobretudo durante o anoitecer. Os valores de ACI obtidos traduzem uma alteração, estatisticamente significativa, entre a paisagem acústica da área de restinga preservada e a área das casuarinas, diante da redução da diversidade da vegetação. Por meio do estudo das paisagens acústicas busca-se entender as complexas redes de interações ecológicas, servindo de base para tomada de decisões, no que diz respeito ao gerenciamento ambiental.

Desafios para a implementação da Agenda 2030 à luz da gestão sustentável das águas

A Agenda 2030 apresenta dezessete objetivos para o desenvolvimento sustentável (ODS). Dentre os eles, o ODS 6 visa assegurar a gestão sustentável da água e a universalização do acesso à água e ao saneamento no planeta. O uso de indicadores de sustentabilidade pode apontar caminhos para o monitoramento e a avaliação da implementação dos ODS. Assim, por meio de revisão bibliográfica, objetiva-se com o presente trabalho sistematizar os principais desafios relacionados ao emprego desses indicadores no âmbito da implementação da Agenda 2030, com foco nas estratégias de gestão sustentável das águas e no sistema de indicadores denominado “avaliação de prosperabilidade”.

Contribuições à pós-graduação lato sensu em Educação Ambiental do Instituto Federal Fluminense sob o olhar do ensino, pesquisa e extensão

O curso de pós-graduação lato sensu em Educação Ambiental do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense (IF Fluminense) completa em 2019 quinze anos de criação. Nesse período o IF Fluminense vem integrando as ações no tema nas três premissas definidas para a Universidade Federal pela Constituição Federal de 1988: ensino, pesquisa e extensão. Visando contribuir com a educação ambiental produzida neste recorte lato sensu são apresentados três produtos pelas abordagens: “Ações”, “Registro” e “Perspectivas”. Nesse sentido foram desenvolvidos respectivamente os eventos Seminário de Educação Ambiental Fluminense (SEA Fluminense) e II Mostra de Educação Ambiental do IF Fluminense campus Campos Centro (8 a 11 de julho de 2019); a produção do livro “A educação ambiental lato sensu no Instituto Federal Fluminense: quinze anos de produção acadêmica - Série Artigos – Volume 1”; e a “Carta de Educação Ambiental Fluminense – 2019”, documento final do SEA Fluminense. Considerando as diversas marcas comemorativas pelo IF Fluminense em 2019, celebrar e propor sobre a educação ambiental fortalece a relação do instituto com a sociedade pela construção de uma melhor condição socioambiental de vida.

Nanuque - MG: um inventário da sua geografia física

Certamente que a Geografia é uma das ciências que contribuem para explicar o mundo em que vivemos. Dentro das suas diversas ramificações a Geografia possui pesquisas que ainda não foram na sua totalidade apropriada pela sociedade; entre essas ramificações está a geomorfologia. Se desejarmos uma educação ambiental de qualidade, que realmente faça o ser humano compreender que ele é parte de todo o ambiente é fundamental o conhecimento do território em sua totalidade. Isto significa conhecer as dinâmicas de origens externas e internas que juntas estão constantemente remodelando as paisagens. Este artigo pretende mostrar como a geomorfologia pode ser utilizada para uma educação ambiental local, sendo parte do ensino nas diversas áreas do conhecimento que utiliza o meio ambiente como tema principal ou transversal para crianças e jovens.

O desafio do saneamento em comunidades rurais e a importância do monitoramento da qualidade da água

O saneamento básico é um direito assegurado pela legislação brasileira, porém no que diz respeito ao acesso à água potável e esgotamento sanitário, esses serviços precisam evoluir significativamente para serem considerados eficientes, principalmente nas áreas rurais, onde o acesso à água potável é crítico e ocorre por meio de fontes alternativas de abastecimento, sendo imprescindível a realização de um monitoramento adequado da qualidade da água para consumo humano. O presente trabalho tem como objetivo mostrar o desafio do saneamento básico em áreas rurais dos municípios inseridos na Região Hidrográfica do Baixo Paraíba do Sul e Itabapoana (RH-IX), e a importância do monitoramento da qualidade da água nessas localidades, possibilitando a identificação de possíveis fontes de contaminação decorrentes da ausência de saneamento. Vale ressaltar, ainda, que se leve em consideração, a resolução dos diferentes aspectos relacionados à contaminação das águas nessas áreas, por meio de medidas estruturais e educacionais quanto à importância da qualidade ambiental para assegurar a saúde da população residente nas comunidades rurais desses municípios.

A abertura da barra da Lagoa de Saquarema: evolução histórica e impactos ambientais

As lagoas costeiras desempenham um papel importante nos ecossistemas regionais. Este trabalho se propõe a levantar aspectos históricos das principais mudanças sofridas pela Lagoa de Saquarema (RJ). Uma das modificações mais relevantes foi a abertura de um canal permanente para manter a comunicação entre a lagoa e o mar. Para tanto, foi necessário construir um guia para estabilizar sua embocadura. Essa modificação trouxe grandes alterações na dinâmica do ecossistema. Além de detalhar o processo histórico da lagoa, o presente estudo avalia ainda, as mudanças e os impactos da abertura artificial, comparando períodos anteriores à referida construção. Por fim, espera-se que este trabalho sirva como base para orientação de autoridades formais e reforce a necessidade de adequada gestão e monitoramento deste ecossistema.

Avaliação da qualidade da água em canal do estuário do Rio Paraíba do Sul, norte do Rio de Janeiro

As áreas costeiras, inclusive os manguezais, sofrem diversos impactos oriundos da expansão urbana nos litorais que muitas vezes ocorre de forma irregular e sem adequado planejamento, culminando com a precariedade ou falta de saneamento básico, com o descarte de efluentes in natura nos manguezais. O objetivo foi de avaliar a qualidade ambiental utilizando parâmetros microbiológicos, coliformes totais e termotolerantes, e físico-químicos da água de dois pontos com diferentes graus de urbanização do manguezal de Gargaú, Norte Fluminense. Utilizou-se o Método dos Tubos Múltiplos para quantificação de coliformes totais e termotolerantes e potenciômetros para análise dos parâmetros físico-químicos (condutividade elétrica, oxigênio dissolvido, pH, salinidade e temperatura). Não houve diferença estatística entre os dois pontos amostrais. As médias de todos os parâmetros físico-químicos são similares às encontradas na literatura, exceto para as concentrações de oxigênio dissolvido. Os resultados de coliformes totais e termotolerantes apresentaram correlações significativas com os pH e temperatura. O ponto 1 tem afetado o ponto 2. É necessário ações de conservação devido sua importância para o equilíbrio ecossistêmico e comunidade local.

Análise do arcabouço legal da geração distribuída de energia elétrica no Brasil

O Brasil possui um elevado potencial para o crescimento da geração distribuída, fundamentado nas fontes de energias renováveis de classes distintas, pois o país dispõe de um grande índice de irradiação solar e incidência de ventos, principalmente na costa Nordeste, o país também dispõe de elevados potenciais para micro e minigeração advindos da hidráulica, cogeração ou biomassa. Assim sendo, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) promoveu condições para conexão dos sistemas de geração distribuídas, criando meios para que o consumidor consiga utilizar sua energia excedente gerada para compensar seu consumo. Com isso, o objetivo deste trabalho é a apresentação das medidas adotadas pela ANEEL no âmbito da regulamentação e de outros dispositivos legais relacionados ao tema, promovendo assim uma análise no contexto do crescimento das unidades de geração distribuída e o arcabouço legal associado.

Pagamentos por Serviços Ambientais, Mercado de Crédito de Carbono e as trocas desiguais

A crise crescentemente socioambiental do sistema-mundo capitalista demanda iniciativas no sentido de ao menos mitigar os problemas socioambientais. O mercado tem apresentado alguns instrumentos como a valoração ambiental, com precificação de serviços ambientais, na direção de um mercado ambiental de serviços. O presente artigo faz inicialmente alguns apontamentos sobre os serviços ecossistêmicos, os serviços ambientais e o Pagamento por Serviços Ambientais. Em seguida, discute-se a questão das trocas desiguais globais centro-periferia, tema característico da análise de sistemas-mundo, que é enriquecido com a dimensão ambiental, notadamente envolvendo trocas energéticas. Por fim, relaciona-se o Mercado de Crédito de Carbono e as trocas desiguais, com reflexões e críticas acerca desse mercado. O objetivo do artigo é demonstrar que o Mercado de Crédito de Carbono, por um lado, têm dificuldades para ser aplicado na prática, em larga escala, e por outro lado, caso consiga êxito, resulta no problema geopolítico das trocas desiguais globais centro-periferia.