Cibersegurança na aviação civil brasileira (2016 – 2019)

Este texto tem o objetivo de constatar ações de segurança cibernética na proteção da aviação civil brasileira desde o encaminhamento da Resolução A39-19 da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) em 30 de maio de 2016 até 2019. Vale-se de estudo de caso e análise bibliográfica, documental e legislativa. Como resultado da pesquisa, constata-se o equilíbrio entre as políticas recomendadas pela OACI e as medidas conduzidas pelo Brasil por meio do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). Além disso, observa-se que o Brasil se antecipou às recomendações internacionais ao elaborar o Planejamento Estratégico 2015-2019 da ANAC. Por fim, conclui-se que a segurança cibernética será uma realidade em permanente evolução, dependente de ações concertadas de todos os atores do ecossistema da aviação civil e do poder público em direção ao cumprimento das orientações da Política e da Estratégia Nacional de Defesa e da segurança do Estado brasileiro.

Métricas de resiliência: uma reflexão conceptual no contexto da gestão do risco

A aplicação do conceito de resiliência no domínio da gestão de crises e do risco é relativamente recente mas tem tido um desenvolvimento muito relevante. O termo resiliência tem sido aplicado ao longo do tempo a diferentes áreas e a palavra resiliência pode ser considerada como parcialmente polissémica. Desde a mecânica dos materiais, a psicologia e a ecologia, a resiliência veio no século XXI acompanhar o termo sustentabilidade e caracterizar uma característica de gestão e da capacidade de reabilitação de instalações e sistemas naturais. A gestão da resiliência constitui um processo complementar e interligado ao da gestão do risco e que envolve diversas dimensões sociais e técnicas.Com a evolução da técnica e em particular com a aplicação de novas tecnologias de análise e de apoio à decisão, as frases atribuídas a Lord Kelvin (1824-1907) “o que não se pode medir não é possível melhorar” ou “o que é real pode sempre ser mensurável” poderão ser uma justificação filosófica, entre outras razões práticas, do interesse na caracterização e nas análises quantitativas. Com efeito, os conceitos de risco e de resiliência podem ser abordados por diferentes metodologias mas verifica-se um grande interesse prático na quantificação desses conceitos. Surge assim o tema da conceptualização e da métrica da resiliência. Na bibliografia podem-se encontrar diferentes modos para definir e quantificar a resiliência em engenharia, envolvendo as suas múltiplas dimensõesO texto é baseado numa análise bibliográfica da matéria e numa subsequente reflexão pessoal com a finalidade de apresentar métodos simplificados de métrica da resiliência bem como numa análise crítica das vantagens na quantificação da resiliência e também das suas limitações.

Perceção dos alunos de uma escola em ambiente urbano, sobre o impacte dos incêndios rurais na sociedade, no território e no ambiente

A temática dos incêndios rurais é abordada na disciplina de Geografia no 9.º ano de escolaridade, do ensino regular. Por isto, é pertinente refletir de que modo é que esta disciplina pode ter um papel interventivo na sensibilização e corresponsabilização dos alunos. O principal objetivo desta investigação foi incitar à reflexão dos alunos e à análise da perceção por parte dos mesmos sobre os impactes dos incêndios rurais na sociedade, no território e no ambiente. A metodologia foi dividida em duas fases, na primeira os alunos realizaram um teste diagnóstico, o qual foi aplicado através da ferramenta Socrative. Na segunda fase realizaram uma pesquisa em grupo, na qual cada grupo selecionou e analisou um distrito e respetivos parâmetros de análise previamente estabelecidos no guião de trabalho. Em termos globais, foi possível constatar que a perceção dos alunos ultrapassou as expectativas iniciais, uma vez que os alunos identificaram os impactes ao nível ambiental e territorial. No entanto, em relação ao nível social os alunos manifestaram algum desconhecimento. A nossa investigação decorreu no Colégio Nossa Senhora de Lourdes, localizado no município do Porto.

A Redução de Riscos de Desastres (RRD) e a resiliência na segurança alimentar e nutricional

Os desastres relacionados com fenômenos naturais vêm comprometendo o setor agropecuário. Os eventos extremos quando atingem áreas agrícolas causam danos aos cultivos, na economia e na disponibilidade e acesso aos alimentos, interferindo na segurança alimentar e nutricional. Visando garantir a disponibilidade de alimentos para a população, países têm adotado ações para a Redução de Riscos de Desastres (RRD). Este trabalho teve por objetivo fazer uma análise de ações em RRD voltadas para a resiliência da segurança alimentar. Foi realizada uma pesquisa literária qualitativa sobre o que se têm feito para se adaptar e manter a segurança alimentar frente aos desastres. Destacam-se ações exercidas na Índia, Filipinas, Guiana e África; programas e projetos desenvolvidos na América Latina e Caribe; e cooperações entre diversas nações. Concluiu-se que a incidência de um desastre contribui para a insegurança alimentar, interferindo na economia dos países e na qualidade de vida da população. Por isso, investir na gestão para a RRD é também investir na construção da resiliência para a segurança alimentar.

Avaliação, mitigação e comunicação do risco sísmico: ensinamentos do projeto PERSISTAH

O projeto PERSISTAH foi pioneiro em Portugal na utilização das metodologias de avaliação sísmica estipuladas no EC8, aplicando-as a um conjunto alargado de escolas do 1.º ciclo do ensino básico existentes na região do Algarve. Para que fosse possível atingir esse objetivo ambicioso, foi desenvolvido um programa informático que permite avaliar o nível de segurança sísmica de uma escola. No entanto, também é importante garantir que as populações entendam que mesmo que um edifício cumpra os requisitos de segurança sísmica estipulados num regulamento, as estruturas não são concebidas para resistir aos sismos intensos sem danos. Assim, a comunicação do risco sísmico é de grande importância para o aumento da resiliência sísmica das comunidades. Para isso, foram criados textos de apoio à comunidade estudantil de modo a facilitar a assimilação de conceitos e de medidas de autoproteção e de mitigação do risco, especialmente as relacionadas com os elementos não-estruturais, que poderão ficar seriamente danificados mesmo em edifícios corretamente projetados, podendo causar ferimentos ou mesmo a perda de vidas e das funções do edifício. Neste trabalho, foi usada a Escola EB2 de Sagres como ponto de referência dos resultados apresentados.

Comunicar o risco sob o prisma das relações públicas: reflexão preliminar

A significação do risco não gera consenso, quer junto da comunidade científica, quer entre decisores/reguladores e os media, sem esquecer o público leigo - no limite, a população que se pretende (in)formada e ativamente envolvida no processo de mitigação dos riscos. Urge comungar a noção de risco, aproximando perceções de peritos e leigos. A essa relação de concordância dos níveis de conhecimento, chama-se comunicação do risco. A prática de uma comunicação integrada do risco, estrategicamente direcionada para diferentes níveis de consciência e informação, constitui-se um meio eficaz na compreensão, avaliação e ação sobre os riscos. Tal comunicação aproxima-se do ideal de governança do risco, na qualidade de canal de troca de (in)formações e opiniões entre stakeholders para que convirjam decisões face aos comportamentos a implementar. Neste artigo, a partir do estudo da comunicação de uma autarquia local, traz-se a debate o papel que as Relações Públicas poderão desempenhar na antecipação do risco, bem como na capacitação das partes interessadas numa resposta concertada e atempada às diferentes interpretações dos perigos e incertezas da sociedade atual.

Gestão de Riscos de Desastres relacionados a deslizamentos sob a perspectiva da ecologia de saberes: desafios à rede para gestão de riscos da bacia do Córrego d’Antas

O desastre na região serrana do estado do Rio de Janeiro, em 2011, decorrente de deslizamentos e inundações repentinas, matou mais de mil pessoas e mostrou uma cultura incipiente para enfrentamento dos riscos. No município de Nova Friburgo, pesquisadores, comunidades afetadas e gestores públicos criaram, em 2014, a Reger-CD/Rede para Gestão de Riscos da Bacia do Córrego d’Antas, a partir de um diálogo horizontal, fundamentado na Ecologia de Saberes. Esta rede elaborou pesquisas e produtos fundamentados numa cultura de gestão participativa voltada à redução de riscos. Esse trabalho foi conflituoso e, muitas vezes, ocorreu a tentativa de imposição do saber técnico-científico sobre o saber popular. A valorização radical de ambos os saberes fortaleceu a construção da Rede. O aumento de participação de pessoas (de 8 para mais de 150) e instituições (de 2 para 16) nos projetos realizados mostra que o processo tem sido exitoso. Compreender conflitos e avaliar soluções relacionados à Reger-CD retroalimenta outras iniciativas que possam fortalecer a construção de um novo modelo de gestão participativa de riscos.

Methodology for mapping the probability of fire occurrence in the Brazilian cerrado biome based on the danger of fire propagation variables

The area covered by the Brazilian cerrado biome has been greatly reduced in recent years due to the expansion of agricultural land and the increased number of fire outbreaks. The objective of this paper is to propose a methodology based on geospatial analysis and logistic regression analysis (LRA) for mapping the probability of fire occurrence in Brazilian cerrado conservation units. This model was applied in the Serra da Canastra National Park (SCNP) in the Southeast of Brazil. The methodology uses the maps of the following environmental variables, which are related to the danger of fire propagation: wind effect (WIN), terrain convexity (CVX), slope (SLO), drainage density (DRD), altitude (ELV), vegetation index (NDVI), and road density (ROD). The results of the LRA showed that the variables SLO, ELV, NDVI, ROD (p<0.0001), DRD (p=0.0005) and WIN (p=0.0007) contributed significantly to the occurrence of fire outbreaks. The model correctly classified 94.26% of cases. We conclude that this methodology can be used to inform the planning of firefighting actions in the Brazilian cerrado biome.