Cadernos de Estudos Lingüísticos
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Published By Universidade Estadual De Campinas

2447-0686

2021 ◽  
Vol 63 ◽  
pp. e021043
Author(s):  
Nadia Regia Maffi Neckel
Keyword(s):  

É possível pensar o corpo e a imagem, pela Análise de Discurso, como materialidades significantes. Assim, corpo e imagem são tomados igualmente a partir do tripé teórico que constitui a visada materialista discursiva: a linguística, a psicanálise e o materialismo histórico. Uma vez objeto discursivo, pensamos – corpo e imagem - não mais na transparência, mas na opacidade e na equivocidade que lhes são constitutivas. Neste trabalho, o conceito de imagem-corpo encontra o conceito de arquivo em um movimento pendular, entre o poético e o político. Corpo-imagem e arquivo são pensados aqui, como processos em com-posição. É, pois, considerando o processo criativo/discursivo do/no laço social, que propomos uma reflexão a respeito do funcionamento do Discurso Artístico, a partir de uma produção artística contemporânea tecida em meio à “ferida” de nosso tempo. A arte como presença/ausência no cenário sócio-histórico. A arte como “alavanca” de um luto negado. Nossa proposta é um gesto de leitura da performance “Marcha à Ré” produzida pela Cia. Teatro da Vertigem, Nuno Ramos e Eryk Rocha, na cidade de São Paulo em agosto de 2020.


2021 ◽  
Vol 63 ◽  
pp. e021042
Author(s):  
Andrés Saab

Within the framework of a uniform theory of the so-called se constructions in Spanish, I propose to explain a control ban that has received almost no attention in the previous bibliography. Specifically, as long as a subject control sentence has an impersonal SE as controller, the subordinate infinitive clause cannot contain any other instance of the clitic SE, other than the so-called spurious SE. The source of this restriction follows, as I will argue, from a legibility problem at LF produced, specifically, by a failed attempt to apply Agree between PRO and the embedded SE, which, as we shall see, acts as a probe for A-movement. If the explanation that I offer is correct, it also follows a series of theoretical conclusions that directly affect the way in which we must conceive of the design of Agree in the syntax and its effect at the LF interface. In particular, the system tolerates certain Agree failures (Preminger 2014) as long as it does not affect legibility in the semantics. Indeed, the theory of SE constructions that I assume here derives the distinction between paradigmatic and non-paradigmatic SE as the result of successful or unsuccessful Agree applications, respectively. The limit of this tolerance to failed applications of Agree must be found in the type of semantic object that can be deduced at LF. This limit is illustrated with the aforementioned restriction in control and impersonal SE contexts that motivates the present study.


2021 ◽  
Vol 63 ◽  
pp. e021041
Author(s):  
João Kogawa ◽  
Reinaldo Dias dos Santos

O objetivo deste estudo é analisar o processo de mitificação do trabalho docente no discurso pedagógico materializado em sequências discursivas coletadas da seção “Caro Educador” da Revista Nova Escola. Para este fim, fundamentamos nossa investigação em uma interface entre a análise do discurso pecheutiana e a teoria barthesiana do mito. A hipótese deste artigo é que o discurso pedagógico inscrito em Nova Escola retoma uma memória em que o pedagógico e o religioso se compõem interdiscursivamente em torno do enunciado de referência: todo professor é/deve ser um educador. Este enunciado consolida uma relação interdiscursiva entre os discursos pedagógico e religioso e fornece evidências para uma concepção de docência como trabalho missionário ou chamado divino. Os resultados analíticos mostram que, de diferentes formas, a docência é significada pela ausência de seu sentido mercadológico. Marcada por uma aura de nobreza e espiritualidade, a atividade docente é fortemente carregada de um significado sacerdotal.


2021 ◽  
Vol 63 ◽  
pp. e021038
Author(s):  
Cícero Villela ◽  
Wedencley Alves

O trabalho tem como objetivo analisar a hashtag “Marielle Presente” a partir das relações entre discurso, luto e memória. Parte-se da questão de como as vítimas da violência estatal constroem suas memórias. Tomando por base as considerações de Mbembe (2017) e Butler (2014) sobre a distribuição social das vulnerabilidades sociais, debatemos o processo discursivo que se instaura entre o gesto de denúncia, a elaboração e a formulação do luto desses sujeitos e sua luta pela memória. Tomamos a tag como paradigma de análise e nos debruçamos sobre suas condições de produção, bem como na sua formulação. Por fim, pode-se afirmar que o processo de circulação e formulação desses dizeres são marcados pela relação de presença-ausência, que possibilita ao sujeito enunciador, ao evocar um nome, também falar de si mesmo.


2021 ◽  
Vol 63 ◽  
pp. e021034
Author(s):  
Luciana Iost Vinhas
Keyword(s):  

O processo de elaboração e circulação do luto ganha corpo nas palavras e nas imagens expostas na edição n° 76 do Jornal Boca de Rua (Porto Alegre/RS), o único jornal brasileiro produzido por pessoas em situação de rua. A edição de meados de 2020 traz, na capa, a imagem de Leandro Corrêa, um dos integrantes do Boca, que, segundo o Jornal, foi “morto pelo sistema”. Com o protagonismo de Leandro no Jornal e com a divulgação de sua morte – junto com sua vida – o Jornal Boca de Rua formula o luto como um gesto político e social, materializando a resistência via ordinário do sentido. Através da análise da reportagem de capa, podemos observar elementos materiais que apontam para esse gesto de resistência, rompendo com o ‘enquadramento’ sobre quem pode e deve ser objeto de luto na nossa formação social. As derivas possíveis entre morte e assassinato, entre notícia e denúncia, entre notícia e homenagem permitem a interpretação do texto de capa como forma de elaboração e circulação do luto, inseparável de uma luta simbólica. A Análise de Discurso Materialista opera teórica e analiticamente no processo de descrição e interpretação do corpus, trazendo contribuições fundamentais para a discussão sobre luto/luta a partir da posição dominada.


2021 ◽  
Vol 63 ◽  
pp. e021030
Author(s):  
Aline Fernandes de Azevedo Bocchi
Keyword(s):  

Face à amplitude das perdas coletivas que envolvem os mortos pela pandemia de SARS-CoV-2, este ensaio busca problematizar versões do luto decorrentes das teorias psicanalíticas, em um trajeto de leitura da obra Luto e melancolia, de Sigmund Freud, trazendo à baila críticas realizadas por Allouch (2004). Sustentado em Lacan ([1958/1959] 2002), percorre-se um trilhamento sobre a problemática do luto subjacente à tragédia de Hamlet como tragédia do desejo, posto que articulada à constituição do sujeito, e enfatiza-se a importância dos ritos fúnebres, na tentativa de lançar alguns elementos que possibilitem compreender a elaboração do luto no horizonte de uma perda seca, perda essa amplificada pela pandemia. Trata-se de recolocar no campo social a função do público no luto, conforme Allouch (2004), e destacar o lugar dos rituais para restituir um campo mínimo de significantes que possam, referidos ao campo do Outro, circular o furo no real, permitindo ao sujeito localizar-se e poder dar valor e sentido à sua experiência de dor, articulando um apelo que o tire do impasse e conceda lugar ao ato sacrificial que ponha fim ao luto.


2021 ◽  
Vol 63 ◽  
pp. e021035
Author(s):  
Eduardo Alves Rodrigues ◽  
Carmen Agustini ◽  
Luiza Castello Branco
Keyword(s):  

Neste artigo, tomamos luto como discurso, configurando-se como efeito de sentido produzido no e pelo funcionamento da linguagem. Assim procedendo, questionamos como a significação de luto se movimenta, ganha direções ao materializar relações com outro(s) sentido(s), o que torna visível, discursivamente, o sentido de luto como não-um, ponto de possíveis articulações discursivas – relações de sustentação no/do fio discursivo – e latitudes discursivas – relações de distensão-(re)arranjo no/do fio discursivo. É por essas articulações e latitudes que o não-um sentido de luto constitui-se como metáfora e, dessa maneira, estrutura a e se estrutura pela produção de discursividades que significam diferentes formações sociais em direções diversas. Para lermos como a metáfora luto produz derivas, expomo-la, metodologicamente, a outras, como a do espelho – "uma imagem (que é) perturbad(or)a" – e a do sufocamento – "não é possível respirar". Compreendemos, assim, como o não-um sentido de luto funciona convocando relações que historicizam diferentes modos de "estar em luto", isto é, diferentes modos de (re)produzir o jogo da presença-ausência na e pela linguagem que determinam certos movimentos de identificação simbólica no e para o sujeito.


2021 ◽  
Vol 63 ◽  
pp. e021036
Author(s):  
Tiago Sanches Nogueira

O artigo propõe reflexão sobre o modo como a tragédia grega inscreveu em seus textos a presença daquilo que chamamos de “voz enlutada”. Trata-se da materialização, em uma emissão vocal genérica, da dor de uma perda fundamental que rege a vida do sujeito. Para nós, tal perda está associada àquela que a psicanálise descreve como primeira vivência de satisfação experimentada no laço com o Outro. Para sempre perdida, tal vivência é expressada na tragédia sob a forma da interjeição aîaî. Apresentando-se como um desdobramento do advérbio aeí (sempre) derivado de aion (força vital), o grito aîaî parece expressar a dor de um "para sempre" perdido que aos poucos se constitui como o próprio ato de perder. A tentativa de reencontro do objeto, a partir desta perda fundamental, será para sempre representado por Outra coisa.


2021 ◽  
Vol 63 ◽  
pp. e021039
Author(s):  
Giulia Mendes Gambassi

O objetivo deste artigo é apresentar uma interpretação do filme O que ficou para trás (2020), do diretor Remi Weekes, partindo não apenas da narrativa, mas também do contexto cultural e de migração forçada dos personagens principais, Bol e Rial Majur. Nessa história dramática de perda e solicitação de refúgio, mobilizaremos a psicanálise transcultural (MORO, 2015, BINKOWSKI; BERRIEL, 2018) para nos voltarmos ao que entendemos como trabalho de luto a partir da língua-cultura dinka. Enquadrado no gênero horror, o filme nos apresenta não só a trajetória de Bol e Rial no novo país e o (não) acolhimento da Inglaterra, como também suas lutas internas com o que parece ter ficado para trás, como a tradução do título nos aponta, mas que os acompanha e se reapresenta durante toda a trama. Trabalhamos a dimensão do horror no luto via o Unheimlich freudiano e a dessubjetivação daqueles que, como Bol e Rial, arriscam-se a sobreviverem inscritos em novas dimensões de alteridade e de laço social.


2021 ◽  
Vol 63 ◽  
pp. e021033
Author(s):  
Jaquelina Maria Imbrizi ◽  
Jussara de Souza Silva ◽  
Lais da Silva Vieira ◽  
Jeniffer Cambi de Freitas

A “Roda de Conversa sobre Sonhos” surgiu como proposta de acolhimento e partilha de experiências junto aos estudantes do curso de Psicologia em decorrência da suspensão do calendário acadêmico no contexto da pandemia. Este artigo visa apresentar as ações de uma psicanálise implicada com o seu tempo e com a invenção de modos de cuidado e um método de intervenção. Por meio da escuta e circulação da palavra sobre a narrativa onírica foram criadas intervenções em duas dimensões de tratamento do material trazido pelo sonhante: a inescapável singularidade e o comum partilhado. Os sonhos são entendidos como trabalho psíquico de elaboração dos acontecimentos traumáticos que reencenam interpelações direcionadas ao sujeito em duas direções: o contexto histórico e sociopolítico e as reminiscências do passado. O encontro produziu reflexões sobre morte e despedidas e sobre o desalento diante das incongruências dos representantes do governo.


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