Conexão Política
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Published By Universidade Federal Do Piaui

2317-3254, 2316-9168

2019 ◽  
Vol 8 (1) ◽  
pp. 29
Author(s):  
Joyce Amâncio De Aquino Alves

A discussão sobre o genocídio da população negra tem sido intensificada a partir da luta antirracista dos movimentos negros no Brasil, que buscam apontar a desigualdade e a violência que os atingem na sociedade. Nessa perspectiva, os discursos sobre o genocídio da população negra aparecem sob a forma de protesto político e a militância antirracista tem buscado evidenciar o fenômeno de violência e exclusão que definem as condições desse segmento na História Brasileira. É a partir da ideia do Mito da democracia racial e de um colonialismo ainda não rompido que a interpretação das estatísticas de mortes das vidas negras e dos índices de acessos à saúde, educação, moradia, entre outros, revelam a condição do ser negro. A nossa pesquisa busca compreender a construção dos discursos sobre o genocídio da população negra no cenário de Recife-PE. A partir dos discursos, identificamos os posicionamentos dos sujeitos sociais através do aporte teórico pós-colonial e da análise crítica do discurso na perspectiva de Teun Van Dijk, analisando os mecanismos mais ou menos sutis pelos quais o sistema de dominação racial é reproduzido. Por meio de entrevistas, foi possível perceber os elementos que compõem e constroem os discursos sobre o genocídio da população negra pautados numa desmistificação da igualdade racial. Aponta-se que os discursos analisados estabelecem duas principais matrizes sociais discursivas: as raízes do Colonialismo português e o Mito da Democracia Racial que se apresentam sob uma rede de significados, denunciando que não rompemos com esses fundamentos e que a democracia racial já tensionada se encontra em crise a partir dos discursos evidenciados no cenário político.


2019 ◽  
Vol 8 (1) ◽  
pp. 1
Author(s):  
Programa de Pós-Graduação Em Ciência Política da Universidade Federal do Piauí

O que mudou na agenda das relações raciais no Brasil? O que de novidade há na academia brasileira? Essas questões são norteadoras deste dossiê intitulado A questão racial no Brasil: novos temas, objetos e agendas de pesquisa. Tecnologias de comunicação e informação, representação política, genocídio negro e interseccionalidade são alguns dos temas que marcam a novidade no campo das relações raciais na contemporaneidade. Neste dossiê, há artigos que trazem resultados de investigações de jovens pesquisadores de diferentes universidades brasileiras. Trata-se de estudos realizados, na última década, nos programas de mestrado e doutorado de importantes estabelecimentos de ensino do país.O campo investigativo sobre a temática racial tem se ampliado nos últimos anos, sobretudo devido à inserção de novos (as) pesquisadores (as) em programas de pós-graduação por todo o país. Importante sublinhar que essa reconfiguração do corpo discente e docente nas universidades públicas e privadas tem influenciado também em reivindicações de novas temáticas de pesquisa. Por isso, o presente dossiê traz contribuições de intelectuais negras e negros que estudam a questão racial no contexto brasileiro contemporâneo. O primeiro artigo, que abre a presente reunião, é de Wescrey Portes Pereira, que estuda política e desigualdades raciais no Instituto de Estudos Sociais e Políticos, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP/UERJ). Preocupado com as causas da sub-representação dos negros no parlamento, o pesquisador, em diálogo com a ainda escassa produção acadêmica sobre o assunto, revela um campo de pesquisa emergente que precisa ser mais explorado pelas ciências sociais brasileiras. Em particular, nota a importância de estabelecer diálogo entre as aquisições dos estudos sobre desigualdades raciais em termos de renda e acesso educacional ao entendimento do sistema político brasileiro. Pereira chama a atenção justamente para o ponto nevrálgico do processo, qual seja o financiamento de campanhas e sua relação com o sucesso ou fracasso na competição eleitoral, segundo a cor dos candidatos e das candidatas.Logo em seguida, vem o artigo de Joyce Aquino Alves, que é resultante de sua pesquisa de doutorado realizada na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Trata-se de trabalho que investiga a construção da agenda política do genocídio da população negra entre os agentes civis na cidade de Recife. A autora se debruça sobre o uso do termo genocídio nos movimentos sociais, em contraste com a literatura acadêmica. Afirma a autora que a produção das ciências sociais sobre o tema aumentou e tem associado a terminologia à violência letal contra pretos e pardos, diferentemente do ativismo, que apresenta uma concepção mais ampla e processual do que seja o genocídio negro. Em que contextos se insere a questão do genocídio e qual a real utilidade desse conceito? Ou ainda: quais as diferenças entre os usos atuais e sua formulação pioneira em Abdias do Nascimento? Qual a relevância para tratar de casos concretos na atualidade, especialmente no que toca à realidade bárbara de mortes violentas entre jovens negros, pobres e periféricos no Brasil? Essas são questões enfrentadas pela autora que, associada à pesquisa empírica na cidade nordestina, ajuda a qualificar o debate, descentralizando territorialmente o campo de pesquisa, majoritariamente localizado na região centro-sul. Ao analisar os discursos dos ativistas pernambucanos engajados na luta contra o genocídio da população negra, Joyce Aquino ressalta o caráter não violento do ativismo em contraste com sua reivindicação, a luta contra a violência policial e mortalidade, seja pela agência ativa do Estado, seja por sua incapacidade de assegurar a vida das populações mais vulneráveis.Nesse contexto, que dizer dessa nova geração de ativistas no mundo da internet que influenciam nossas formas de pensar, nossos comportamentos e nossas sensibilidades? Como as jovens feministas negras têm se apropriado do ativismo digital? Quais as suas estratégias, discursos e plataformas de ação? Que mudanças tecnológicas e sociais garantiram às gerações ativistas de estratos sociais mais pobres o acesso ao mundo do ativismo digital? Essas são algumas das questões desenvolvidas pela pesquisadora da Universidade Federal do ABC (UFABC) Dulci Lima. Depois de um rico diálogo com a produção acadêmica especializada, seja a que caracteriza o histórico do feminismo negro no Brasil, seja a que mostra a nova fase da participação política dessas mulheres no mundo digital, a autora faz uma excelente exposição dos meios de compartilhamento e armazenamento de informações em que se movem as feministas negras brasileiras. As múltiplas possibilidades oferecidas pelas tecnologias da informação, além da cultura política ativista no Brasil que envolve o antirracismo e o feminismo, formaram um solo fértil para a atuação dessas jovens, que passaram a praticar o ciberfeminismo, com forte crítica aos padrões dominantes euro-ocidentais, brancos e heteronormativos. Dedicada não apenas aos discursos, mas, sobretudo, às ferramentas por meio das quais essas mulheres vocalizam suas demandas, a autora apresenta um sofisticado, atual e instigante trabalho, que envolve temas centrais nos debates de hoje, quais sejam raça, gênero, sexualidade, geração e novas tecnologias de comunicação.As ações afirmativas causaram expressiva mudança no perfil universitário dos últimos anos. Esse impacto foi ainda sentido nas formas como as entidades negras se reconfiguraram. Com esse tema em mãos a pesquisadora Stephanie Lima, da UNICAMP, investigou as estratégias, práticas e discursos dessa nova juventude que tem tematizado, em perspectiva interseccional, as categorias raça, gênero e sexualidade. As novas mobilizações e ações coletivas no chamado “movimento universitário” têm indicado o sentido da cultura política de um segmento social brasileiro mais escolarizado, podendo ser, por isso, expressão de transformações sociais vindouras. Mostra a pesquisadora como é o tornar-se negro no novo contexto universitário do país. Agentes que promovem essas novas sensibilidades e sua agenda na estrutura acadêmica são objeto de investigação desse artigo. O dossiê também conta com três resenhas. A primeira delas é de Paulo Ramos, pesquisador da Universidade de São Paulo, que faz uma releitura do livro O genocídio do negro brasileiro. A resenha é oportuna porque em 2018 completaram-se 40 anos da referida obra. Ademais, sublinhe-se não apenas a importância de Abdias do Nascimento, ativista negro brasileiro internacionalmente reconhecido, mas também a relevância histórica desse livro que se tornou emblema contra o paradigma intelectual, político e cultural da mestiçagem, mostrando que este não seria solução harmônica nos trópicos, mas o seu inverso: apagamento demográfico e cultural dos negros e sua descendência. Na resenha o autor esclarece a ideia de genocídio, tão em voga na linguagem política civil da atualidade, contudo muito distinta daquela elaborada por Nascimento. Lembra-nos Ramos que, para Abdias do Nascimento, genocídio é processo, marcado pela lógica do embranquecimento demográfico, cultural e até biológico, enquanto, no presente, genocídio é entendido como ação, ato, prática, que envolvem a destruição física por meio da violência letal.Frantz Fanon: um revolucionário, particularmente negro, livro escrito pelo professor da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Deivison Faustino, foi resenhado por Lourival Aguiar. O texto do pesquisador ressalta a trajetória de Franz Fanon, da Martinica à Argélia, passando pela França, onde estudou e trabalhou na área da psiquiatria. Além do itinerário pessoal e político, a resenha mostra o pensamento de Fanon em contraste com outras tradições intelectuais, como o movimento de negritude. Além das divergências com o movimento intelectual francófono, Aguiar, em sua síntese, mostra o esforço de Fanon em atrelar o colonialismo, a psiquiatria e o marxismo. O trabalho de Aguiar faz jus ao belo livro de Faustino e é editado por Marciano Ventura.Por fim, este dossiê conta com o trabalho de Maiah Lunas de Oliveira, da Universidade Federal Fluminense, que escreveu sobre o recém-lançado A cor do amor: características raciais, estigma e socialização em famílias negras brasileiras, de Elizabeth Hordge-Freeman, professora da University South Florida. Seu livro, publicado em português pela EDUFSCAR, traz resultados do estudo realizado na cidade de Salvador, onde a autora desenvolveu sua pesquisa enquanto fazia intercâmbio na Universidade Federal da Bahia.


2019 ◽  
Vol 8 (1) ◽  
pp. 71 ◽  
Author(s):  
Stephanie Lima

A última década vem sendo marcada por um conjunto de implementações de políticas afirmativas nas universidades brasileiras, resultando num crescimento contínuo de sujeitos nesses espaços. A pesquisa de doutorado que dá origem a este artigo tem como objetivo geral explorar as transformações nas táticas e estratégias políticas nesse contexto, considerando a emergência de formas recentes de ação coletiva em universidades brasileiras e os próprios processos de emergência e de produção de novos sujeitos políticos. Apresento algumas reflexões a partir da etnografia em dois encontros nacionais universitários: o I EECUN (Encontro de Estudantes e Coletivos Negros Universitários) e o XIV ENUDSG (Encontro Nacional em Universidades sobre Diversidade Sexual e Gênero), realizados em 2016. Por fim, considero que a pesquisa de campo realizada nestes dois encontros nacionais, que reúnem e reuniram um considerável número de participantes e que contaram com diversos atores envolvidos na organização, permite pensar as articulações entre esses atores para além das tensões tocantes às relações entre os diversos movimentos que estão na universidade – como o movimento estudantil, feminista, negro e LGBT.


2019 ◽  
Vol 8 (1) ◽  
pp. 93
Author(s):  
Paulo César Ramos
Keyword(s):  

NASCIMENTO, Abdias do. O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. São Paulo: Editora Perspectiva, 2016.


2019 ◽  
Vol 8 (1) ◽  
pp. 11
Author(s):  
Wescrey Portes Pereira
Keyword(s):  

O que impede os negros e negras de acessarem os espaços de representação política? Pesquisas mais recentes focadas no impacto da raça no sistema eleitoral têm identificado uma forte presença de negros na competição eleitoral, todavia essa presença não se materializa em representação nas casas legislativas. Nesse esteio, o presente artigo busca descrever o quadro geral da participação dos candidatos negros e negras nas eleições de 2016 na cidade do Rio de Janeiro, nesta onde se deu a primeira eleição em que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) levantou informações sobre raça/cor dos candidatos. Em diálogo com a literatura especializada, buscaremos apresentar alguns caminhos para a formação de uma agenda mais densa de estudos sobre sub-representação política de negros e negras.


2019 ◽  
Vol 8 (1) ◽  
pp. 49
Author(s):  
Dulcilei da Conceição Lima
Keyword(s):  

Um conjunto de fatores como a expansão e popularização do feminismo, a ampliação da inserção de estudantes negros no ensino superior, bem como o desenvolvimento e expansão da Web 2.0 com as ferramentas de produção descentralizada de conteúdo através de blogs e redes sociais como o Facebook e o Twitter abriu caminho para que mulheres negras feministas rompessem a ausência de representações positivas de negros e negras na mídia que impactam negativamente as subjetividades e autoestima da população negra através da produção de textos, imagens e tutoriais que valorizam as trajetórias, conhecimentos e estética da população negra. Os feminismos em atuação na web, em particular o feminismo negro, vêm buscando não apenas um espaço de compartilhamento e troca, mas principalmente formas de participação e intervenção nas agendas políticas da sociedade, espaço de participação e visibilidade que grupos minoritários frequentemente não encontram na grande mídia. As mídias digitais possibilitaram ao feminismo ampliar seu alcance, apresentação e público que pode acessar discussões que, na era pré-internet, estavam limitadas a nichos específicos.


2019 ◽  
Vol 8 (1) ◽  
pp. 103
Author(s):  
Maiah Lunas De Oliveira

HORDGE-FREEMAN, Elizabeth. A cor do amor: características raciais, estigma e socialização em famílias negras brasileiras. São Carlos: EDUFSCAR, 2018.


2019 ◽  
Vol 8 (1) ◽  
pp. 97
Author(s):  
Lourival Aguiar
Keyword(s):  

FAUSTINO, Deivison Mendes. Frantz Fanon: um revolucionário, particularmente negro. 1. ed. São Paulo: Ciclo Contínuo Editorial, 2018.


2019 ◽  
Vol 8 (1) ◽  
pp. 7
Author(s):  
Raimundo Batista Dos Santos Junior ◽  
Flavia Rios ◽  
Marcio André De Oliveira Dos Santos

Apresentação


2018 ◽  
Vol 6 (2) ◽  
pp. 65
Author(s):  
Soraia Marcelino Vieira

A representação é um importante elemento para a democracia. Atualmente muito se tem debatido sobre as questões referentes a este tema. Neste artigo enfatiza-se a representação partidária como importante componente para a democracia. Busca-se observar como os brasileiros têm percebido a representação, se consideram que há algum partido que os representa, se há algum partido que gostam e como essas duas variáveis se relacionam entre si e com as variáveis sexo e escolaridade. Para isto utiliza-se dos dados do ESEB (2002, 2006, 2010 e 2014). Os métodos privilegiados são a revisão bibliográfica e a estatística descritiva. Os dados sinalizam a variação nas percepções dos entrevistados às quais poderão ser investigadas mais profundamente incorporando variáveis contextuais na análise. 


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