scholarly journals Mário de Sá-Carneiro e a festa parisiense da belle époque

2016 ◽  
Vol 21 (2) ◽  
pp. 21
Author(s):  
Teresa Cristina Cerdeira da Silva

http://dx.doi.org/10.5007/2175-7917.2016v21n2p21O episódio da Festa da Americana em A Confissão de Lúcio dá a ver a ambiência da Belle Époque parisiense. A Festa desempenha aí um duplo papel: o da teatralização e o do aprendizado. De um lado, essa orgia mágica ilustra perfeitamente a noção batalliana de “despesa” da qual se afastam as limitações e as regras do trabalho. De outro, pode-se certamente ver aí o amálgama inesperado do gozo e da aptidão intelectual, da desmedida orgíaca e da busca espiritual, o que faz pensar no Banquete platônico. Esse refinamento erótico da linguagem não está longe das linhas sinuosas, das volutas e da ornamentação da Arte Nova em que se destaca a Belle Époque Francesa. A herança impressionista do jogo de cores, a aventura baudelairiana da correspondência das sensações, a experiência conjunta de excesso e de sutileza oferecem aos expectadores uma mise en scène da voluptuosidade, tal como a concebe essa estranha mulher, espécie de porta-voz do autor que, como tantos outros artistas, veio a Paris no alvorecer do século XX para experimentar o gozo da modernidade.

2021 ◽  
Vol 10 (2) ◽  
pp. 104-119
Author(s):  
Stéphane Hadjeras

FR. A la veille de la Grande Guerre la boxe anglaise a pris, dans les sociétés anglo-saxonnes (États-Unis, Grande-Bretagne et Australie) et depuis peu en France, une dimension sociale et culturelle d’importance. Dans l’Hexagone alors qu’elle était au tournant du XIXème siècle une mise en scène illégale et inconnue du grand public, elle a connu en 10 ans une fulgurante ascension. Aussi, En 1914, elle est devenue sport roi non seulement à Paris mais également en province. Ce que l’on peut appeler « la Belle Époque de la boxe anglaise en France » est marqué par une corrélation entre les succès de cette pratique et l’avènement de la première superstar du sport tricolore : le boxeur Georges Carpentier. Né en 1894 à Liévin, dans les bassins miniers du Pas-de-Calais, le « gosse » embrasse la carrière de pugiliste à l’âge de 14 ans. Entre 1908 et 1914, au rythme de nombreuses et surprenantes victoires, sa popularité ne cesse de croître. Elle atteint son apogée dans les deux années précédant la guerre, particulièrement lors de probants triomphes face à la fine fleur pugilistique britannique. A l’occasion de matchs mobilisant les ressorts du nationalisme anti-anglais, ces affrontements poursuivent la longue inimitié historique entre la France et la « perfide Albion », tout en nourrissant et amplifiant la célébrité du jeune prodige. A l’aube du culte des vedettes et dans une métaphore évidente de la guerre, la presse franco-britannique n’hésite pas à l’élever au rang de « vengeur de Waterloo ». Puis, contre toute attente, à quelques mois de l’embrasement de la vieille Europe, augurant du nouveau jeu d’alliance militaire qui se dessine dans les salons de la diplomatie franco-anglaise, il devient dans ces mêmes journaux le « champion de l’Entente Cordiale ». *** EN. In the years preceding the Great War, English boxing occupied an important social and cultural role in Anglo-Saxon societies (United States, Great Britain and Australia) and came to gradually occupy a similar position in France. At the turn of the 19th century, it was still an illegal and obscure show to French audiences. However, in the course of the following decade, it was propelled to higher grounds: by 1914, it had become the king of sports, both in Paris and in the provinces. The “Belle Époque of English boxing in France" is characterized by the correlation between the success of the sport and the rise of the first French boxing superstar, Georges Carpentier. Born in 1894 in Liévin, in the coal mining basins of the Pas-de-Calais, the “kid” embraces the career of pugilist at the age of 14. Between 1908 and 1914, his popularity was on a constant rise thanks to numerous and surprising victories. His popularity climaxes in the two years preceding the war, largely thanks to multiple victories against the British pugilistic elite. Mobilizing nationalism fueled by anti-English sentiments, these boxing matches are presented as a natural extension of the long historical enmity between France and the "perfidious Albion", contributing to grow and amplify the young prodigy’s fame. At the dawn of celebrity worship, and in an obvious metaphor of the war, the Franco-British press did not hesitate to adorn him as the "Waterloo avenger". Then, against all odds, a few months before the dislocation of old Europe, the same newspapers transformed him into the "champion” of the Entente Cordiale, implicitly pulling in behind the new military alliances taking shape in the halls of Franco-British diplomacy. *** PT. Às vésperas da Grande Guerra, o boxe inglês assume uma dimensão sociocultural central nas sociedades anglo-saxônicas (Estados Unidos, Grã-Bretanha e Austrália). Isso ocorre também na França, onde, até a virada do século XIX, não passava de uma encenação ilegal desconhecida do público em geral. 10 anos depois, experimenta uma ascensão meteórica, tornando-se, em 1914, o rei dos esportes em Paris, mas também nas demais cidades francesas. O período da Belle Époque do boxe inglês na França é marcado por uma convergência entre o sucesso do boxe e o advento da primeira superestrela do esporte francês: o boxeador Georges Carpentier. Nascido em 1894 em Liévin, nas bacias mineiras do Pas-de-Calais, o “moleque”, como era chamado, abraçou a carreira de pugilista aos 14 anos de idade. Entre 1908 e 1914, tendo já acumulado diversas vitórias surpreendentes, sua popularidade não para de crescer, atingindo seu auge nos dois anos que precederam a guerra, com vitórias arrasadoras contra a nata do pugilismo britânico. Essas partidas, cenário de incitação ao nacionalismo antiinglês, passaram simultaneamente a consolidar a longa inimizade histórica entre a França e o “pérfido Albion” e a fama do jovem prodígio. Nos primórdios do culto às estrelas do esporte, a imprensa franco-britânica, lançando mão de uma óbvia metáfora bélica, eleva Carpentier ao ranking de “vingador de Waterloo”. Poucos meses antes do estremecimento da velha Europa, contrariando todas as expectativas e prefigurando o novo jogo de alianças militares que se perfilava nos salões da diplomacia franco-britânica, Georges Carpentier torna-se, nas colunas desses mesmos jornais, o “campeão da Entente Cordiale”. ***


2020 ◽  
Vol 9 (1) ◽  
pp. 94-125
Author(s):  
Valeria Guimarães

O artigo é um estudo sobre a Revue Franco-Brésilienne publicada em fins do século XIX no Rio de Janeiro e que reuniu nomes expressivos da intelectualidade da época. O objetivo desse artigo é analisar um dos periódicos literários que tinha como proposta explícita a cooperação binacional. A análise está focada no papel de alguns de seus editores e colaboradores na consolidação desses vínculos e na constituição de um campo cultural e literário do início do século XX sob uma perpectiva transnacional.


2004 ◽  
Vol 10 (1) ◽  
pp. 109-120
Author(s):  
Klaus Kreiser
Keyword(s):  

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