Anuário de Literatura
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Published By Universidade Federal De Santa Catarina

2175-7917, 1414-5235

2021 ◽  
Vol 26 ◽  
pp. 01-18
Author(s):  
Sergio Schargel Maia de Menezes
Keyword(s):  

Em 2012, quando a recessão democrática mundial ainda estava apenas em seu sexto ano consecutivo de acordo com os índices da Freedom House, Timur Vermes publicou o best-seller Ele está de volta. Rapidamente transformado em filme, o absurdo da sátira política de Vermes beira o kafkiano: Hitler retorna dos mortos. É tomado levianamente como um ator fascinante, por nunca quebrar seu papel, e de forma gradual ascende novamente à política. Flexionando as fronteiras entre o real da política e o real da literatura, bem como entre o humor e o horror, Ele está de volta explora, cruamente, a possibilidade do fascismo retornar e a perigosa negação do fenômeno. Esse artigo irá colocar uma base teórica sobre o conceito de fascismo – entendendo-o como conceito político genérico, portanto passível de deslocamento para além de sua manifestação original – em diálogo com a ficção de Vermes, tornando possível, no processo, perceber não apenas aparições de traços do fascismo na ficção, mas também de suas manifestações contemporâneas. Assim, espera-se contribuir para o estado da arte ao incrementar a compreensão de um conceito polissêmico, bem como alertar para o perigo de acreditar que o fascismo morreu com a morte de Hitler em 1945. Pois, como Vermes mostra, um Hitler sempre pode estar de volta.


2021 ◽  
Vol 26 ◽  
pp. 01-12
Author(s):  
Marcos Lampert Varnieri

O conto Alexandrita (um fato natural à luz do misticismo), do autor russo Nikolai Leskov (1831-1895), apresenta-se particularmente adequado a uma leitura anímica de seus aspectos insólitos. A personalização das pedras alexandrita e piropo, minerais preciosos que representam as nações russa e tcheca respectivamente, dá à narrativa a hesitação necessária para uma caracterização fantástica, segundo a teoria de Tzvetan Todorov reforçada por David Roas. As duas gemas são tratadas pelo personagem do ourives como dotadas de vida e de alma, características centrais do animismo. Além da concepção anímica, há no conto um contraste entre os saberes civilizados e os chamados tradicionais, pois ao narrador, representante da característica urbana, opõe-se o velho ourives cabalista e místico, guardião da tradição popular de sua terra. Walter Benjamin (1936) retoma a obra de Leskov em sua conhecida teorização acerca da arte de narrar. A qualidade narrativa por ele prezada está contida no modo artesanal como Leskov constrói suas obras. Tal reflexão sobre a arte literária está também em Sigmund Freud, que tece considerações aproximando a psicologia e a antropologia da literatura. O conto Alexandrita é, portanto, o ponto de encontro de conceitos e disciplinas díspares visto ser ele valioso como os objetos e saberes que descreve.


2021 ◽  
Vol 26 ◽  
pp. 01-06
Author(s):  
Bianca Rosina Mattia ◽  
Elton da Silva Rodrigues ◽  
Isabele Soares Parente ◽  
Jair Zandoná ◽  
Tânia Regina Oliveira Ramos

2021 ◽  
Vol 26 ◽  
pp. 01-11
Author(s):  
Ana Maria Alves de Souza

Neste ensaio, intentamos apresentar uma reflexão acerca da poética da “mistura”, (COCCIA, 2018), costurando a leitura de uma série de obras artísticas produzidas pela aquarelista Maria Esmênia, que foram postadas em sua página no Facebook durante o início da pandemia  em 2020, relegando-nos ao distanciamento físico e levando-nos a uma proximidade virtual. Nosso objetivo é problematizar aqui uma leitura que pretende ser estética e política ao mesmo tempo, ao abordar as formas e cores da passagem do tempo pandêmico na vida e na obra dessa artista. Vemos na série de pinturas/colagens/fotomontagens de laranjas realizadas por Maria Esmênia, e nas cores que se transformam (CRUZ, 2001), um detalhe (RANCIÈRE, 2009), um biografema (BARTHES, 2003), um instante-já (LISPECTOR, 1973), que contam a história.  Assim procedendo, procuramos fazer uma leitura de um fragmento de obra de uma artista com sua singularidade, mas também remetendo-nos a um coletivo, aos elos dessa poética com um comportamento social comum a outros artistas, cada um em seu momento de vida e singularidade, todos compartilhando em seus corpos as marcas do processo do tempo (GOLDEMBERG, 2013) que passa, misturando-se com a prática artística na vida cotidiana da cidade, num movimento estético urbano espalhado pelo mundo.


2021 ◽  
Vol 26 ◽  
pp. 01-22
Author(s):  
Marta Helena Cúrio de Caetano ◽  
Sandra Pottmeier
Keyword(s):  

O presente artigo, assentado na teoria marxista acerca o trabalho alienado para caracterizar a sociedade capitalista, propõe uma reflexão sobre a relação simbólica que é proposta pelo filme A Vila (The Village, 2004) entre a sociedade capitalista contemporânea, a sensação de alienação e a nostalgia em relação a formas precedentes e mais satisfatórias de organização social da existência humana. O filme de autoria e direção de M. Night Shyamalan foi lançado em julho de 2004, cuja filmografia se caracteriza por uma peripécia final que, geralmente, obriga a audiência a reinterpretar a narrativa como metáfora. Trata-se de uma narrativa de horror e mistério. Destacam-se as referências à cor vermelha que atrai as criaturas da floresta, a atmosfera sombria da floresta, a vigília e o medo em que vivem os habitantes da vila. Horror e mistério são as marcas publicitárias do filme. A Vila promove e elabora uma reflexão sobre as formas – práticas e discursos – de contestação da sociedade capitalista que em sua crítica recorrem à retórica da alienação.


2021 ◽  
Vol 26 ◽  
pp. 01-15
Author(s):  
Yara Fernanda Chimite ◽  
Juracy Assmann Saraiva ◽  
Sandra Portella Montardo
Keyword(s):  

Este artigo analisa o conto “A maior ponte do mundo”, de Domingos Pellegrini, com enfoque no entrelaçamento entre a narrativa literária e a narrativa histórica. Publicado originalmente em 1977 na coletânea O homem vermelho, primeiro livro do autor, o conto relata as experiências de dois eletricistas na construção da ponte Rio-Niterói, no Rio de Janeiro, no ano de 1974. A narrativa centra-se, portanto, em um evento factual, dando-lhe, todavia, um tratamento fictício. Dessa forma, o artigo investiga as aproximações e distanciamentos entre literatura e história, explorando o modo como o fato histórico é reimaginado em uma narrativa que, por ser ficcional, expressa sentimentos e pensamentos possíveis dos envolvidos no episódio. Examina, ainda, como as escolhas estéticas do autor – concepção das personagens, linguagem marcadamente coloquial, ritmo narrativo acelerado – colaboram para construir um efeito de verossimilhança que convida o leitor a retomar os acontecimentos do passado, a reconfigurá-los no tempo presente e a melhor compreender sua própria historicidade.


2021 ◽  
Vol 26 ◽  
pp. 01-04
Author(s):  
Mateus Carvalho Nunes

2021 ◽  
Vol 26 ◽  
pp. 01-18
Author(s):  
Andressa de Jesus Araújo Ramos ◽  
Maria do Perpétuo Socorro Galvão Simões
Keyword(s):  

De acordo com Maria de Fátima de Souza Santos (1994), o estudo do envelhecimento humano e/ou da velhice no âmbito das Ciências Humanas é recente, principalmente no Brasil onde somente nos últimos anos começam a surgir trabalhos científicos nas áreas de Psicologia, Sociologia, dentre outras. Em nossas investigações nos Repositórios Institucionais on-line das renomadas Universidades encontramos pouquíssimos trabalhos na área de Letras (Literatura), sobretudo nos Cursos de Doutorado que abordam essa etapa da vida humana e isso acaba se tornando algo, extremamente, preocupante, pois nos impede de desenvolvermos nossa função social enquanto literários que é a de humanizar os sujeitos através dos textos literários, como propõe Candido (1972). Desse modo, levando em conta o número reduzido de Teses na área de Letras, bem como o nosso interesse pelo tema, decidimos estudar a senescência, especialmente a feminina, pois além de os censos e os dados estatísticos demonstrarem que existem mais mulheres do que homens na velhice, ocasionando assim o fenômeno da feminização ou a feminilização que é discutido por Menezes (2017) e Salgado (2002), as mulheres na velhice experimentam, segundo Debert (1994), uma situação de dupla discriminação: a de ser mulher e a de ser velha. Contudo, os resultados de nossas pesquisas no acervo “O Imaginário nas Formas Narrativas Orais Populares da Amazônia Paraense” (IFNOPAP) revelaram um novo perfil da mulher velha, que não vem carregado de preconceitos e nem de estereótipos, mas de novidade, liberdade e curiosidade. Sendo assim, o objetivo geral desta pesquisa é compreender como a velhice feminina é representada em narrativas orais da Matintaperera. O referencial teórico deste estudo ampara-se em: Beauvoir (2018), Goldenberg (2017), Debert (1994) e Zimerman (2007).


2021 ◽  
Vol 26 ◽  
pp. 01-16
Author(s):  
Maria do Rosário Alves Pereira ◽  
Claudia Cristina Maia

Este artigo apresenta um breve estudo sobre a velhice feminina representada na literatura brasileira escrita por mulheres. Parte de um preâmbulo que procura informar sobre a ausência do tratamento dessas personagens em nossa literatura para depois analisar narrativas curtas (contos e minicontos) das seguintes escritoras: Clarice Lispector, Lygia Fagundes Telles, Cíntia Moscovich e Alê Motta. A análise é ancorada no pensamento de Simone de Beauvoir, Natalia Ginzburg, Eurídice Figueiredo, Carmen Lucia Tindó Secco e outras pesquisadoras, que apresentam importantes reflexões sobre a velhice, com destaque para a questão da solidão, que se mostrou recorrente nas narrativas selecionadas para o corpus, mas tratada de forma distinta em cada uma delas. A intenção não é traçar um panorama de tais representações, o que demandaria um estudo de mais fôlego, mas apontar algumas recorrências e particularidades quanto à temática, sobretudo no que toca à autoria feminina. Saliente-se que o tema da velhice faz-se pertinente para a análise pois é pouco estudado na literatura brasileira em geral, o que aponta para a relevância desta investigação.


2021 ◽  
Vol 26 ◽  
pp. 01-22
Author(s):  
Gabriel Esteves
Keyword(s):  

O objetivo deste artigo é recuperar a tragédia histórica como gênero reconhecidamente romântico, quer dizer, como gênero que atende às expectativas de intelectuais identificados com o romantismo nas primeiras décadas do século XIX (Staël, Manzoni, Schlegel, Stendhal, Lebrun, Delavigne etc.), que antecipa e compartilha várias características com o drama (mistura de gêneros, desrespeito às unidades clássicas, realismo histórico, enriquecimento de decoração e figurino, complexificação da trama etc.) e, enfim, que mantém um evidente comércio com o drama e o melodrama durante todo o século, não raro com eles dividindo os mesmos palcos e atores. Para tanto, recorro à análise da recepção jornalística feita à peça Le Cid d’Andalousie, de Pierre Lebrun, encenada em 1825, e argumento contra a concepção amplamente difundida de que o teatro romântico se identifica exclusivamente com o drama tal qual proposto por Victor Hugo, em 1827, no célebre prefácio ao Cromwell, e que a tragédia pertence apenas à tradição clássica.


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