Beckett e Oida: o desamparo como dissolvência do real
Esse artigo, escrito no fluxo de um jogo, adota como metodologia a ‘Prática como Pesquisa’, olhar que pode ser visto como sendo de matriz fenomenológica e que faz das experiências psicofísicas ignições concretas de elaborações e invenções. O objetivo aqui é perceber o processo criativo do espetáculo Fim de Partida - a partir do olhar de dois atores que o vivenciaram - como sendo gerador de campos dramatúrgicos, que envolvem nesse caso, além da fricção entre o texto de Samuel Beckett e a encenação de Yoshi Oida, também o escancaramento de múltiplos jogos de representação. À guisa de conclusão abrimos a questão de que talvez tais jogos, uma vez expostos, permitam a percepção da noção de ‘desamparo’ visto enquanto abertura perceptiva e criem espaço para a emergência de dissolvências no âmbito do assim chamado real.