TEATRO DE OBJETOS NA PANDEMIA: EXPERIMENTAÇÕES PRÁTICAS

Relato e reflexão sobre três experimentos cênicos na linguagem do teatro de objetos, uma vertente do moderno e do contemporâneo teatro de animação, concebidos e realizados durante o período de quarentena imposto pela pandemia mundial do novo corona vírus. Mais especificamente, o estudo busca compreender a relação entre o objeto e o conceito de metáfora, bem como as possibilidades do emprego consciente desta noção em processos artísticos. Palavras-chave: encenação contemporânea, processos criativos, metáfora, teatro de objetos.

Fim de Tempo

Fim de Tempo é um espetáculo teatral que tem como tema principal a violência à Pessoa idosa com uma abordagem que discute a relação do homem contemporâneo com sua Negligência frente ao idoso e o sucateamento do planeta. Conta a história de três personagens: a mãe que é cega, um idoso e um cuidador, estes moram em uma casa de praia e são os últimos sobreviventes de uma epidemia misteriosa. Comem ratos e lixos para sobreviverem. A dramaturgia desta encenação escrita em 2016 foi fruto do processo de pesquisa do Trabalho de Conclusão de Curso intitulada “Os múltiplos Olhares de Espectador: análises-reconstituições a partir da Trupe dos Pensantes”, do curso de Licenciatura em Teatro da Universidade Regional do Cariri, Crato, Ceará. A poética do absurdo para esse trabalho foi norteadora como suporte poético, devido ao contexto pós-guerra, no qual a humanidade sofreu impactos biológicos, estruturais, psicológicos, época em que residiu a incerteza e o vazio da humanidade. Palavras-chaves: Trupe dos Pensantes, Encenação Contemporânea, Dramaturgia, Fim de Tempo.

A Terra Subtil

Vivemos tempos estranhos e ameaçadores. Pandemia e alterações climáticas são suficientemente graves para nos deixar numa perplexidade sem nome. Como descrever o que se está a passar nos múltiplos planos em que se desdobram as nossas subjectividades? Que aconteceu aos nossos corpos e aos nossos afectos? À nossa potência de vida? Pensamos numa hipótese - experimentar cruzar a mudança radical dos nossos hábitos e mentalidades com a transformação dos sistemas sociais, agindo todos juntos, acreditando noutra coisa – na Terra.

CIRCUNSCREVENDO AS PEQUENAS PERFORMANCES PARA ISOLADOS

O texto apresenta a ação em arte, educação e pesquisa intitulada “Pequenas Performances Para Isolados - arte do bem para mundos possíveis”, proposição mediada exclusivamente pelo aplicativo de mensagens instantâneas whatsapp. Após enunciar a localização epistêmica da autora e introduzir a noção de pesquisa-docência-criação, o texto busca circunscrever a proposta, observando, então, temática que ela incorpora. Por fim, retoma a relação entre a ação e a noção de pesquisa-docência-criação, apontando para a necessidade da materialização de orientações metodológicas em práticas.

Editorial

Nesta edição, composta por dezesseis textos, a revista Manzuáreflete a diversidade da produção de conhecimento nas ArtesCênicas e registra quatorze diferentes abordagens sobre o amplotema do corpo em tempos de isolamento.

Memória Pandêmica

O artigo apresenta a descrição e análise pedagógica e artística do projeto "Memória Pandêmica - dramaturgias da memória e do caos”, desenvolvido pela autora junto ao Departamento de Arte Dramática do Instituto de Artes, UFRGS. O processo de criação se apropria da rede social Instagram para desdobrar algumas questões centrais da pesquisa sobre trabalho de ator em desenvolvimento presencial, e sugere caminhos por onde as investigações na área podem encontrar as adaptações necessárias para seguir ativas em tempos de presencialidade remota.

EXPERIÊNCIA CÊNICA E CULTURA DIGITAL: POSSIBILIDADES TEATRAIS EM MEIOS VIRTUAIS

O texto apresenta reflexões sobre o universo da cultura digital e as possibilidades de criação e produção teatral mediadas pela tecnologia, a partir das experiências cênicas que surgiram no contexto pandêmico vivido no ano de 2020 pela disseminação do coronavírus. Com foco investigativo na experiência vivenciada com o experimento cênico-digital Enquanto a Festa não Chega, do Laboratório de Pesquisa e Criação Cênica - Cri’Ative’Se Lab. (Recife/PE). Caracteriza-se como uma pesquisa do tipo qualitativa, buscando um diálogo relacional entre o teatro e seus moldes já conhecidos, em interação com os meios virtuais. Utilizando como procedimento o estudo bibliográfico sobre cultura, cultura digital e as teatralidades contemporâneas; o recolhimento de discussões sobre o tema dispostos nas redes, o depoimento dos colegas participantes da experiência; e a análise das similaridades e diferenças com a hibridização dessas formas. Sob essa perspectiva, foi possível identificar a capacidade transgressora do fazer teatral com uma nova percepção de presença, tempo e espaço – tão caros ao teatro -, a partir do estabelecimento de uma conexão diferenciada entre artistas e espectadores nas experiências mediadas pelos recursos tecnológicos. Surgindo assim, novas possibilidades e formas de criação e produção para o teatro.

POINT DOS IMPORTADOS

Este texto se propõe a relatar e discutir o experimento artístico Point dos Importados, uma obra videográfica criada em tempos de pandemia e isolamento domiciliar a partir dos diálogos entre arte e antropologia. Este experimento é o resultado de pesquisa desenvolvida na Universidade Federal da Paraíba, através do Programa de Iniciação Científica com Bolsa do CNPQ, junto ao Grupo de Pesquisa Antropologia-Dança. Discutimos a crise como um fenômeno social permanente que desafia os processos de criação em artes.

Corpos em conexão, corpos em presença

Considerando a dança como arte da presença, pretende-se promover reflexões sobre estudos da presença e estados de atenção em ações artísticas e pedagógicas mediadas por tecnologias digitais em tempos de isolamento social. A atual situação pandêmica gerou uma atmosfera de grande insegurança para a classe artística que se deparou com a privação do trabalho presencial, impulsionando, assim, outras instâncias compositivas de aulas e de cenas - como aulas on-line, lives e videodanças - para possibilitar a relação e o encontro de singularidades de maneira virtual devido à privação da coletividade presencial.

ORDEM OU PROGRESSO: RELAÇÕES ENTRE DRAMA E TEATRO DO OPRIMIDO NO ENSINO MÉDIO

O presente artigo trata de uma prática desenvolvida durante o estágio do curso de Licenciatura em Teatro da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) realizado com uma turma de 1º ano do Ensino Médio. Após as primeiras observações em campo, a dupla de estagiárias identificou a importância de que a aula de teatro pudesse tratar de assuntos relacionados a opressões, uma vez que a presença de estruturas hierárquicas rígidas no contexto social dos estudantes os levava a se identificarem como oprimidos e opressores. Iniciamos, portanto, com o Teatro do Oprimido, em busca da autonomia e o protagonismo dos estudantes de modo que fossem agentes das práticas em sala de aula, o que nos possibilitou propor a exploração do Teatro do Oprimido como estratégia para o processo de Drama, em busca de relações entre estas metodologias.