A luta pela terra, o mangue e o mar: a trajetória de um movimento socioambiental no litoral do Pará

O artigo analisa o processo de institucionalização da Reserva Extrativista (Resex) Marinha Caeté-Taperaçu, localizada no município de Bragança, no litoral do estado do Pará. A pesquisa é qualitativa, a partir da análise de fontes primárias e secundarias, atrelada a realização de entrevistas com roteiros semiestruturados. Argumenta-se que a Resex Marinha Caeté-Taperaçu é fruto de mobilizações protagonizadas por populações e comunidades pesqueiras e extrativistas, que viram na criação deste modelo de unidade de conservação, uma alternativa aos conflitos socioambientais decorrentes da incorporação do litoral paraense a agenda desenvolvimentista. Todavia, a criação da Resex Marinha Caeté-Taperaçu não resultou na luta pelo o reconhecimento do direito ligados à terra, o mangue e o mar.

Colombianos e colombianas: um povo que não se cala diante dos imperativos destruidores do Neoliberalismo. Entrevista com a Professora Dra. Beatriz Nates Cruz.

Entrevista realizada pelo Prof. Cláudio Jorge Moura de Castilho, do grupo de pesquisa Movimentos Sociais e Espaço Urbano (MSEU), com a Profa. Dra. Beatriz Nates Cruz, da Universidad de Caldas (UCALDAS), em Manizales, Colômbia. Esta entrevista teve como finalidade principal a de esclarecer as razões fundamentais e a natureza político-filosófica dos atuais protestos desencadeados no seu país, o que se faz importante para o acompanhamento de uma problemática que, na verdade, acha-se vinculada à América Latina como um todo. Os procedimentos metodológicos à realização desta entrevista basearam-se, primeiramente, no envio de um formulário com as questões elaboradas pelo MSEU a fim de que a Profa. Béatriz as respondesse livremente, inclusive fazendo os acréscimos e sugestões necessários; e, em seguida, o formulário foi-nos remetido pela Professora, tendo sido publicado na sua íntegra, respeitando, assim, o conteúdo de uma fala de uma Professora-Cidadã da Colômbia.

Diversidade, redes e territórios de resistência e afirmação no Estado de São Paulo: uma leitura a partir da Parada LGBTQIAP+

O Movimento LGBTQIAP+ brasileiro e de outras escalas, como o de Presidente Prudente – SP, possuem maneiras de atuar que os diferenciam de outros movimentos socioespaciais e socioterritoriais, o trunfo não está na terra, na água, na moradia, ainda que estes temas perpassam a escala do corpo e da vida. Temos visto o surgimento de Coletivos Sem-Terra que tem pautado a diversidade dentro de seus territórios de luta, apesar disso, é importante afirmar que o Movimento LGBTQIAP+ tem como trunfo a vida em suas infinitas representações e possibilidades. Um corpo é político, assim, um movimento que compõem dada pluralidade de corpos também é político, ele é essencialmente político, isto é, a política é um elemento constitutivo do ser. As Paradas aparecem neste artigo como um tipo ação essencial do Movimento LGBTQIAP+ paulista, sabemos que ela enquanto ação socioespacial altera e provoca mudanças nas dinâmicas das cidades que a realizam, produzem mudanças no cenário nacional e internacional pela sua potente capacidade de penetração nas mais diferentes camadas da sociedade. O objetivo deste artigo é evidenciar a importância dessa ação para a constituição dos movimentos e das redes de movimentos existentes em alguns municípios do Estado de São Paulo. Para alcançarmos o objetivo alvitrado aplicamos um questionário a 121 pessoas LGBTQIAP+ que participam das Paradas, de movimentos, instituições e organizações que pautam a diversidade sexual e de gênero no Estado de São Paulo, levantamento bibliográfico e pesquisas de campo.

Saberes experienciados no bairro Alto José do Pinho (Recife/PE): bem viver como alternativa ao desenvolvimento

O presente artigo busca analisar a relação entre o Bem Viver enquanto alternativa ao desenvolvimento e as práticas cotidianas da comunidade Alto José do Pinho em Recife/PE a partir de uma abordagem qualitativa, com viés exploratório e descritivo. O estudo está fundamentado nos aportes fornecidos por Ibáñez (2016) e Acosta (2016). O contexto urbano, apesar da matriz colonial pautada pelo consumismo e pela produção artificial de desejos, também comporta novos modos de vida elencados como Bem Viver. A experiência da referida comunidade reflete o resgate de valores ancestrais, desmercantilizando as relações humanas e aproveitando o tempo livre. O Bem Viver, neste caso concreto, é sinônimo de descolonização, pois enaltece o sentimento de pertencimento construído a partir de estratégias populares.

Cidadania e democracia: a participação da sociedade civil no processo decisório da política urbana no Brasil

Este texto tem como objetivo discutir a participação da sociedade civil no processo decisório da Política Urbana, a partir de reflexões sobre a conquista da cidadania, a democracia participativa e a inserção popular na tomada de decisões na gestão do espaço urbano. Este trabalho mostra as discussões a respeito do conceito de cidadania, bem como uma análise da participação da sociedade nas democracias representativas e participativas. O desenvolvimento do trabalho está estruturado da seguinte forma: inicialmente, discute-se os conceitos e noções de cidadania, em seguida apresenta-se as contribuições teóricas que avança na discussão da participação no campo da gestão pública e por fim, apresenta-se as profundas mudanças na Política Urbana no Brasil que ocorreram nas últimas décadas do século XX, decorrentes das reivindicações dos movimentos sociais no fortalecimento da participação popular na política urbana. Utilizou-se como procedimentos metodológicos a pesquisa bibliográfica, por meio de obras relevantes de autores clássicos e contemporâneos referentes a cidadania, democracia deliberativa, sociedade civil, Política Urbana, Gestão urbana. Como resultados pode-se constatar a inexpressiva participação da sociedade civil no âmbito da gestão do espaço urbano e na formulação de Políticas Públicas voltadas para as cidades.

Movimentos sociais do campo e educação: reflexões a partir de memórias de resistência e luta

Este trabalho propõe realizar uma breve discussão acerca dos movimentos sociais do campo enquanto organizações que são importantes para a [re]construção de uma educação que abarque a diversidade presente no campo. A partir disso, o presente artigo traz como objetivo central discorrer sobre algumas das possíveis intersecções entre as lutas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em defesa da garantia de uma educação do campo que seja crítica e que trate a respeito da sua realidade. Para isso, foi realizada uma discussão relacionando às concepções de memória adotadas por Halbwachs (2004; 2013) e Frentress e Wickham (1992), de modo que foi possível destacar a relevância da memória na construção de movimentos sociais que atravessam gerações e continuam influenciando pessoas através de décadas, em suas lutas por terras e, aqui destacamos a luta por uma educação do campo.

Periferia, um termo crítico: distanciamentos espaciais, sociais e simbólicos nas cidades

O objetivo deste artigo é abordar o caráter complexo da definição do que vem a ser periferia, ponderando que as relações entre os diversos afastamentos que se sobrepõem à realidade periférica nas cidades não podem ser compreendidos de modo isolado e disciplinar, como se não interagissem e compusessem de modo sistêmico essa face da realidade urbana. Para tanto, além do debate teórico sobre a tema, fruto de levantamento bibliográfico, este trabalho analisa as narrativas de sujeitos inseridos nesse contexto, questionando-os como definem e avaliam as suas experiências urbanas e a influência dos seus locais de moradia na constituição de suas cidadanias. Com o estudo, observou-se- que os afastamentos que marcam as periferias não são quantificáveis apenas pelas distâncias físicas que existem entre tais locais e o que é tomado por centro, mas também pelas condições de vida impostas que materializam a exclusão. A conceituação do termo, portanto, é insuficiente quando considera apenas o critério geográfico e desconsidera a sua vinculação à ordem social e ao poder, elementos que concretizam a sua associação a lugares e sujeitos que sofrem com a omissão estatal.

Comunicación asertiva y su impacto en la gestión social comunitária em Venezuela

En la línea de investigación: Gestión social comunitaria: liderazgo, empoderamiento y proyectos socio comunitarios en la transformación social para el buen vivir, se realizó uso de la investigación cualitativa con el análisis del discurso, cumpliendo con el objetivo: analizar la comunicación asertiva como esencia en la dinámica de la gestión social comunitaria en el Estado Venezolano. Dentro de los resultados en la crisis existe una comunicación mediada por barreras, fractura de las relaciones interpersonales y la ausencia de la noción de equipo humano; lo que imposibilita adecuadas movilizaciones comunitarias. Es de urgencia la convocatoria a los seres sociales en los territorios venezolanos para el despliegue de la comunicación asertiva, encuentros ciudadanos que permite el fortalecimiento de las relaciones, relaciones conviviales empáticas y asertivas.

Trajetórias e projetos de vida dos jovens do movimento agroecológico de Araponga/MG

Com o objetivo de analisar as influências do movimento agroecológico nos projetos de vida dos jovens rurais, utilizou-se metodologicamente de questionários, entrevistas e história de vida dos jovens participantes do movimento agroecológico do município de Araponga/MG. Os resultados apontaram que, a maioria dos jovens entrevistados encontraram na agricultura familiar um campo fértil para a difusão dos princípios da agroecologia e criou as condições necessárias para que a unidade de produção passasse a ser entendida também como uma unidade de vida. Na medida em passaram a adotar os princípios e as ações do movimento agroecológico, seus projetos de vida foram orientados não exclusivamente por uma racionalidade econômica, mas igualmente por relações que tem raízes numa condição de vida familiar tradicional, pautada pela sociabilidade. Concluiu-se que, o movimento agroecológico apresentou uma forte influência nos projetos de vida dos jovens rurais, que manifestaram o desejo de permanecerem no meio rural e terem seu próprio negócio.

Espaço público: a participação dos usuários junto aos serviços de saneamento em Salvador/BA

Normas sanitárias brasileiras apresentam uma nova configuração do planejamento e da gestão nas políticas públicas, estabelecendo mecanismos participativos nos processos decisórios. Este estudo se propõe discutir as várias modalidades de ação da participação social de usuários e apresentar um estudo de caso analisado à luz das práticas de uso dos equipamentos de saneamento básico no espaço público. Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, dedutiva, de caráter exploratório realizado em uma praça localizada em um bairro de classe média da cidade de Salvador, Bahia. Os resultados apontam para pouca participação do usuário de saneamento básico no lócus selecionado. O problema exposto pela análise das práticas sociais não é novo nem se restringe ao lócus pesquisado. A realização de novos estudos é proposta, visando disseminar a importância do engajamento cívico no apoio à efetividade das políticas públicas de saneamento.