Ilha Revista de Antropologia
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Published By Universidade Federal De Santa Catarina

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2021 ◽  
Vol 23 (3) ◽  
Author(s):  
Leonardo Oliveira De Almeida
Keyword(s):  

O argumento central deste artigo é de que, no Rio Grande do Sul, as transformações no campo afrorreligioso estão acompanhadas por processos de modulação do axé. Estes podem ser observados a partir do universo material e possibilitam que certos objetos atuem de diferentes formas, a partir de múltiplos avatares. Isso só é possível devido as dinâmicas de diferenciação, atualização e individuação das forças que atuam no mundo, próprias do universo religioso afro-brasileiro, situadas em um “constante jogo dialético entre o mesmo e o outro” (Augras, 2008, p.21). Como consequência, tal como buscarei argumentar, surgem processos miméticos - mimetismos afro-brasileiros - que se mostram como desafios de pesquisa e que podem ser observados em controvérsias que eclodem no campo afrorreligioso. Para abordar tais questões, atento para a circulação e movimento dos tambores no campo afro-gaúcho. Por fim, considero que este artigo contribui para um debate mais amplo, acerca das materialidades religiosas afro-brasileiras. 


2021 ◽  
Vol 23 (3) ◽  
Author(s):  
Carlos Eduardo Pinto Procópio ◽  
Ana Keila Mosca Pinezi ◽  
Gilson Nascimento De Oliveira

Este texto pretende analisar as eleições municipais de 2016 na cidade paulista de Aparecida, enfatizando as disputas entre atores políticos e religiosos a partir das demandas materiais e simbólicas da cidade. No contexto deste pleito, os postulantes à prefeitura e os administradores religiosos do Santuário Nacional se concentraram no levantamento de problemas a serem sanados e nas soluções necessárias para o atendimento dos moradores locais e dos romeiros. Os atores em disputa colocaram suas perspectivas sobre a cidade tendo como ponto de partida a condição de terra santa e da função religiosa que, como tal, deveria executar. Na medida em que o processo eleitoral se desdobrava, os limites entre atores políticos e religiosos eram deslocados, confrontando os sentidos e imagens da cidade, tomados e endereçados a partir do interesse das partes em disputa.  


2021 ◽  
Vol 23 (3) ◽  
Author(s):  
Bruno Reinhardt ◽  
Kathleen C. Stewart ◽  
Susan Harding ◽  
Vânia Zikan Cardoso
Keyword(s):  

Neste capítulo de livro, publicado originalmente em 2003, Susan Harding e Kathleen Stewart analisam a explosão de teorias da conspiração nos Estados Unidos do pós-Guerra. Elas evitam o apelo comum de isolar o pensamento conspiratório como mero padrão hermenêutico exótico ou tipo de ideologia específica ao tratá-lo como parte de uma “estrutura de sentimento”, “sistema nervoso” e “discurso metacultural” amplo, difuso e inclusivo, apesar de atualizado em diversas intensidades. A “ansiedade de influência”, o sentimento agudo de estarmos sendo manipulados pelos próprios sistemas de expertise que sustentam a ordem contemporânea, dá vazão a uma semiótica ansiosa, obcecada pela leitura de “sinais” que desvelam uma Verdade final intencionalmente obscurecida e gera práticas encarnadas que funcionam simultaneamente como cura e sintoma. Essa estrutura paranoica de sentimento é analisada por meio de uma cuidadosa reconstituição etnográfica de duas comunidades “remanescentes”: o apocalipticismo otimista da igreja pentecostal-carismática Calvary Church e o trágico, mas igualmente otimista, “plano de fuga” extraterreno do movimento de base ufológica Heaven’s Gate.


2021 ◽  
Vol 23 (3) ◽  
Author(s):  
Vitor Jasper

Este artigo visa compreender o processo de constituição do transplante de órgãos como uma prática terapêutica. Partindo dos debates do campo da Antropologia da Ciência e da Técnica, destacamos alguns elementos que teriam sido fundamentais para o desenrolar deste processo, a saber: a técnica que permite ligar cirurgicamente vasos sanguíneos; os recursos farmacológicos que auxiliam no combate à rejeição do órgão transplantado e os debates acerca do conceito de morte cerebral. Estes elementos, quando agregados, culminaram na construção desta “descoberta” e permitiram a validação desta técnica. Este processo permite compreender o modo de construção de “verdades” de uma disciplina que se pretende universal e objetiva como a medicina. Por fim, argumento que esses elementos continuam agenciando o transplante e produzindo efeitos na vida das pessoas.


2021 ◽  
Vol 23 (3) ◽  
Author(s):  
Bruno Rodrigo Carvalho Domingues ◽  
Fabiano Gontijo
Keyword(s):  

No Brasil, há uma vasta e consolidada produção antropológica e sociológica sobre a relação entre o mundo rural e o contexto urbano, apontando geralmente de forma crítica para a dificuldade de se considerar esses domínios como opostos absolutos. No cotidiano, muitas pessoas falam de interior ou de uma qualidade interiorana, para designar lugares e relações sociais, para além dos domínios analíticos do rural e do urbano definidos pela produção acadêmica. Embora tenha-se dado atenção às realidades interioranas em inúmeras pesquisas, a indefinição do conceito ainda persiste. Trata-se aqui de contribuir para o aprimoramento da definição do conceito, propondo a noção de interioridade para lidar com a relação entre ruralidade e etnicidade/racialidade na conformação da urbanidade, principalmente no contexto amazônico. 


2021 ◽  
Vol 23 (3) ◽  
Author(s):  
PRISCILA TAVARES DOS SANTOS
Keyword(s):  

Proponho refletir sobre as condições de acesso aos direitos sociais dos moradores do Predinho, moradia popular instalada nas instalações do antigo Hotel Bandeirantes, na região central do Rio de Janeiro. A adoção da perspectiva procedimental e a avaliação da análise interpretativa permitiram compreender as diferentes formas de gestão e agenciamentos morais que buscam legitimar os processos decisórios que correspondem a esta forma de viver e habitar a cidade. Valorizo ​​a compreensão simbólica do direito à moradia para me distanciar de uma compreensão substantiva que reforce a relação de poder entre esses moradores e o Estado brasileiro. As condições de possibilidade de reprodução social dessas famílias evidenciam a situação de vulnerabilidade social e revelam que o Estado não garante direitos, mas condiciona o mecanismo perverso de resistência ao tempo pela apropriação de escassos recursos individuais complementados por redes de relações intrafamiliares e intervencionistas.


2021 ◽  
Vol 23 (3) ◽  
Author(s):  
Ruth Goldstein

Este artigo examina o momento acadêmico da "Virada Vegetal" ou o que Natasha Myers chamou "The Plant Turn" (2015) na antropologia norte-americana e filosofia. É uma oportunidade de destacar o legado e continuar contribuições de cosmologias indígenas para a teoria social, sublinhando como as pessoas dentro-e-fora do pensamento ocidental há muito pensamos em "tornar-se-com" as plantas. Considerando as ramificações disciplinares e as políticas das relações botânico-humano, quando os curandeiros e os praticantes de plantas passam, em grande parte, não citados nestes discussões, este artigo envolve vários pensadores: Audra Simpson sobre uma etnográfica recusa, Emilia Sanabria sobre a Ayahuasca e as ciências psicodélicas, Michel-Rolph Trouillot sobre o 'Savage Slot', a crítica de Zoe Todd às práticas citacionais e contínua eliminação de pensadores indígenas, esforço conjunto de Davi Kopenawa e Bruce Albert, também como o trabalho de Natasha Myers e Michael Marder. Os quadros de análise de possíveis abordagens em etnobotânicas e metodologias de recusa em respeitar a resistência humano-implantada.


2021 ◽  
Vol 23 (3) ◽  
Author(s):  
Roque Pinto

Este artigo procura abordar alguns dos principais vetores que tornaram possível o surgimento do turismo no mundo, esboçando de forma panorâmica seus desdobramentos políticos, econômicos, socioculturais e simbólicos. Indica, ainda, como foi se constituindo a literatura acadêmica do campo das Ciências Sociais que tem a atividade turística como objeto de estudo. O artigo também delineia como os principais eixos temáticos da antropologia do turismo se consolidaram no tempo e problematiza o lugar deste subcampo no contexto da tradição antropológica brasileira. Conclui apontando para a importância dos estudos vindouros da antropologia do turismo como subsídio para as políticas relativas ao novo normal decorrente da pandemia do COVID-19.


2021 ◽  
Vol 23 (3) ◽  
Author(s):  
Filipe Seefeldt De Césaro ◽  
Maria Catarina Chitolina Zanini
Keyword(s):  

Este artigo trata da venda de rua senegalesa em Santa Maria (RS, Brasil), procurando responder à seguinte pergunta: de que forma os vendedores de rua senegaleses estabelecidos em Santa Maria lidam com a constante perspectiva de perda de mercadorias frente às ações da fiscalização municipal?. Partindo de uma pesquisa etnográfica desenvolvida entre agosto de 2016 e dezembro de 2017, procuramos perseguir dois objetivos principais: (i) descrever o aprendizado da investigação empírica na identificação e interpretação social e histórica do fenômeno considerado; (ii) descrever a relação corporal estabelecida por tais senegaleses com a materialidade urbana presente em seus espaços de trabalho irregular. Propomos que a forma prática pela qual os senegaleses concebiam tal materialidade urbana constituía o que chamamos de “saber estar”, um conjunto de conhecimentos políticos de vigilância, antecipação, evasão e precaução dispendidos a fim de evitar a apreensão de mercadorias pelos fiscais públicos.


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