FERRAMENTAS ESTATÍSTICAS E DE GEORREFERENCIAMENTO PARA O ESTUDO DO ALCANCE INSTITUCIONAL E DA EVASÃO ESCOLAR – UMA PROPOSTA DE METODOLOGIA

Apresentamos uma forma de estudar o alcance institucional e a evasão escolar com o auxílio de ferramentas estatísticas e de georreferenciamento. A proposta é uma metodologia em cinco passos, desde a definição das variáveis até o debate dos resultados com a comunidade escolar. De modo a ilustrar a metodologia, foi feita uma aplicação no Instituto Federal do Paraná, campus Colombo. A proposta foi capaz de identificar modificações no alcance institucional e na evasão escolar ao longo dos anos em relação a alguns estratos e descartar a influência de outros. Algumas perguntas passíveis de serem respondidas são: O alcance da instituição tem mudado ano a ano? Há diferenças no alcance em relação aos cursos? A evasão é menor quando os estudantes entram na instituição por processo seletivo em vez de sorteio? As cotas de ingresso influenciam na evasão? A distância que o estudante precisa percorrer para chegar ao campus está relacionada com a evasão? Entre os resultados encontrados, temos que: (a) não há uma clara relação entre a localização geográfica e a evasão; (b) há algumas regiões do município, em especial de áreas mais vulneráveis, que o IFPR Colombo não consegue atingir; (c) bolsas e auxílios ajudam a evitar e evasão; (d) a forma de ingresso não é fator preponderante na evasão. Por fim, reiteramos a necessidade da discussão dos dados com a comunidade escolar para a tomada de decisão, pois defendemos que, embora a ciência e a tecnologia sejam comumente vistas como legitimadoras de decisão, é preciso trazer a dimensão humana e social para o processo decisório, inclusive discutindo valores e visões de mundo que o permeiam.

A MEDIAÇÃO CULTURAL E ARTÍSTICA EM PROL DA EXPERIÊNCIA ESTÉTICA DO ESPECTADOR EM CIDADES ONDE LOCALIZAM OS CAMPI DO IF SUDESTE MG

Um conjunto de ações estratégicas foi colocado em prática pela Extensão do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais (IF Sudeste MG) no campo da cultura, entre 2013 e 2017. Tais ações tiveram como principais objetivos a ampliação das condições sociais da prática cultural nas cidades onde estão localizados seus campi visando à constituição de plateia, o incentivo à formação dos coletivos artístico-culturais na Instituição e, com isso, colaborar para o fortalecimento dos arranjos culturais locais. Neste artigo, proponho apresentar esse conjunto de ações, ao destacar alguns exemplos e realizar uma reflexão sobre eles, na perspectiva da sociologia da cultura, mais precisamente, a partir do corpo teórico da sociologia de Pierre Bourdieu. A abordagem sociológica das práticas culturais supõe que as instituições culturais são lugares de estruturação do comportamento social e o principal vetor de democratização da cultura, portanto, a capacidade de apreciar a Arte, a apropriação de competência estética, passa a ser entendida, também, como resultante de processos de socialização da cultura, em mecanismos de difusão baseados primeiramente na família e na escola e, depois, nas instituições culturais. As diretrizes para a concepção das ações se estruturaram na possibilidade de uma cultura compartilhada no âmbito de um espaço público, onde a questão dos valores estéticos se constitui de um problema político e a democratização da cultura se vincula a proposições de ações para o público e de um espaço público.

A POLÍTICA DE ARTE E CULTURA DO IFRS: DESAFIOS DE FAZER ACONTECER

O presente artigo tem o intento de apresentar a construção da Política de Arte e Cultura (PAC) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS), mostrando o cenário para sua implementação, as diretrizes que orientam suas metodologias de elaboração e os indicadores para essa implementação. A PAC teve sua fundamentação baseada no campo das Políticas Culturais nas Instituições de Ensino Superior (IES) e na Lei de Criação dos Institutos Federais, considerando, em sua composição, as dimensões do ensino, da pesquisa e da extensão. A finalidade de sistematizar e publicizar esse processo é compartilhar o caminho percorrido e sinalizar os movimentos que evidenciaram e problematizaram as questões relacionadas ao campo da Arte e da Cultura em seu contexto cotidiano e político-institucional. Aprovada em 2020, a Política resultou em um marco no direcionamento da instituição, pautando as decisões de cada campus e estabelecendo um espaço reconhecido para as artes e a cultura, através da regulamentação constante do documento. O texto está estruturado de modo a contextualizar e analisar a política e suas metodologias de elaboração, bem como a estrutura prevista para sua implantação junto aos campi e à reitoria, considerando-se os desafios inerentes ao processo. A aprovação do documento impulsionou a mobilização dos agentes institucionais para a realização de ações promotoras da valorização e da afirmação artístico-cultural no imaginário e nas práticas cotidianas do IFRS.

MURAL DA PERTENÇA: PROPOSTA DE ARTE PARTICIPATIVA

A presente pesquisa objetivou pensar a arte mural como meio coletivo de expressão e comunicação congruente a seu lugar de inserção, com particular enfoque na comunidade interna do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná (IFPR), Campus de Foz do Iguaçu. Buscou-se, assim, o desenvolvimento de uma metodologia participativa no sentido de envolver os alunos em um processo artístico por meio da criação de um mural a ser pintado em conjunto nas dependências internas do campus. A pesquisa é dividida em três etapas: Na primeira, discorre-se sobre a Arte pública e coletiva, com destaque à sua dimensão comunicacional diante do público. Em seguida, pensa-se nos sentidos de pertencimento dos sujeitos aos espaços em que se encontram, com particular olhar para o espaço escolar e suas dimensões simbólicas, sociais e afetivas. Ao propor um fortalecimento desse vínculo de pertencimento via fazer artístico, buscou-se referências de distintas práticas artísticas participativas. Finalmente, desenvolveu-se um guia contendo todos os passos para a concepção de uma pintura mural a ser realizada coletivamente. Busca-se, na concepção do mural e no seu caráter participativo, um sentido de identificação do e com o ambiente do Campus Foz do Iguaçu, como espaço a ser estimado por aqueles que o frequentam. Transita-se, assim, pela compreensão sobre a Arte como forma de praticar, vivenciar e inserir-se em seu próprio contexto social e cultural.

LEITURA DE FILMES NA PERSPECTIVA DA PRODUÇÃO DISCURSIVA

A linguagem cinematográfica pertence ao universo da Arte por ser considerada um produto artístico, social, cultural e histórico que tem a capacidade de celebrar a diversidade do mundo e abrir espaços para reflexões frente às multiplicidades, diferenças, e por encontrar-se instaurada na vida das pessoas, consequentemente, passível de leituras, de interpretação, de decodificação dos signos e significados. Propomos apresentar algumas reflexões na perspectiva pedagógica com o objetivo de contribuir para a formação de públicos para Arte e Cultura, seguida de um roteiro para leitura de filmes com distintas etapas. Consideramos o filme como um acontecimento, por possuir uma estrutura com linguagens específicas, que requer ser lido e interpretado, logo, precisamos de aportes que possam contribuir para tais leituras, envolvendo reflexões e apropriação de conceitos e técnicas. Os estudos pautam-se nas teorias sobre Análise do Discurso e Discurso Artístico, em leituras visuais e na apresentação de um roteiro para análise de filmes, que contêm, entre outros: roteiro, contexto, mensagem, estética, fotografias, cortes, planos, áudio, iluminação, narrativas, figurino, maquiagem, e possíveis transposições para a realidade vigente. Os resultados apontam que um roteiro previamente estruturado contribui para a análise de filmes no processo de ensino e aprendizagem e instiga outros olhares, atribui significações, inclusive aumenta a reflexão e criticidade daquilo que vê e repercute nos desafios da produção visual. Portanto, ler um filme é uma das formas de nos apropriar dos signos e significados, de verificar as respostas dadas a diferentes fenômenos ocorridos no tempo e espaço na tentativa de compreendermos como a humanidade interpreta e se expressa em determinado contexto histórico, social e cultural.

DJELIS: EM CENA OS SABERES DA TERRA

O presente artigo tem como objetivo a descrição da teatralidade das Djelis quilombolas de um grupo de mulheres, líderes quilombolas, da região Centro-Sul do Paraná. As narrativas foram e são utilizadas com significativa frequência nessa comunidade como forma de criação e pertencimento, vinculando a comunidade a uma linha ancestral, referenciando antepassados comuns e mantendo vivas as questões relativas à territorialidade. A opção pelo recorte de pesquisa se dá pela possibilidade de trazer os elementos e as teorias do teatro para a análise de um objeto cuja teatralidade é elemento fundamental. Além disso, as narrativas são também uma forma de projeção e estratégia de reconhecimento da cultura quilombola para a sociedade não quilombola. A presente pesquisa discute a possibilidade de se considerar essa forma de transmissão de saberes locais como uma ação cênica, à luz de teorias oriundas do teatro, em diálogo com as demais áreas que vêm trabalhando tanto com o contexto quilombola. A abordagem metodológica é de caráter qualitativo, utilizando as estratégias de etnografia teatral com a observação e entrevista, com registros visuais e sonoros, além do convívio e envolvimento comunitário. Apresenta um panorama das narradoras quilombolas, em seguida, é oferecido um relato sobre as narradoras e suas narrativas, tendo como resultado a análise da produção dos saberes da terra, possibilitando a reflexão sobre a cena da teatralidade dessas narrativas.

OS PRINCIPAIS DESAFIOS E PERSPECTIVAS DA LIDERANÇA FEMININA NA CONTEMPORANEIDADE

Apesar das incansáveis lutas e conquistas, as mulheres são segregadas e discriminadas no mercado de trabalho. Devido às fortes influências socioculturais a mulher trabalhadora ainda está vulnerável a constantes questionamentos sobre sua capacidade profissional, principalmente enquanto líder. Objetivou-se caracterizar os principais desafios e perspectivas para a liderança da mulher no mercado de trabalho no contexto atual. Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, exploratória, descritiva, de abordagem qualitativa, que utilizou artigos, dissertações e e-books publicados entre 2016 e 2020. Os materiais foram extraídos do SciELO, Google Acadêmico, Biblioteca Virtual da Fundação Getúlio Vargas e repositórios institucionais. Os estudos que compõem a discussão teórica foram organizados em categorias que discorrem sobre bases conceituais e históricas sobre a desigualdade de gênero e o mercado de trabalho; principais características do perfil e atuação da mulher no mercado de trabalho; os principais desafios para liderança feminina contemporânea e as perspectivas do mercado de trabalho para a líder mulher do futuro. Entre os desafios a serem enfrentados e superados, a literatura aponta para uma grande e longa batalha contra a desigualdade de gênero na sociedade. Que suas perspectivas de atuação não se restrinjam apenas ao empreendedorismo, mas que elas estejam presentes em todos os setores da sociedade.

OS ARRANJOS CULTURAIS LOCAIS: FANDANGO CAIÇARA PARANAENSE

O presente trabalho apresenta o Fandango Caiçara paranaense, um movimento artístico, cultural e social, através de uma discussão que demonstra a musicalidade do Fandango através de sua essência no conjunto de instrumentos e na dança, mas também em suas as origens e representações sociais. O objetivo do artigo consiste em apresentar as representações do Fandango, elucidando esse processo como uma manifestação, que pode ser compreendida pela sonoridade, letras, natureza festiva e também na interpretação histórica. A concepção metodológica parte de um levantamento de fontes bibliográficas sobre a temática, apresentadas através de um processo dialógico. Com a adoção deste processo torna-se possível identificar as referidas faces deste modelo cultural litorâneo, situando-o como manifestação coletiva de caráter singular, visto que ao estudar outra localidade teríamos pontos de análise distintos, caracterizando a importância de estudar, registrar e preservar o Fandango caiçara paranaense.

A RELAÇÃO ENTRE VARIÁVEIS MESOCLIMÁTICAS E A EXPANSÃO DA MANCHA URBANA DE UMUARAMA (PR) DE 2005 A 2020: ANÁLISE A PARTIR DE APENAS UMA ESTAÇÃO METEOROLÓGICA

Nos últimos anos, Umuarama teve uma expansão significativa da mancha urbana. A falta de planejamento urbano pode causar vários problemas quanto à sustentabilidade, entre eles estão as alterações climáticas que causam ilhas de calor. O objetivo dessa pesquisa foi identificar se é possível relacionar as variáveis climáticas com a expansão da mancha urbana de Umuarama entre os anos de 2005 a 2020 por meio da obtenção de dados de uma única estação meteorológica. Foi utilizado o método de estudo de campo, no qual foram coletados dados meteorológicos desse período, organizados em tabelas e gráficos, elaborados mapas do histórico da mancha urbana por meio da análise de imagens de satélite, além da análise de dados do IBGE. Entre 2010 e 2020 a cidade teve aumento de 11,74% dos habitantes. O perímetro urbano teve maior expansão entre 2011 e 2020, e tende a crescer no sentido nordeste e sudeste. Seu acréscimo de área territorial foi de, aproximadamente, 64% entre 2005 e 2020. Quanto às variáveis climáticas, durante o período analisado a radiação solar média anual teve ligeiro acréscimo; a temperatura média anual do ar apresentou uma tendência de queda desde 2005; a umidade relativa média anual do ar passou por várias oscilações, com maior porcentagem em 2015 e menor em 2008; e a velocidade média anual dos ventos diminuiu ao longo do período. A queda da velocidade dos ventos pode estar relacionada com o aumento de barreiras físicas formadas por edificações. Embora a temperatura média mensal do ar tenha diminuído, é comprovado que a urbanização causa aumento das temperaturas locais. Sugere-se analisar os dados máximos e mínimos diários. Para correlacionar as mudanças mesoclimáticas com a expansão urbana, o ideal é analisar dados de outras estações meteorológicas, portanto, conclui-se que Umuarama necessita de outra estação meteorológica para estudo adequado de mudanças mesoclimáticas.