Nos tempos sombrios em que nos encontramos, buscamos em enunciados jornalísticos reiterar as palavras de Albert Camus (1913-1960): “a vida como está não nos parece satisfatória, os homens morrem e não são felizes”. As palavras do dramaturgo e poeta alemão Bertolt Brecht (1898-1956), por certo corroboram, expressam desagrado: “Eu vivo um tempo sombrio”. Dois autores que trouxemos em nosso socorro para iluminar com seus escritos poéticos, críticos e filosóficos nossas reflexões sobre as sombras que pairam sobre nosso tempo: a fome, os refugiados, as guerras, a infância, a juventude, a velhice e a crise na educação. Essa última, fruto do avanço de uma política de extrema direita que “vem cortando direitos dos trabalhadores e abandonando a luta contra a mudança climática, que é precisamente aquilo que pode acabar com todos nós” (CHOMSKY). Tempo de absoluta depuração (DRUMMOND). Sombras cujas imagens sintetizamos em quatro existências, a nosso ver medonhas, apocalípticas: a bomba, o mendigo, o cão e a PEC 241. Quatro sintomas que nos mostraram que as condições que geraram Auschwitz persistem ainda hoje em todas as nações e países; portanto, enquanto persistirem essas condições, Auschwitz é uma ameaça que a educação não pode ignorar. Nossa preocupação é pensar a educação contemporânea a partir desse contexto de barbárie e de banalização da vida em geral. Partimos da seguinte premissa: a de não poder pensar a avaliação da educação, que é um discurso sobre o mundo, sem pensar no contexto verbal onde ela se realiza. Daí voltarmos nossa atenção para os textos jornalísticos, pois são eles que cotidianamente influenciam nossa visão de mundo e consequentemente interferem em nossas avaliações. A nosso ver, o que precisa ser avaliado e a “Educação Após Auschwitz” (ADORNO) ou após qualquer outra tragédia na sua evidência contemporânea. Em todos os casos, ver as sombras que nos assombram nestes tempos sombrios a que se referiram Brecht, Camus, Bandeira, Drummond, Agamben, Chomsky, Arendt, Niemoller, Exupéry, Bhabha, Volóchinov e Adorno.