O presente artigo realiza uma comparação entre os conceitos de “escassez de moradia”, elaborado por Friedrich Engels, e o de “déficit habitacional”, definido pela Fundação João Pinheiro, aqui trazido através do Relatório do déficit habitacional e inadequação de domicílios de 2015. A pesquisa faz uma revisão bibliográfica das principais obras de Engels relacionadas ao tema da moradia, comparando seus pontos nodais com o debate contemporâneo brasileiro sobre o tema, destacando, especialmente, a noção de escassez de moradia, que decorre de uma concepção singular do autor acerca da questão nos marcos do capitalismo. O artigo conclui que a concepção de déficit habitacional, ainda que útil para expressar desigualdades sociais no acesso à moradia, leva a uma compreensão do problema habitacional mais estreita da que propunha Engels, isto é, tentando resolver o problema habitacional nos marcos do capitalismo e da mercadoria – dimensão que o pensador alemão propunha superar.