Antropol�tica Revista Contempor�nea de Antropologia
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Published By "Pro Reitoria De Pesquisa, Pos Graduacao E Inovacao - Uff"

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Author(s):  
Laura Graziela Gomes (UFF) ◽  
Antonio Motta (UFPE) ◽  
Antonio Carlos de Souza Lima (MN/UFRJ)

O texto introdutório do Dossiê tem como objetivo apresentar aos/às interessados/as o tema das elites nas ciências sociais, além de situá-los quanto ao estado da arte em que se encontram os estudos antropológicos sobre tais grupos no cenário internacional, ao modo de um sobrevôo, e no Brasil em especíifco, com relevo para pesquisas e pesquisadores que se debruçaram sobre o tema, mesmo não sendo de forma explícita. Dessa forma, esta introdução buscou destacar como muitas dessas investigações realizadas muitas vezes na fronteira ou entranhadas em pesquisas de Antropologia Política, Antropologia do Direito, Antropologia do Estado, Antropologia Urbana e do Consumo, contribuíram de modo determinante para iluminar as questões que dizem respeito às elites nacionais, desde sua formação histórica, econômica até o momento atual. Propondo linhas gerais de uma agenda para a investigação antropológica das elites em nosso país, a Introdução apresenta uma amostra de textos selecionados que apresentam ao público leitor aspectos cruciais da virada neoconservadora e ultra/neoliberal para a extrema direita pela qual passamos, assim como mostram outros momentos e formas de articulação entre as elites nacionais e internacionais.


Author(s):  
Henri Acselrad (UFRJ) ◽  
Fabrina Pontes Furtado (UFRRJ) ◽  
Juliana Neves Barros (UFRB) ◽  
Raquel Giffoni (UFF) ◽  
Wendell Ficher Teixeira Assis (UFAL)

A questão ambiental no Brasil ganhou, nos últimos anos, crescente centralidade política, tanto pelo confronto entre distintos mundos na fronteira de expansão territorial do capitalismo extrativo quanto pela evocação das desigualdades ambientais verificadas no espaço urbano-industrial. Neste artigo, discutimos as afinidades eletivas entre o neoextrativismo e o autoritarismo no Brasil, a partir da análise dos novos dispositivos do capitalismo ecologicamente modernizado, da linguagem antipolítica do liberalismo autoritário e da relação entre neoextrativismo, antiitelectualismo e constrangimento da liberdade acadêmica.


Author(s):  
Andrea Lobo (UnB) ◽  
Maria Eduarda Cardoso (UnB)

Neste artigo refletimos sobre os usos e disputas em torno da categoria família tal como tem sido apresentada no debate político brasileiro contemporâneo. Este estudo somase a outras reflexões existentes sobre esse tema, cujo ponto de inflexão incide sobre a chamada “virada conservadora”, que tem impactado diferentes setores da sociedade, notadamente as conquistas anteriores, asseguradas por meio de políticas públicas voltadas para a igualdade e promoção de direitos diferenciados durante os dois últimos governos então alicerçados em um modelo de democracia participativa. Nosso objetivo é de (1) sistematizar alguns dos debates, eventos e atores que vão conformar um modelo ideológico de família calcado em princípios de moralidade cristã, reprodução biológica e permanência e; (2) analisar como tal processo tem relação com possíveis reconfigurações no campo das elites político-financeiras do país, visto que nos parece ser produtivo pensar na articulação entre a ampliação da presença de grupos de elites evangélicas e católicas no debate público e a centralidade que as narrativas morais de “defesa da família” tem assumido no campo político brasileiro. Utilizando da abordagem etnográfica para acessar esse complexo cenário, ao final, argumentaremos pela noção de fronteiras morais como produtiva para explicar a gramaticalidade do discurso conservador de “defesa da família” em distintas camadas da sociedade brasileira face a supostos inimigos que estariam empenhados a “destruir a família”.


Author(s):  
Jorge Pinto Medeiros Neto (UFF)
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Baile de Gafieira: uma instituição urbana nos quadros da memória carioca, resultado de uma longa pesquisa do antropólogo Felipe Berocan Veiga, analisa detidamente o universo das gafieiras e dancings tomando como ponto de partida a etnografia da Gafieira Estudantina em seus últimos anos de funcionamento no centro histórico do Rio de Janeiro. Como uma instituição urbana e moderna por excelência, a gafieira possibilita que os corpos se aproximem num espaço público limitado, mobilizando dispositivos de autocontrole e regulação física da distância social, marcas da vida citadina. Com seus estatutos, valores e significados simbólicos, essa instituição “encarnada em personalidades fundamentais” inscreve a Praça Tiradentes como referência da dança no imaginário urbano carioca. O livro aborda um tema inédito sob a perspectiva antropológica, reconstituindo a memória social desses espaços voltados para a dança não só como um tipo de divertimento popular, mas como um rito urbano, que cria comportamentos e sociabilidades, estabelece costumes e dá vida a um modo de ser próprio da civilidade.


Author(s):  
Eduardo de Oliveira Rodrigues (UFF)
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As cidades por todo o mundo possuem diferentes tempos que são articulados na construção do seu cotidiano. Essa dialética entre velocidade e lentidão pode ser percebida por vários caminhos, entre eles a observação atenta dos seus modais de transporte. Eles permitem a operação de diferentes regimes de circulação de pessoas e mercadorias que não podem ser compreendidos, no caso do Rio de Janeiro, sem a contribuição das vans e kombis para o seu sistema de transporte. Esses modais complementares reproduzem ainda mais claramente a dialética entre velocidade e lentidão, sobretudo por um elemento que conforma uma diferença: a conjugação de uma série de ilegalismos na sua operacionalização. Neste sentido, o presente artigo objetiva compreender as táticas que possibilitam o enredamento de um “esquema” de transporte complementar no subúrbio carioca. Busco descrever a operação deste mercado encravado nas fronteiras do legal/extralegal como forma de pensar os usos sobre os diferentes tempos que conformam os ilegalismos. A etnografia toma partes da história de Daniel – um motorista de van que objetiva ser policial militar –como exercício que permite não só compreender esse mercado como também apreender alguns significados sobre os ilegalismos na lógica de um possível futuro policial num contexto de precariedade e violência. A estrutura narrativa se desenvolve por meio do acompanhamento de uma tarde na van de Daniel, quando fui designado como seu “cobrador” de passagens por algumas horas.


Author(s):  
Rafael Malhão (UNICAMP)
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O presente artigo é parte de uma pesquisa sobre os impactos da pandemia entre DJs e músicos. A reflexão aqui proposta emergiu em uma das entrevistas realizadas para a referida pesquisa e o resultado aqui apresentado pode ser visto como um artesanato intelectual (no sentido de Wright Mills) que combina a entrevista com uma pesquisa em materiais jornalísticos on-line sobre a percepção e os efeitos da pandemia. O texto está dividido em duas partes. Na primeira parte, abordo as implicações teóricas e metodológicas envolvidas no estudo das elites. É dedicada especial atenção as dificuldades de acesso às elites, as consequências políticas, científicas e epistemológicas de uma agenda de pesquisa sobre as elites e como tais questões necessitam não só de ecletismo metodológico, mas também de criatividade para lidar com as dificuldades específicas da produção de conhecimento sobre grupos em que a assimetria de poder entre pesquisador e pesquisado é desfavorável para o pesquisador. Na segunda parte, exploro, à luz da discussão entre sociedade risco e sociedade de classes proposta por Ulrich Beck, como está se constituindo a percepção e a experiência dos riscos e formas de enfrentamento da pandemia entre as classes mais abastadas em comparação com as classes que não possuem as mesmas condições materiais.


Author(s):  
Caio Pompeia (University of Oxford)

A escalada do populismo de extrema direita no Brasil tem ocorrido de forma articulada ao fortalecimento de pleitos radicalizados no heterogêneo campo do agronegócio. Este artigo aborda os modos como tais reivindicações extremistas têm sido recepcionadas entre as elites ligadas aos sistemas alimentares. A etnografia apresentada é desdobrada da interação entre o trabalho de campo com atores empresariais e políticos relacionados às commodities agropecuárias e a literatura sobre representações e programas prevalecentes na arena intersetorial. Os materiais empíricos compreendem, além dos registros de campo, documentos patronais e manifestações públicas de agentes privados e estatais. Os resultados mostram que, sob determinações econômicas, políticas e institucionais específicas, as posições mais radicais da direita no campo são, em grande extensão, condicionadas por representações dominantes. Por um lado, esse processo se revela no controle do negacionismo climático dos pleitos radicalizados; por outro lado, apresentase na instrumentalização das mais extremadas iniciativas contra os direitos territoriais indígenas.


Author(s):  
Caio Gonçalves Dias (MN/UFRJ)

O presente artigo analisa uma missão de especialistas da Unesco em 1968 ao Brasil que tinha por objetivo produzir um diagnóstico da situação das políticas culturais. Para além de uma descrição da missão em si, eu analiso os diversos agenciamentos em torno dos relatos produzidos pelos especialistas até a produção do relatório final. O objetivo geral deste texto, assim, é refletir sobre a maneira como uma elite local se apropria de ações e diagnósticos da Unesco, transformando-os em capital político. Nesse cenário, é possível observar como os projetos da elite – no caso, a criação de um Ministério da Cultura – são impactados pelo contexto político de modo direto, mostrando como há um campo de possibilidades que restringem ou possibilitam essas ações.


Author(s):  
Valdênio Freitas Meneses (UFCG)

Os Estudos Rurais são uma rede de cientistas sociais e de áreas afins que pesquisam temas no mundo rural brasileiro: da concentração da terra e recursos hídricos, conflitos entre populações locais e projetos de impactos socioambientais até políticas públicas voltadas para o meio rural. Os Estudos Rurais têm espaço em congressos nacionais e internacionais, além de parcerias e intercâmbios entre departamentos de universidades, ONGs e movimentos sociais. Neste artigo, proponho um debate sobre uma zona difusa dentro dessa consolidação de pesquisas dos Estudos Rurais: o tema das elites e classes dominantes e a construção de agendas de pesquisa acerca dos latifundiários, ruralistas, estancieiros, empresários rurais, pecuaristas, usineiros dentre outros. Para tanto, utilizo o seguinte roteiro: primeiro faço uma revisão dos debates acerca do termo “latifúndio” em teses clássicas do mundo rural; depois analiso a forma como os clássicos das ciências sociais no Brasil (1930-1960) abordaram a elite e o mundo rural. Aqui, também, a revisão é direcionada para as novas gerações de clássicos dos Estudos Rurais (de 1970 até o início do século XXI) e seus temas: pesquisas sobre a “perversa aliança” entre a grande propriedade e a modernização capitalista rural; temas dos setores patronais ruralistas do agronegócio e, por fim, etnografias feitas na zona da mata canavieira nordestina que alcançou o mundo das elites rurais. Revisando essas gerações de clássicos, proponho construir a categoria “ricos do campo” para firmar uma agenda de pesquisa atualizada sobre elites e classes dominantes nos Estudos Rurais.


Author(s):  
Leticia de Luna Freire (UERJ)
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Reflito sobre uma experiência de pesquisa junto a um movimento social contra os despejos na cidade espanhola de Granada, entre janeiro e abril de 2021, em um contexto atípico de pandemia, com diversas restrições à circulação e à interação dos indivíduos. Na primeira parte do artigo, apresento a conjuntura da crise habitacional na Espanha, na Comunidade Autônoma de Andaluzia e em Granada, abordando ainda algumas observações sobre a cidade onde se desenvolveu a pesquisa. Na segunda parte, descrevo um quadro da luta pelo direito à moradia no país, dando ênfase à organização e às ações do movimento Stop Desahucios Granada 15-M, assim como às observações e interlocuções produzidas com seus integrantes durante o trabalho de campo. Na terceira parte, discuto a abordagem da etnografia colaborativa como uma proposta de construção teórica coletiva e comprometida com a justiça social. Ao final, destaco a importância desta experiência internacional de pesquisa para favorecer exercícios contrastivos com relação às configurações e aos desafios do problema da moradia nas cidades de Granada e Rio de Janeiro, bem como para descolonizar a nossa antropologia e estimular relações acadêmicas mais simétricas entre pesquisadores do norte e do sul global.


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