E AGORA, PARA ONDE VAI? PROPOSTA DE ATIVIDADE DE ENSINO DE CARTOGRAFIA À DISTÂNCIA PARA ALUNOS DO ENSINO MÉDIO

Dado o contexto de excepcionalidade suscitado pela pandemia do vírus SARS-CoV-2, professores e alunos se reorganizaram para continuar seus estudos remotamente, o que implicou na reelaboração de metodologias de ensino e aprendizagem. Motivado pela necessidade de inovação das aulas de Geografia, este artigo tem como objetivo apresentar uma sequência didática para o ensino de cartografia a alunos do ensino médio em educação a distância e relatar seus principais resultados, tanto na perspectiva de sua capacidade de provocar aprendizagens significativas, quanto de sua capacidade de gerar engajamento. Desenvolvida a partir do Google Maps, Google Street View e Google Forms, e inspirada nas Corridas de Orientação, a atividade foi proposta para que os alunos pudessem vivenciar as lições aprendidas sobre a navegação em mapas em situações virtuais. Os resultados mostraram que a metodologia foi capaz de melhorar as habilidades de leitura e navegação de mapas dos alunos. Concluiu-se que os recursos de navegação virtual oferecidos pelas ferramentas de geovisualização podem ser apropriados como importantes aliados no ensino remoto de Geografia.

CIRCULAÇÃO ÁRABE DO MEDIEVO

Na perspectiva decolonial, teceu-se um estudo acerca da circulação árabe do medievo, fundamentando-se pelo conceito dardeliano de geograficidade, o modo de ser geográfico. Configura-se, nisso, um Espaço árabe para situar a dinâmica de circulação, caracteriza-se, pois, por possuir fluxos de grandes riquezas, pelo circuito do ouro sudanês, e de conhecimentos, pelo circuito de trocas técnicas como a arte papeleira, importada dos chineses, tornando possível a produção literária, abrindo a sabedoria em uma difusão tanto espacialmente como temporalmente. Ainda, em sua grande extensão territorial, marca-se pela língua comum, o árabe, e a hegemônica da religião, muçulmana. Nesse horizonte, tem-se situada, a circulação humana, em duas aberturas: a primeira, enquanto formativo-educacional e a segunda, enquanto articulador social. No primeiro ponto, levantou-se a questão da práxis na educação, pois muitos viajantes acompanhavam seus mestres por longos períodos até estarem aptos a serem educadores, o que resultava em uma concentração de certificados de vários mestres em uma jurisdição educacional muito peculiar. O segundo ponto refere-se às questões sociais: primeiro, entende-se que havia benefícios intelectuais – na viagem pelo conhecimento: rihla – e de vivência da fé – pelas viagens religiosas: hijra, hajj e ziyarat – aos viajantes e, inclusive, às famílias que, por toda espacialidade árabe, recebiam fraternamente esses viajantes assentando o reconhecimento de sua simpatia; segundo, havia desafios nas viagens como: guerras, falta de saneamento, carência de água, feras... a rispidez dos citadinos, pela imoralidade, soberba, luxúria... assim, pois, na completude da circulação econômica, epistêmica e humana se dava tanto benesses quanto desventuras. Com base nisso, prospectou-se um trabalho aberto a uma perspectiva da geograficidade decolonial, a fim de se construir um mundo diverso, em uma complexidade própria e autônoma.

OS CEMITÉRIOS COMO ESPAÇO DE SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL: O CASO DO SÃO JOÃO BATISTA (RJ).

Resumo Este trabalho visa demonstrar a segregação socioespacial que ocorre nos cemitérios, partindo de uma análise histórica do estabelecimento das primeiras necrópoles no Rio de Janeiro, até os dias de hoje, tendo o cemitério São João Batista como objeto de estudo. Analisando o espaço urbano e o local de análise, há uma clara divisão entre classes, o que ocorre de forma menos dinâmica, obviamente, mas nem por isso menos clara. Através de símbolos, localização e tipo de sepultura, há uma identificação da classe social a qual a pessoa pertencia e ainda há uma separação no cemitério entre sepulturas de maior valor e as de menor valor, assim como nas grandes cidades. Além de espaços óbvios e dinâmicos onde acontece a segregação, como favelas e condomínios fechados, o trabalho visa mostrar esse tipo de processo, que tem suas particularidades, mas nem por isso deixa de demonstrar características da segregação tradicional, estudada por grandes geógrafos. Palavras-chave: Cemitério São João Batista, Geografia Urbana, Geografia Histórica, Segregação Socioespacial, Espaço Urbano.

ANÁLISE DOS SIGNIFICADOS POLÍTICO-IDENTITÁRIOS DOS MONUMENTOS NA PRAÇA DOS GIRASSÓIS, EM PALMAS, TO

Este artigo tem como objetivo identificar os significados políticos-identitários dos principais monumentos edificados na Praça dos Girassóis em Palmas - TO, bem como analisar as intenções e os sentidos desses monumentos no período em que foram instalados. Para tanto, com o suporte de dados documentais, pesquisa em campo e revisão bibliográfica da literatura sobre o tema, tem-se, no primeiro momento, uma descrição detalhada da localização, do ano de implantação e da dimensão espacial desses monumentos; já no segundo momento, elabora-se uma análise reflexiva acerca dos significados atribuídos a essas obras, destacando sua plurivocalidade e a construção desse espaço simbólico para o devir da cidade e dos sujeitos que a ocupam. Os resultados da análise mostram que os monumentos da Praça dos Girassóis foram todos construídos durante a gestão governamental de José Wilson Siqueira Campos, e conclui que estas formas simbólicas espaciais expressam a construção de uma memória para o futuro, associada à imagem do primeiro governador do estado, além de serem portadoras de simbolismos e de autorrepresentação ou autoafirmação política.

ESTADO DA ARTE DAS PESQUISAS EM PROTEÇÃO E RECUPERAÇÃO DE NASCENTES PARA O CONSUMO HUMANO EM PROPRIEDADES RURAIS NO BRASIL

A pesquisa objetivou indicar o estado da arte das produções cientificas no Brasil para a proteção e recuperação de nascentes no meio rural. Realizaram-se buscas de publicações nas Plataformas Google Acadêmico e nos Periódicos da CAPES. As palavras chave foram: proteção e recuperação de nascentes; análise da qualidade da água e área rural. Quantificaram-se os assuntos tratados em cada produção: Educação Ambiental (EA), Práticas de Preservação e Recuperação da Vegetação (PRV), Técnicas Implementadas (TI) e Monitoramento/Analises da Qualidade da água (QA). 64,5% das publicações apresentaram mais de um critério. Realizou-se o mapeamento e o ano das publicações e foram demonstradas as áreas de conhecimento dos autores. Os resultados indicaram que PRV foi retratado em 63 publicações, EA em 55, TI em 43 e QA em 30. A Região Sul se destacou com 35 publicações, seguida da Região Sudeste com 30, Nordeste com 15, Centro Oeste com 9 e Norte com 1. As áreas de conhecimento predominante dos autores são Biologia com 28 artigos, seguida de Geografia com 20 e Agronomia com 18. Os anos com maiores publicações foram 2014 e 2017 com onze publicações cada. Contabilizou-se 78 produções realizadas por pesquisadores filiados a Universidades e Institutos Públicos e 12 por pesquisadores filiados a Instituições particulares. As publicações se mostram desiguais nas regiões brasileiras, especialmente na região norte.

À SOMBRA DO CAPITAL, CORPOS DESCARTÁVEIS E A EXCLUSÃO DAS POPULAÇÕES PERIFÉRICAS FRENTE À COVID-19 EM BELO HORIZONTE – MG

Este trabalho buscou analisar e apresentar discussões à luz da COVID-19, relacionando as periferias urbanas e os corpos que nelas habitam. Para subsidiar a argumentação ao longo do texto foram utilizados conceitos como: Eugenia, Neomalthusianismo, Risco e Vulnerabilidade. Além de uma retomada histórica sobre a crise urbana para elucidar as noções do direito à cidade no cenário contemporâneo. Por fim, foram analisados e justapostos dados e mapas sobre o contágio e óbitos pela COVID-19 em Belo Horizonte, localizada em Minas Gerais, corroborando com a ideia de que os impactos causados pela dispersão e contaminação do novo Coronavírus se dá de forma desigual pelo espaço urbano.

Estudo da influência da Zona de Cisalhamento de Três Corações na ocorrência de voçorocamentos

O presente estudo visa realizar o mapeamento das ocorrências de voçorocas em uma área do sul de Minas Gerais, localizada entre os municípios de Campanha e Itutinga. Esse mapeamento tem como objetivo estabelecer possíveis relações entre a distribuição espacial dos voçorocamentos e a faixa de influência da Zona de Cisalhamento de Três Corações (ZCTC). A varredura foi realizada em uma faixa de 20 km de largura utilizando imagens de satélite de alta resolução. As 182 voçorocas identificadas confirmaram a ocorrência de uma significativa concentração dessas feições nas proximidades da faixa tectonizada, embora a distribuição das mesmas não seja homogênea. Os resultados apontam que o controle morfoestrutural não é tão decisivo no desencadeamento de processos de erosão acelerada, já que uma parcela muito reduzida das feições se encontra adaptada à direção da ZCTC (NE-SW). Além disso, apenas 13% das voçorocas estão inseridas na faixa de maior deformação que possui 1 km de largura. Por outro lado, as elevadas taxas de incisão fluvial verificadas previamente nas proximidades da ZCTC indicam que há um controle morfotectônico com abrangência espacial mais ampla. A instabilidade da rede drenagem provocada por alterações nos níveis de base repercute em diversas cabeceiras sob a forma de voçorocamentos.

Antropoceno, quo vadis?

Nota técnica

IMPACTO VISUAL DE EMPREENDIMENTO EÓLICO NA PAISAGEM DO CERRO DO JARAU POR MEIO DE SIMULAÇÃO DIGITAL

No presente trabalho busca-se apresentar contribuições da simulação digital à análise da paisagem no processo de licenciamento ambiental. Trata-se de um estudo de caso no entorno do Cerro do Jarau, patrimônio geológico e cultural do Estado do Rio Grande do Sul, onde tramita o licenciamento de um empreendimento eólico. Tendo-se a paisagem como categoria de análise geográfica, se considera esta tanto como uma marca quanto uma matriz. Assim, para se avaliar os possíveis impactos na paisagem, quanto à instalação do empreendimento, objetivou-se realizar simulações no software Windplanner, permitindo a inserção dos aerogeradores em fotografias panorâmicas. Considerou-se o critério de distância de 5 km de afastamento, visando diminuir o grau de impacto visual na paisagem. As simulações auxiliam na avaliação dos impactos ambientais decorrentes da implementação de empreendimentos eólicos, permitindo uma melhor visualização da futura paisagem, por parte dos analistas e da comunidade em geral.

POTENCIALIDADES E USO DE GEOTECNOLOGIAS PARA GESTÃO E PLANEJAMENTO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Desde os tempos remotos das civilizações a natureza sempre foi vista principalmente como um fornecedor incessável de matérias primas, não havendo uma preocupação com o uso indiscriminado de recursos naturais. Tendo em vista a redução de tais recursos, no Brasil, por meio da lei federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000, cria-se o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). Entretanto, somente a criação de Unidades de Conservação (UC), não assegura a proteção aos recursos naturais e culturais previstos na legislação. Desta maneira, a utilização de geotecnologias está estreitamente relacionada às questões ambientais, sendo observada sua utilização em várias partes do mundo. O presente artigo tem como objetivo, por meio de revisão bibliográfica apresentar e discutir potencialidades de técnicas e ferramentas de geotecnologias que podem ser especificamente eficientes para a gestão e planejamento de UC. Conclui-se que a utilização dessas técnicas complementadas com outras fermentas também de geotecnologias, auxiliam em diversas etapas do planejamento, criação, pesquisa e monitoramento de UC, principalmente na consecução do planjo de manejo, principal documento da área protegida, favorecendo o uso público, oferecendo atrativos para turistas, quando permitido, e dão subsídios para a tomada de decisão pela gestão da unidade.