Trabalhos em Linguística Aplicada
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Published By Fapunifesp (Scielo)

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2021 ◽  
Vol 60 (3) ◽  
pp. 704-717
Author(s):  
Douglas Vinícius Souza Silva ◽  
Rodrigo Corrêa Martins Machado

RESUMO O objetivo deste trabalho é, a partir dos preceitos da decolonialidade (QUIJANO, 2005; WALSH, 2009), analisar as listas de leituras obrigatórias de vestibulares, investigando: os efeitos retroativos dessas listas nas práticas de letramentos literários escolares; a diversidade social, étnica, sexual e de gênero que elas promovem; como movimentam o cânone literário escolar; e como contribuem (ou podem contribuir) para uma maior democratização da/na educação literária. Para isso, selecionamos listas dos últimos vestibulares de sete universidades públicas, buscando contemplar instituições de cada região do Brasil. Tomamos as listas de leituras como importante ferramenta de legitimação de autores e obras literárias para o contexto escolar. A análise proposta é qualitativo-interpretativista (MOITA-LOPES, 1994; 2006) e compreende que todas as práticas de letramentos literários são ideológicas (STREET, 2014), o que pressupõe tanto uma investigação em diálogo com os contextos sociais e com os diversos atores/agentes em torno das práticas de letramentos analisadas, quanto uma interpretação que não isole os dados da pesquisa das relações de poder e disputas discursivas exercidas em torno deles. A partir da constatação de que a inclusão promovida por essas listas de obras literárias se limita apenas a determinadas diversidades, procuramos analisar, especialmente, a ausência de autores e obras LGBTQIA+, a fim de compreender as razões dessa ausência e demonstrar o potencial educativo que obras e autores desses grupos sociais poderiam ter na construção de práticas de letramentos literários escolares de reexistência (SOUZA, 2011; WALSH, 2009) para uma educação transgressora (HOOKS, 2017) e democrática.


2021 ◽  
Vol 60 (3) ◽  
pp. 881-901
Author(s):  
Carolina Parrini Ferreira

RESUMO Este artigo apresenta uma análise discursivo-crítica das representações de raça em quatro coleções de livros didáticos (LD) de Espanhol para o Ensino Fundamental: ¡Adelante! (2002), Saludos (2008), Ventana al español (2011) e Contraseña (2015), todas já utilizadas em escolas de Florianópolis/SC. A análise compreende um levantamento quantitativo, a fim de verificar a frequência com que pessoas negras, indígenas, asiáticas e brancas são contempladas, e uma apreciação qualitativa/interpretativa em relação aos papéis sociais e ao modo como os atores sociais são representados (VAN LEEUWEN, 2008) nas imagens presentes nas coleções. O suporte teórico-analítico que embasa o estudo é a Análise de Discurso Crítica (FAIRCLOUGH, 2016; VIEIRA e RESENDE, 2016 e MELO, 2009), além de referências sobre discurso e raça (VAN DIJK, 2008; FERREIRA, 2019; ENEVAN e JOVINO, 2019; e outros) e sobre decolonização (RESENDE, 2019 e VIEIRA, 2019). Resumidamente, os resultados mostram que, ao longo do tempo, a frequência de algumas raças aumenta sutilmente, enquanto outras se mantém predominante ou apagada; há também aumento da variedade de papéis sociais relacionados a algumas raças, embora muitas representações reforcem/ reproduzam estereotipias, sinalizando alguns avanços e muitos desafios a serem ainda superados para que se possa alcançar uma escolarização verdadeiramente antirracista.


2021 ◽  
Vol 60 (3) ◽  
pp. 826-840
Author(s):  
Thais Regina Santos Borges
Keyword(s):  

RESUMO O objetivo deste trabalho é propor uma reflexão crítica acerca do papel da branquitude na produção de saberes acadêmicos na Linguística Aplicada Crítica, consonante com seu horizonte de justiça social, ao se ocupar de fenômenos sociais em que a linguagem enquanto sociossemiose tem papel fundamental. Apoiada no paradigma simultaneamente decolonial (CURIEL, 2017) e interseccional (COLLINS, 1990), defendo sua vocação necessariamente antirracista, no contexto dos embates contra-hegemônicos de uma academia entendida como instanciação do mundo "cubo-branco" (KILOMBA, 2019), para configurar a área como efetivamente crítica, a partir da consolidação de uma epistemologia antirracista que atravesse o campo. Nesse sentido, destaco a necessidade de escrutínio da branquitude enquanto conjunto de práticas sociais (CONCEIÇÃO, 2020), refletindo sobre performances raciais (MELO, 2018) da branquitude crítica (CARDOSO, 2017) na academia. Tendo como pressuposto o caráter crítico-reflexivo da pesquisa em si (DE FINA, 2015), destaco a pertinência da escuta ativa e de processos de autoescuta, em que há a possibilidade de "se ouvir escutando" (SOUZA, 2011), a fim de driblar a transparência de ideologias racistas da branquitude performadas discursivamente por analistas brancos, brancas e branques em seu silêncio performativo de racismo (BENTO, 2002). Trazendo a ideia de transformação social para dentro do próprio campo, proponho pensar o "estudo" (HARNEY) MOTEN, 2013), uma forma de oposição à produção de conhecimento, que é expoente de um fazer acadêmico colonial e colonizado, em consonância com a performatividade afetiva do "sentir crítico", para articular novos modos de ser, estar, agir e sentir no/ com o mundo (BORGES, 2017a).


2021 ◽  
Vol 60 (3) ◽  
pp. 853-864
Author(s):  
Júlio Araújo ◽  
Francisco Rogiellyson da Silva Andrade ◽  
Janyele Gadelha de Lima

RESUMO Este artigo analisa a resenha de livro no âmbito da rede social YouTube, considerando as estratégias de distribuição de informações nas resenhas publicadas nesse ambiente virtual. Teoricamente, apoiamo-nos, principalmente, no que se concerne ao processo de reelaboração de gêneros nas redes sociais (ARAÚJO, 2016). Além disso, partimos do instrumental analítico chamado Create a Research Space (CARS), proposto, inicialmente, por Swales (1984), para o estudo da organização de introduções de artigos científicos, posteriormente utilizado por Motta-Roth (1995) e outros autores para o estudo da resenha acadêmica. Partindo de uma metodologia de cunho etnográfico, reunimos 10 resenhas produzidas por usuários desse ambiente virtual, os chamados booktubers. A análise dos dados nos mostra que, apesar de muitos moves e subfunções que compõem a resenha acadêmica se manterem nessa realização do género, novas unidades retóricas, porém, aparecem nas resenhas, o que demonstrou a necessidade da reelaboração da sua organização retórica para contemplar o ato de resenhar no YouTube.


2021 ◽  
Vol 60 (3) ◽  
pp. 811-825
Author(s):  
Cristiane Carvalho de Paula Brito ◽  
Ivan Marcos Ribeiro
Keyword(s):  

RESUMO Neste artigo, visamos refletir sobre o uso da literatura em aulas de língua inglesa (LI) voltadas para a formação do professor. Mais especificamente, interessa-nos responder a dois principais questionamentos, a saber: como ensejar práticas de leitura na universidade que possibilitem ao licenciando trabalhar o texto como materialidade linguístico-discursiva, por meio da qual ele possa se constituir leitor e (futuro) professor? E de que forma o trabalho com o texto literário pode contribuir para tal processo? Para isso, partimos da desconstrução das dicotomias entre língua/literatura e aprender língua/aprender a ser professor de língua. Nossa discussão se delimita a algumas considerações sobre o currículo de um curso de Letras/Inglês, em uma universidade pública mineira, e sobre uma experiência com textos literários, em uma disciplina voltada para o desenvolvimento da leitura em LI, na referida instituição. Nossas análises apontam que, apesar de mudanças, o foco do currículo ainda recai sobretudo na periodização literária, havendo pouco espaço para a relação com o ensino. As propostas de abordagem do texto literário, por sua vez, acenam para possibilidades de se trabalhar uma estética-ética discursiva que possa incidir na constituição do futuro professor ao promover experiências de tomada responsivo-responsável da palavra em uma língua outra.


2021 ◽  
Vol 60 (3) ◽  
pp. 735-747
Author(s):  
Paula Aparecida Diniz Gomides ◽  
Gilcinei Teodoro Carvalho ◽  
Terezinha Cristina da Costa Rocha

RESUMO O artigo discute a formação de leitores surdos, enfocando as práticas sociais de letramento literário em que a Libras ocupa uma centralidade. Buscamos, por meio de entrevistas com dois professores surdos, de gerações diferentes, reconstruir suas trajetórias, tendo em vista, por um lado, os percursos sócio-históricos nos quais eles se engajaram, durante sua formação leitora e, por outro lado, o entendimento de constituição leitora como um fenômeno social, cultural e identitário. Estabelecemos uma articulação entre a literatura surda e a formação social e escolar de surdos, refletindo sobre os processos que lhes possibilitaram a construção de um repertório leitor e sobre as interfaces desse contexto com as políticas que reafirmaram o bilinguismo dos surdos e o direito ao uso da Libras. As experiências de socialização e de escolarização com a literatura e a língua portuguesa remetem às trajetórias da comunidade surda e, muitas vezes, revelam-se acidentadas, especialmente pela presença de processos clínico-terapêuticos de inserção na comunidade ouvinte. Contudo, as experiências relatadas também indicaram um favorecimento ao engajamento em práticas sociais de letramento literário, quer na condição de leitores que avaliam de forma contextualizada certas produções, quer na condição de autores que vivenciam performances literárias que são potencializadas pelas redes sociais que fazem circular produções representativas da comunidade surda, o que inclui o uso sistemático da Libras.


2021 ◽  
Vol 60 (3) ◽  
pp. 626-644
Author(s):  
Marcella dos Santos Abreu ◽  
Cláudia Hilsdorf Rocha ◽  
Ruberval Franco Maciel

RESUMO Neste artigo, pretendemos visibilizar os slams vivenciados “das ruas para as escolas, das escolas para as ruas” como letramentos literários que promovem, entre as juventudes do Sul Global, espaços translíngues potencialmente criativos, críticos e transformativos. Partindo do grito de luta do projeto Slam Interescolar SP, destacamos os antecedentes e a trajetória da iniciativa organizada, desde 2015, pelo coletivo paulistano Slam da Guilhermina. Posteriormente, exploramos entendimentos sobre translinguagem e decolonialidade, lentes pelas quais vemos emergir as sensibilidades de mundo que desafiam práticas monoglóssicas e narrativas hegemônicas em batalhas poéticas travadas desde o chão das escolas. Identificamos tais subversões na análise do poema Gé putáre tenetehára, da então estudante de Ensino Médio Franciele Evangelista Apolinário, durante a etapa final do projeto Slam Interescolar SP 2020 – edição online. Destacamos os aspectos poético-literários, aos quais aproximamos dimensões da abordagem translíngue enativo-performativa, para apontarmos a potência de linguagens, histórias e culturas como experiências estéticas transformadoras dos slams inseridos no contexto escolar paulista. Por fim, consideramos que essas vivências podem potencializar a presença de gretas e semeaduras das quais emergem gritos de resistência entre os jovens slammers desse território.


2021 ◽  
Vol 60 (3) ◽  
pp. 612-625
Author(s):  
Claudiana Nogueira de Alencar

RESUMO Este artigo é resultante de uma proposta teórico-metodológica de pesquisa participante e interventiva nos estudos da linguagem, a Pragmática Cultural (ALENCAR, 2014, 2015, 2019), que busca a horizontalidade, a colaboração entre saberes populares e acadêmicos, por meio de metodologias simétricas que valorizem formas de vida e resistência, visando à transformação social. Sob essa perspectiva, analiso a constituição de uma gramática cultural de resistência pelas mulheres participantes de três coletivas de poetas da periferia de Fortaleza. O arcabouço teórico se assentou nas concepções de performatividade de raça e interseccionalidades, a partir do trabalho de Glenda Melo (MELO; MOITA LOPES, 2013, 2014; MELO; PAULA, 2019); gramática cultural e gramática da dor, discutidas nos trabalhos de Veena Das (DAS, 1995, 1999, 2007; DAS et al., 2004) e em minhas pesquisas (ALENCAR, 2014, 2019); e o conceito de escrevivência, de Conceição Evaristo (EVARISTO, 2007, 2008, 2009). As categorias metapragmática, indexicalidade (SILVERSTEIN, 1993, 2003), performance e entextualização (BAUMAN; BRIGGS, 1990) também fazem parte do nosso construto analítico. Com a investigação, percebi que práticas literárias, culturais e políticas dessas poetas constituem uma gramática cultural que anuncia uma sociedade sem dominação, construída pela feminização da resistência.


2021 ◽  
Vol 60 (3) ◽  
pp. 608-611
Author(s):  
Cynthia Agra de Brito Neves ◽  
Clecio dos Santos Bunzen Júnior

2021 ◽  
Vol 60 (3) ◽  
pp. 670-685
Author(s):  
Bruno Cuter Albanese
Keyword(s):  
A Priori ◽  

RESUMO Este artigo tem como principal objetivo analisar o processo de leitura do texto literário por um grupo de alunos do nono ano do ensino fundamental em um trabalho de adaptação da obra Senhora de José de Alencar para um curta-metragem. Os registros da pesquisa, coletados durante uma pesquisa-ação em uma escola da rede particular de ensino, foram triangulados de maneira a entender o processo de apropriação do romance em três mudanças significativas entre a obra de Alencar e a obra dos alunos. As análises foram baseadas na articulação dos conceitos de leitura subjetiva do texto literário (ROUXEL, 2012, 2013; LANGLADE, 2013; JOUVE, 2013) e do designer de significados (GRUPO DE NOVA LONDRES, 1996; COPE E KALANTZIS, 2009). Os resultados das análises mostram que o processo de leitura subjetiva da obra literária envolveu a construção de uma trajetória em que os alunos ressignificaram elementos do romance que não lhes eram familiares ou coerentes com suas experiências de mundo, por meio de elementos de seus próprios repertórios, especialmente a partir de referências de mídias audiovisuais, construindo leituras que atravessam diferentes mídias. Também foi possível afirmar a partir das análises que as narrativas transmídia em um projeto de leitura literária permitem que os alunos se apropriem do texto literário canônico de maneira a torná-lo parte de sua própria coleção e não mais como um elemento do repertório escolar que tem seu sentido estabelecido à priori da leitura.


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