GENEALOGIA DO ROBÔ: ANATOMIA DE UM MITO CIRCULANTE NA FICÇÃO CIENTÍFICA
O presente artigo traça o percurso de formação, transformação e deformação do mito do Golem, cujo empobrecimento simbólico, característico do processo mitogênico, faz circular nas produções culturais midiáticas sob a forma do estereótipo robô. Para tanto, recorre-se a Teoria do Imaginário, de Gilbert Durand e aos procedimentos metodológicos sistematizados por ele na Mitanálise. Adota-se como objeto empírico os seres artificiais das quatro séries que compõem a saga estadunidense Battlestar Galactica (1978 – 2010). Como principais resultados, observa-se o desgaste da representação robótica como humanoides inorgânicos, bem como, sua coexistência com androides e ginoides orgânicos, formas de vida híbridas e tendências ao que se denomina aqui como (i)materialidade. A análise da ficção e de seus personagens robóticos como superfícies de inscrição de sentidos revela dinâmicas de tensão, convergências/divergências e negociações, a fim de, problematizar nas telas novos modos de existência e subjetividade, que convocam outras formas de imaginar. Os deslocamentos nas figurações são correlatos a transformações nos significados colocados em circulação, que mobilizam o desejo de transcendência humano, simbolizado na ficção científica e em seus robôs, dentre outros valores.