scholarly journals O QUE A “HUMILDADE DOS OBJETOS” PODE NOS DIZER SOBRE A BELEZA NO RIO DE JANEIRO: NOTAS SOBRE UMA TRAJETÓRIA DE PESQUISA

2020 ◽  
Vol 10 (3) ◽  
pp. 1045-1056
Author(s):  
Mylene Mizrahi
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Resumo Neste texto discorro sobre a relação entre minha trajetória acadêmica e conceitual e a teoria, obra e trajetória de pesquisa de Daniel Miller. A partir de trabalho de campo junto ao funk carioca, com ênfase em sua dimensão estética e nas materialidades que o compõem, elaboro sobre a noção de “humildade dos objetos” e exploro o rendimento que as coisas “ubíquas” podem oferecer para a pesquisa em ciências sociais. Trago à tona a generosidade analítica e afetiva que marca minha interlocução com Miller e revisito o período correspondente ao doutorado-sanduíche, em Londres sob a supervisão do antropólogo inglês. Retomo, ainda que brevemente, as muitas teorias da materialidade que acionei nesse processo e que sigo explorando em meu percurso intelectual e acadêmico.

2009 ◽  
Vol 9 (2) ◽  
pp. 369-390 ◽  
Author(s):  
Adriana Carvalho Lopes
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O funk é uma prática musical produzida e consumida, principalmente, pela juventude das favelas do Rio de Janeiro. Além de diversão e trabalho, o funk é uma forma de identidade para essa juventude. Neste artigo, conjugo a análise linguística com a prática etnográfica para demonstrar que tal identidade possui uma linguagem específica, por meio da qual os artistas do funk significam as suas próprias experiências e, assim, constroem uma nova cartografia para a cidade do Rio de Janeiro. Nessa linguagem, a favela deixa de ser o espaço genérico da barbárie e se transforma em território com nome próprio e no local da habitação e de hábitos cotidianos de inúmeros jovens favelados.


2016 ◽  
Vol 14 (33) ◽  
pp. 11-25
Author(s):  
Míriam Cristina Carlos Silva ◽  
Thífani Postali
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O artigo discute o fenômeno midiático “MC Véia”, que se transformou a partir do contato com o funk carioca. Leda Maria Soares Ferreira, a “MC Véia”, tem uma história marcada por transformações de identidade, quando teve que se mudar para um bairro periférico do Rio de Janeiro e se adaptar ao novo meio, criando laços afetivos e transformando-se a partir da cultura local por meio do funk. Para explicarmos essa transformação e produção cultural, apoiamo-nos na teoria da folkcomunicação e considerações da Escola de Chicago, além dos conceitos de antropofagia, com Oswald de Andrade, e hibridação cultural, com Néstor Canclini. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica e exploratória, que conta, ainda, com a avaliação de posts no Facebook de Mc Véia, matérias em revistas e sites, entrevistas cedidas por Leda Maria à mídia e às autoras deste trabalho.


Cadernos Pagu ◽  
2018 ◽  
Author(s):  
Mylene Mizrahi
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Resumo A partir da articulação entre gênero e materialidade tomamos o dinheiro como objeto estético para evidenciar a relacionalidade da pessoa masculina funk . O dinheiro revela-se como adorno, como articulador de relações e como substância. A mulher, que em algumas leituras é pensada como objetificada, revela as potências do feminino que compõem o homem. Como desdobramento da análise, reconceituamos o corpo e a pessoa, tomando-os como não circunscritos, repensando junto a noção de “objeto”. Igualmente, trazemos um sentido outro para a noção de “ostentação”, deslocando o consumo de uma chave moralizante.


Mana ◽  
2017 ◽  
Vol 23 (2) ◽  
pp. 341-370 ◽  
Author(s):  
Adriana Facina ◽  
Carlos Palombini
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Resumo O Baile da Chatuba é realizado desde meados dos anos 1990 na Quadra da Chatuba, Morro da Chatuba, parte do Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro. A ocupação militar do Complexo da Penha em 2010 e a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no Morro em 2012 restringiram o uso da Quadra, e o Baile foi suspenso. Em 2014 a Secretaria de Cultura do Estado patrocinou seu retorno, negociado entre os realizadores, integrantes da UPP, a Secretaria de Cultura, varejistas de substâncias ilícitas e moradores. Excluiu-se o subgênero de funk carioca cujas narrativas evocam a vida no crime: o proibidão, em função do qual o evento se tornara conhecido. Pesquisa histórica, análises fonográficas e trabalho de campo conduzido entre 2005 e 2015 reúnem-se nos âmbitos de uma antropologia urbana e de uma musicologia relacional (Born 2010) para inserir tal processo na história da criminalização das festas populares do bairro da Penha. Eximidos de uma visão linear e evolucionista da história (Benjamin 1985), a Festa da Penha e o Baile da Chatuba emergem como alegorias de uma história de longa duração das culturas da diáspora negra. Essa história articula criminalização e sobrevivência, e sugere que o proibidão seja parte de construções de identidade referenciadas nas experiências compartidas da violência armada e da violação de direitos.


E-Compós ◽  
2008 ◽  
Vol 10 ◽  
Author(s):  
Simone Pereira De Sá
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O trabalho aborda o funk carioca, tomando-o como um gênero dentro da música eletrônica. Para tanto, busca compreender a sua construção genérica a partir de apropriações e hibridações, propondo três marcos para a compreensão e contextualização do fenômeno. O primeiro é o de seu surgimento na periferia da cidade do Rio de Janeiro no final dos anos de 1970 sofrendo a influência do Miami Bass. O segundo é o momento de desenvolvimento do estilo carioca, com letras em português e produção brasileira, destacando-se o trabalho do DJ Marlboro. E o terceiro é a entronização do gênero no circuito de música eletrônica experimental, a partir da sua associação ao electroclash. Marcos aos quais podem associar-se diferentes discursos sobre o funk – que oscilam entre os pólos da demonização e da valorização do gênero. O argumento desenvolve-se a partir da discussão de Simon Frith e de Jeder Janotti Jr. sobre a noção de gênero musical, em diálogo com Martin-Barbero, Canclini e Will Straw; dialogando ainda com Hermano Vianna e Micael Herschman sobre a história do funk.


Author(s):  
Pablo Cezar Laignier
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O objetivo deste trabalho é analisar as relações entre o funk carioca enquanto gênero musical e a teoria sobre as condições de uma economia política moderna no estágio contemporâneo, em que a acumulação flexível e os rápidos giros nos ciclos do capital se desdobram em uma sociabilidade e em aspectos culturais de mobilidade, risco, incerteza, crise, fluidez, portabilidade e interconexão. O referencial teórico é baseado principalmente nas obras de Harvey (2006), Lyotard (2003) e Anderson (1999). A primeira seção discute, com base nestes autores, a conjuntura pós-moderna; a segunda apresenta alguns exemplos dos desdobramentos das características classificadas como pós-modernas na música massiva/popular; a terceira discute algumas características do funk carioca como gênero musical e como cena cultural, inserindo-o no contexto político-econômico do Rio de Janeiro contemporâneo.


Author(s):  
Elizete Ignácio dos Santos
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Nesta comunicação buscamos compartilhar uma experiência depesquisa social na área de economia da cultura, com o objetivo detrazer novos elementos para o debate travado neste campo. Assimapresentamos as contribuições que as investigações realizadas comagentes atuantes no mercado do funk carioca nos trouxeram ao mensurarmosos impactos econômicos da produção deste gênero musicalna cidade do Rio de Janeiro. Este gênero está intrinsecamente vinculadoao contexto socioeconômico e cultural dos seus artistas e produtores.Porém, e apesar de usarem uma linguagem escrita e musical totalmentereferenciada a estes contextos, expandiu-se para além de suasregiões originais, tornando-se conhecido no Brasil e no exterior.


2017 ◽  
Vol 15 (3) ◽  
Author(s):  
María Alejandra Sanz Giraldo
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Este artículo nace de una comparación más amplia entre dos ritmos electrónicos de periferia: la champeta cartagenera y el funk carioca de Rio de Janeiro. En él se analizan las características estéticas que comparten estos dos universos musicales que los hacen transgresores de normas de gusto, de órdenes morales y de divisiones espaciales en dos ciudades altamente segregadas. Veremos como estas estéticas, consiguen una visibilidad por medio de corporalidades y sonoridades específicas. Especialmente a través de la fiesta tanto el funk cuanto la champeta provocan una subversión temporal del orden establecido y conquistan espacialidades tradicionalmente restringidas.


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