scholarly journals Tratamento da Doença de Chagas pelo Nifurtimox (Bayer 2502)

1975 ◽  
Vol 9 (6) ◽  
pp. 297-307 ◽  
Author(s):  
Aluizio Prata ◽  
Vanize Macêdo ◽  
Gildete Porto ◽  
Iracema Santos ◽  
José A. Cerisola ◽  
...  

Foram tratados 77 pacientes com doença de Chagas pelo nifurtimox, subdivididos em quatro grupos. Grupo I, com 30 pacientes na fase aguda. Somente oito doentes usaram a droga durante 120 dias, na dose inicial de 15 mg/kg de peso corporal e posteriormente de 10 mg. Vinte e dois pacientes tomaram dose insuficiente. Em quatro doentes (50%) o xenodiagnóstico tornou-se negativo pós-tratamento; destes, três fizeram reação de Machado Guerreiro, a qual estava negativa. Houve um óbito por insuficiência cardíaca no 59 dia de tratamento. Seis pacientes apresentaram polineuropatia periférica. Grupo II, com 15 pacientes na fase crônica, tratados em ambulatório. Oito abandonaram o tratamento, mas cinco em dez que tomaram placebo fizeram o mesmo. Dos seis que tomaram a droga durante 120 dias e fizeram pelo menos um xenodiagnóstico pós-tratamento, havia quatro que estavam com os exames negativos. O tratamento não alterou o eletrocardiograma, a área cardíaca ou a radiografia do esôfago dos doentes e não evitou que um paciente viesse a desenvolver insuficiência cardíaca e um outro arritmia. Grupo III, com 15 pacientes na fase crônica, tratados com 10 mg/kg, durante 120 dias. Fizeram 12 xenodiagnósticos mensalmente, cada um com oito caixas contendo 10 T. infestans após o tratamento e somente 28,5% dos pacientes apresentaram todos os exames negativos. Houve acentuada redução da parasitemia, mesmo nos doentes não curados. O número de xenos positivos passou de 43% antes do tratamento para 24,4% após o mesmo e o número de caixas positivas caiu de 29,6% para 7%. Grupo IV, com 17 pacientes na fase crônica, tratados com 8 mg/kg ao dia, sendo que em oito durante 120 dias, em cinco durante 100 dias e em quatro durante 60 dias. A percentagem de doentes com os 12 xenos negativos pós-tratamento foi de 56,25. Também neste grupo houve redução de parasitemia, caindo a percentagem de xenos positivos de 76,5 antes do tratamento para 10,3 e a de caixas positivas de 28,6 para 3,1. Não há vantagem em se prolongar o uso do nifurtimox por mais de dois meses. As percentagens de cura são bem inferiores as obtidas na Argentina, Chile e Rio Grande do Sul. A droga produz muitas reações, sendo a mais importante a polineuropatia periférica.

2009 ◽  
Vol 39 (9) ◽  
pp. 2642-2645 ◽  
Author(s):  
Heloísa Einloft Palma ◽  
Paula Cristina Basso ◽  
Anne Santos do Amaral ◽  
Ana Paula Silva ◽  
Cândido Fontoura Silva

Calodium hepaticum já foi relatado parasitando o parênquima hepático de diversas espécies de mamíferos, porém é infrequente em cães. O presente artigo tem o objetivo de descrever dois casos de capilariose hepática em cães, diagnosticados em um período de um mês na região de Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil. O primeiro cão apresentava sintomatologia clínica de insuficiência cardíaca, e ovos de Calodium hepaticum foram encontrados ocasionalmente no exame histopatológico do fígado. O segundo animal apresentava mucosas ictéricas e ascite. No hemograma, ficou evidente a presença de anemia arregenerativa e, na avaliação de bioquímica sérica, percebeu-se aumento de fosfatase alcalina, alanina aminotransferase e hipoalbuminemia. A análise do liquido cavitário foi compatível com transudato modificado. No exame histopatológico, foram observados numerosos ovos bioperculados de Calodium hepaticum, dispostos aleatoriamente pelo parênquima hepático, com reação granulomatosa e fibrosa adjacente aos ovos. A existência de maior número de cães infectados demonstra a necessidade de controle da população de roedores.


2013 ◽  
Vol 34 (3) ◽  
pp. 124-131 ◽  
Author(s):  
Vilma Constancia Fioravante dos Santos ◽  
Alice Kalsing ◽  
Eliziane Nicolodi Francescato Ruiz ◽  
Adriana Roese ◽  
Tatiana Engel Gerhardt

Objetivou-se delinear, em municípios da metade sul do Rio Grande do Sul, o perfil das internações por Doenças Crônicas Não Transmissíveis Sensíveis à Atenção Primária (DCNTSAP) entre idosos. Trata-se de um estudo transversal com dados secundários do Departamento de Informática do SUS (DATASUS), englobando variáveis relacionadas às internações e à mortalidade hospitalar (de acordo com as causas, sexo, idade e tempo de permanência). As DCNTSAP são responsáveis por 43,99% das Internações por Todas as Causas (ITC), destacando-se as Doenças Pulmonares como o grupo mais prevalente (18%), seguida de Insuficiência Cardíaca (12,28%). O sexo feminino, com exceção das Doenças Pulmonares, é o que mais interna pelas demais causas. Encontrou-se também tendência linear de aumento na taxa de mortalidade das DCNTSAP agrupadas. Conclui-se que, dada a magnitude das internações, bem como o aumento da mortalidade pelas DCNTSAP, são urgentes reflexões mais aprofundadas sobre o cuidado na atenção primária aos idosos nesta região.


1999 ◽  
Vol 19 (2) ◽  
pp. 47-62 ◽  
Author(s):  
Carlos Hubinger Tokarnia ◽  
Jürgen Döbereiner ◽  
Sheila S. Moraes ◽  
Paulo Vargas Peixoto

É apresentada uma revisão dos estudos realizados no Brasil sobre distúrbios no metabolismo mineral em bovinos, sobretudo deficiências minerais, no período de 1987-1998. Esta revisão foi feita em continuação de duas revisões prévias sobre o assunto, que abrangeram os períodos de 1943-1976 e 1976-1987. Nessas revisões são omitidos os estudos realizados apenas através de dosagens químicas de amostras de pastagem e de solo, sendo referidos aqueles baseados em análises de amostras de fígado ou outros tecidos ou fluidos dos animais e/ou experimentação, complementados ou não por análises químicas de pastagem e de solo. Em relação aos macroelementos, destacam-se os estudos sobre a deficiência de fósforo, já estabelecida anteriormente como a deficiência mineral mais importante no Brasil. Valores baixos de ferro em amostras de fígado foram constatados em bovinos afetados pela hematúria enzoótica, o que é compreensível, já que os animais apresentam marcada anemia devido a perda contínua de sangue. Destacaram-se, por outro lado, os valores elevados de ferro em diversas regiões; em algumas delas foi demonstrado que os níveis desse elemento estavam associados a valores baixos de cobre. As deficiências de cobre e cobalto foram as mais frequentes entre as de microelementos. Diversas ocorrências de intoxicação por cobre em ovinos foram comunicadas. A deficiência subclínica de zinco tem sido verificada com bastante frequência. A deficiência subclínica de manganês foi raramente constatada; ao contrário, houve verificações de valores elevados deste elemento. Em relação ao selênio, os dados continuam escassos, insuficientes para se saber qual a importância da deficiência desse elemento em bovinos e ovinos no Brasil; a miopatia nutricional em bezerros foi diagnosticada uma única vez. Entre os estudos realizados neste último período devem ser mencionados, especialmente, aqueles que abordam duas doenças cuja etiologia ainda não foi estabelecida, vulgarmente conhecidas como "ronca" e "doença do peito inchado", ambas de evolução crônica, afetando bovinos adultos. Na enfermidade conhecida como "ronca", os valores hepáticos de cobre são muito baixos e os de ferrro extremamente altos; deve-se considerar a hipótese de que os níveis hepáticos de ferro estão muito elevados em decorrência da sua não-utilização em função da deficiência de cobre. Na "doença do peito inchado", os valores hepáticos de manganês e de cobalto são baixos e os de ferro são muito elevados; é possível que as alterações nos níveis hepáticos de ferro sejam apenas o reflexo do acúmulo de sangue no fígado, uma vez que essa enfermidade é caracterizada por insuficiência cardíaca crônica que cursa com acentuada congestão hepática. Ainda deve ser destacada, no Rio Grande do Sul, a ocorrência de "morte súbita" em bovinos, cujos valores hepáticos para cobre foram muito baixos; nenhuma planta tóxica pode ser responsabilizada por essas ocorrências. Nesta mesma área, a hipomielinogênese congênita em bovinos foi diagnosticada. A ocorrência das deficiências minerais diagnosticadas durante o período correspondente a esta revisão foram lançadas em um mapa, com as respectivas referências bibliográficas.


2001 ◽  
Vol 27 (4) ◽  
pp. 193-198 ◽  
Author(s):  
DAGOBERTO VANONI DE GODOY ◽  
CRISCHIMAN DAL ZOTTO ◽  
JAMILA BELLICANTA ◽  
RUI FERNANDO WESCHENFELDER ◽  
SAMIRA BARRENTIN NACIF

Objetivo: Levantamento epidemiológico das internações hospitalares por doenças respiratórias no Serviço de Clínica Médica do Hospital Geral de Caxias do Sul no Estado do Rio Grande do Sul, região sul do Brasil. Pacientes e métodos: Estudo retrospectivo realizado no Hospital Universitário entre novembro de 1998 e novembro de 1999. Os dados de: a) causa primária da internação; b) doenças associadas; c) variação sazonal; d) duração da internação; e) mortalidade foram obtidos do arquivo médico informatizado do SCM-HG. Resultados: De 1.200 internações no SCM-HG, 228 (19%) apresentaram como causa primária enfermidade respiratória. As causas mais freqüentes de admissão hospitalar foram DPOC -- 94 pacientes (41,3%), pneumonias -- 68 (29,8 %) e asma brônquica -- 22 (9,6%). Cinqüenta (21,9%) indivíduos apresentaram comorbidades: insuficiência cardíaca -- 18 (7,7%), hipertensão arterial sistêmica -- 15 (6,4%) e diabetes melito -- 10 (4,4%). As pneumonias tiveram maior prevalência no período compreendido entre setembro e novembro, a asma brônquica entre outubro e novembro e a DPOC entre maio a novembro. O tempo médio de internação foi de 10,4 ± 10 dias. A mortalidade da amostra, de 26 (11,4%) pacientes. Conclusões: 1) Doenças respiratórias foram responsáveis por aproximadamente 1/5 das internações no SCM-HG. 2) Portadores de DPOC representam a maior parcela dos pacientes. 3) A duração média de internação dos com doença respiratória foi maior do que o restante dos pacientes do hospital (10,4 dias versus 7,7 dias, respectivamente). 4) DPOC, pneumonias e asma brônquica apresentaram a variação sazonal esperada.


2008 ◽  
Vol 24 (7) ◽  
pp. 1699-1707 ◽  
Author(s):  
Juvenal Soares Dias-da-Costa ◽  
Laura Garcia de Borba ◽  
Michele Nunes Pinho ◽  
Moema Chatkin

Realizou-se estudo para avaliar mediante taxa de internações hospitalares evitáveis a qualidade dos cuidados oferecidos pela rede básica de saúde em Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil, no período entre 1995 a 2004. Foram consideradas como internações evitáveis: diabetes mellitus, insuficiência cardíaca, hipertensão arterial sistêmica, doença pulmonar obstrutiva crônica e doenças imunopreveníveis (poliomielite, difteria, tétano, coqueluche, sarampo). Foram incluídos homens e mulheres de 20 a 59 anos. Os percentuais entre as mulheres foram superiores aos encontrados nos homens. Foi observada uma diminuição dos percentuais de internações tanto nos homens como nas mulheres no decorrer do período. Mesmo após a padronização direta revelou-se que as taxas de internação de Pelotas foram inferiores às do Rio Grande do Sul. Os custos das hospitalizações evitáveis acompanharam a queda observada nas taxas de internações. Aparentemente, a diminuição verificada nas taxas de internações evitáveis pode estar relacionada à qualificação dos serviços de atenção básica. Contudo, os resultados podem ser conseqüências do financiamento do sistema de saúde. Os valores de pagamento desses procedimentos são baixos e podem estar direcionando os hospitais a uma diminuição da oferta de leitos.


2010 ◽  
Vol 26 (2) ◽  
pp. 358-364 ◽  
Author(s):  
Juvenal Soares Dias-da-Costa ◽  
Dóris Clarita Büttenbender ◽  
Ana Lucia Hoefel ◽  
Leonardo Lemos de Souza

Avaliou-se a qualidade dos cuidados oferecidos nos municípios em gestão plena no Rio Grande do Sul, Brasil, por meio da taxa de internações hospitalares por condições sensíveis à atenção primária, no período de 1995 a 2005. Foram consideradas as internações hospitalares por: diabetes mellitus, insuficiência cardíaca, hipertensão arterial, doença pulmonar obstrutiva crônica e doenças imunopreveníveis em indivíduos na faixa etária de 20 a 59 anos. Verificou-se diminuição das taxas em quase todos os municípios do estado. A regressão de Poisson não mostrou tendências de diminuição das taxas após a adesão à gestão plena. Nos municípios menores, as taxas foram mais elevadas. As internações por condições sensíveis à atenção ambulatorial mostraram-se indicadores de fácil operação e de baixo custo que podem produzir conhecimentos sobre os sistemas de saúde, possibilitando a melhoria de sua qualidade.


2018 ◽  
Vol 42 (1) ◽  
Author(s):  
Cássia Regina Gotler Medeiros ◽  
Lydia Christmann Espindola Koetz ◽  
Magali Teresinha Quevedo Grave ◽  
Luciane Marques Raupp ◽  
Morgana Salvadori ◽  
...  

As Doenças Crônicas Não Transmissíveis configuram-se como a principal causa de morte no mundo, especialmente em regiões menos desenvolvidas. O objetivo do trabalho foi investigar o perfil epidemiológico das doenças crônicas não transmissíveis nos municípios que integram a 16ª Coordenadoria Regional de Saúde, no Rio Grande do Sul, dentre as que constam na Lista Brasileira de Mortes Evitáveis por Intervenções do Sistema Único de Saúde, e relacionar com a cobertura da Estratégia Saúde da Família. Trata-se de um estudo ecológico retrospectivo das doenças crônicas não transmissíveis evitáveis e das internações por condições crônicas consideradas sensíveis à atenção primária, correlacionando os óbitos e as internações com a cobertura da Estratégia de Saúde da Família na região, no período de 2001 a 2010, na população de 20 a 74 anos. Os resultados indicaram que os óbitos evitáveis por doenças crônicas não transmissíveis representaram 41,30% entre os óbitos por todas as causas. Em ordem de prevalência, destacaram-se as neoplasias malignas (17,38%), a doença isquêmica do coração (10,59%), a hemorragia intracerebral (4,30%), o diabetes mellitus (3,79%), a doença hipertensiva (2,15%), a insuficiência cardíaca (1,93%), doenças pulmonares obstrutivas crônicas (0,94%) e a aterosclerose (0,21%). As internações reduziram 49,32% e os óbitos 28,56%, apresentando correlação inversa com a cobertura de Estratégia  Saúde da Família. Observou-se impacto positivo do aumento da cobertura da Estratégia  Saúde da Família na redução da morbimortalidade evitável por doenças crônicas não transmissíveis. Concluiu-se que devido à região ser composta por pequenos municípios, onde a atenção básica é a principal ou única oferta de serviço de saúde no território, há a necessidade de organização de uma rede de atenção às pessoas com doenças crônicas na Região de Saúde. Palavras-chave: Políticas públicas de saúde. Assistência à saúde. Avaliação em saúde. Doenças crônicas.


2010 ◽  
Vol 31 (2) ◽  
pp. 225-231 ◽  
Author(s):  
Raquel Azevedo de Castro ◽  
Graziella Badin Aliti ◽  
Joelza Chisté Linhares ◽  
Eneida Rejane Rabelo

A baixa adesão ao tratamento de pacientes com insuficiência cardíaca (IC) é um dos fatores relacionado a re-internações. Nesta perspectiva, este estudo, conduzido em um hospital universitário no Rio Grande do Sul, buscou descrever a adesão ao tratamento farmacológico e não farmacológico de pacientes admitidos com IC descompensada, relacionando-a com o número de internações e re-internações hospitalares no período de um ano. A adesão farmacológica foi avaliada pela escala de Morisky, e a não farmacológica por meio de um questionário previamente validado. Incluíram-se 252 pacientes, idade média 63±13 anos e 151 (60%) do sexo masculino. Quanto à adesão ao tratamento farmacológico, 118 (47%) referiram alta adesão e 45 (18%) eram aderentes ao tratamento não farmacológico. Não houve relação entre adesão ao tratamento (farmacológico e não farmacológico) e re-internações. Conhecimento prévio dos cuidados não farmacológicos, identificação dos sintomas de congestão e aqueles que já faziam tratamento para IC foram relacionados à adesão.


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