scholarly journals Árvores de florestas urbanas: uma ótica ecológica para uma gestão promotora e mantenedora da biodiversidade na cidade

2022 ◽  
Vol 11 (1) ◽  
pp. e31811124887
Author(s):  
Luciano Katsumy Osako ◽  
Lucilene Brito ◽  
Paulo Antonio Silva

A urbanização representa uma ameaça à biodiversidade, já que a área construída difere substancialmente do ambiente natural. Portanto, é necessário produzir dados ecológicos para uma gestão urbana mais conservacionista, i.e., que objetiva promover e manter a biodiversidade. Nesse sentido, realizamos uma documentação arbórea em 10 áreas florestais urbanas, i.e., reflorestamentos, florestas regeneradas e remanescentes de Mata Atlântica Estacional Semidecidual, de Presidente Prudente, oeste do estado de São Paulo, sudeste do Brasil. Usando o método de ponto-quadrante, bem como diferentes índices de diversidade, constatamos uma considerável riqueza e diversidade de espécies arbóreas nativas em reflorestamentos, sobretudo em remanescentes. Em um desses remanescentes há inclusive uma espécie arbórea ameaçada de extinção. Contudo, há florestas regeneradas cujas árvores são de uma única espécie exótica, a qual tem atributos de invasora. O estado fitossanitário de muitas dessas árvores sugere um proeminente potencial de alastramento. Os remanescentes de florestas urbanas são referências prioritárias para ações de conservação voltadas a promover e manter biodiversidade na cidade.

2007 ◽  
Vol 7 (2) ◽  
pp. 27-36 ◽  
Author(s):  
Renato Augusto de Moraes ◽  
Ricardo J. Sawaya ◽  
Walter Barrella

A Mata Atlântica é caracterizada pela elevada riqueza e endemismo de espécies, e é um dos 25 hotspots de biodiversidade mundiais. Apresentamos informações sobre a composição e diversidade de espécies de anfíbios anuros em dois ambientes com diferentes graus de perturbação no Parque Estadual Carlos Botelho, SP, uma área de Mata Atlântica no sudeste do Brasil. Amostramos um açude em área alterada e uma lagoa em área preservada, através de procura auditiva e encontros ocasionais em 36 noites de observação em cada ambiente. As duas áreas foram comparadas em relação à composição, riqueza, dominância e abundância relativa de espécies. Apesar de próximos, cerca de 400 m, apenas duas espécies foram comuns aos dois ambientes. Na área alterada registramos 10 espécies (N = 518) e dominância de 46,7% de Hypsiboas albopunctatus, e na área preservada 11 espécies (N = 656) e dominância de 36,0% de Dendropsophus giesleri. A riqueza não foi significativamente diferente nos dois ambientes. A dominância estimada por rarefação na área preservada foi significativamente menor em relação à observada na área alterada. A capacidade das populações de algumas espécies em colonizar a área alterada, tolerâncias fisiológicas distintas entre as espécies e a dependência de microambientes específicos para a reprodução são possíveis fatores responsáveis pelos padrões observados. Sugerimos que alterações adicionais da cobertura original de Mata Atlântica na reserva poderão resultar em um decréscimo na diversidade alfa, devido a eliminação de espécies ecologicamente dependentes de ambientes florestais, e um conseqüente aumento na diversidade beta, resultante da colonização de espécies de área alterada ecologicamente mais generalistas. A riqueza ligeiramente maior e principalmente a menor dominância observada na área preservada indicam ser esta uma área que apresenta maior diversidade de espécies. Assim, a presença de florestas pouco perturbadas e/ou conservadas na reserva é fundamental para a manutenção da diversidade da anurofauna local.


2010 ◽  
Vol 10 (1) ◽  
pp. 185-192 ◽  
Author(s):  
Vinícius Lourenço Garcia de Brito ◽  
Mardiore Pinheiro ◽  
Marlies Sazima

O conhecimento das interações entre plantas e seus polinizadores tem-se destacado como ferramenta na biologia da conservação de ambientes degradados, como a Mata Atlântica e no estudo da evolução de características morfológicas que medeiam estas interações. Neste estudo são apresentadas informações sobre a biologia reprodutiva e as interações com os visitantes florais de Sophora tomentosa e Crotalaria vitellina (Fabaceae), espécies comuns em áreas de restinga na Mata Atlântica no Núcleo Picinguaba, Parque Estadual da Serra do Mar, Ubatuba - São Paulo. Estas espécies são sincronopátricas, possuem flores amarelas dispostas em racemos e oferecem néctar como principal recurso. Ambas as espécies são autocompatíveis, mas dependem de polinizadores para formação de frutos e sementes. Xylocopa brasilianorum e Megachile sp.1 foram os polinizadores de S. tomentosa, ao passo que C. vitellina, além destas espécies, também foi polinizada por Bombus morio, Centris labrosa e mais duas espécies de Megachile. Estas espécies de abelhas possuem comprimento da língua compatível com as dimensões das câmaras nectaríferas, acessando o néctar por visitas legítimas. As inflorescências de S. tomentosa foram mais visitadas (0,62 visitas/inflorescência/dia) do que as de C. vitellina (0,37 visitas/inflorescência/dia). Entretanto, em condições naturais, a frutificação em S. tomentosa (33%) é semelhante à de C. vitellina (42%), provavelmente devido às diferenças na eficiência de cada polinizador. Espécies de Trigona e de Augochlora não têm acesso ao néctar em visitas legítimas, pois não possuem comprimento da língua compatível com as dimensões das câmaras nectaríferas. Portanto, as dimensões das câmaras nectaríferas de S. tomentosa e C. vitellina funcionam como barreira seletiva às espécies de abelhas com língua curta, assegurando maior oferta de néctar aos polinizadores. Ainda, os polinizadores destas leguminosas são comuns na restinga e atuam como vetores de pólen de diversas espécies neste ecossistema. Portanto a manutenção destas leguminosas é importante para a diversidade da fauna de abelhas e essencial para a comunidade de plantas.


2005 ◽  
Vol 5 (2) ◽  
pp. 235-247 ◽  
Author(s):  
Ricardo da Silva Ribeiro ◽  
Gabriel Toselli Barbosa Tabosa do Egito ◽  
Célio Fernando Baptista Haddad

A Área de Proteção Ambiental Jundiaí, na Serra do Japi, é uma importante reserva ambiental situada entre duas metrópoles - São Paulo e Campinas - do estado de São Paulo. Trata-se de uma área de grande interesse para a conservação e a pesquisa científica, por se tratar de uma região de transição entre a Mata Atlântica Ombrófila e a Mata Atlântica Estacional Semidecídua do Planalto Ocidental Paulista, abrigando uma grande diversidade de espécies representativas de ambos os ecossistemas. Apesar de ser objeto de estudos desde meados da década de 80, não há nenhuma chave de identificação das espécies da anurofauna disponível para a área até o momento. Trinta e uma espécies de anuros de seis famílias diferentes já foram registradas na vertente do Município de Jundiaí. Apresentamos aqui uma chave dicotômica ilustrada de identificação para os anfíbios anuros da vertente do rio Jundiaí na Serra do Japi.


2011 ◽  
Vol 11 (suppl 1) ◽  
pp. 631-655 ◽  
Author(s):  
Vera Lúcia Imperatriz-Fonseca ◽  
Isabel Alves-dos-Santos ◽  
Pérsio de Souza Santos-Filho ◽  
Wolf Engels ◽  
Mauro Ramalho ◽  
...  

Para este trabalho, foram considerados os resultados de quatro estudos que amostraram abelhas nas flores nos dois principais biomas do Estado de São Paulo: Mata Atlântica (3 localidades) e cerrado (4 localidades). Foram coletadas 276 espécies de abelhas, pertencentes a 88 gêneros: 207 espécies e 78 gêneros na Mata Atlântica e 105 espécies e 40 gêneros no cerrado. Apidae foi a família mais representada nos dois biomas. Nas áreas amostradas, as abelhas visitaram 433 espécies de plantas: 361 na Mata Atlântica e 75 no cerrado.


2001 ◽  
Vol 15 (2) ◽  
pp. 255-270 ◽  
Author(s):  
Sandra Regina Visnadi ◽  
Daniel Moreira Vital

Foram inventariadas 61 espécies de briófitas. Chiloscyphus subviridis (Hook. f. & Taylor) J.J. Engel & R.M. Schust. e Lejeunea autoica R.M. Schust. são citadas pela primeira vez para o país e Lejeunea phyllobola Nees & Mont. ex Mont, pela primeira vez para o Estado de São Paulo. Os maiores números de táxons foram registrados para as maiores ilhas com vegetação de Mata Atlântica e, os menores, para as menores ilhas com vegetação formada por árvores esparsas da Mata Atlântica ou arbustos esparsos e expostos a condições adversas. A maior parte das espécies estão restritas a uma determinada ilha. Alcatrazes e Bom Abrigo assemelham-se quanto à flora de hepáticas; Castilho assemelha-se a esse primeiro grupo de ilhas devido à flora de musgos, enquanto Casca possui a brioflora mais distinta dentre as quatro ilhas. As rochas e as cascas dos hospedeiros arbustivo-arbóreos são os substratos mais disponíveis para as briófitas. Rocha é o substrato mais disponível para determinadas espécies em Alcatrazes e Castilho e, provavelmente, o preferido por essas plantas em Bom Abrigo e Casca.


2004 ◽  
Vol 38 (2) ◽  
pp. 315-322 ◽  
Author(s):  
Yeda L Nogueira

OBJETIVOS: Nenhum estudo de base populacional foi realizado para mostrar o uso potencial de diagnóstico virológico do vírus rábico. O estudo realizado teve por objetivo estimar parâmetros de acurácia para o isolamento de vírus rábico em célula McCoy, como um método alternativo, e comparar com o uso da célula N2A, considerada método de referência. MÉTODOS: Foi realizado um inquérito em 120 morcegos coletados aleatoriamente, na Mata Atlântica, no Estado de São Paulo. Utilizou-se a reação de imunofluorescência para a detecção do vírus rábico isolado no cérebro desses morcegos, avaliado nos dois sistemas de cultivos celulares. Dois bancos de dados foram formados com os resultados. A análise foi feita com o programa Computer Methods for Diagnosis Tests (CMDT), utilizando a técnica de two-graph-receiver operating characteristic (TG-ROC) para obter os parâmetros de sensibilidade e especificidade, além de outros indicadores, tais como eficácia, valor preditivo positivo, valor preditivo negativo e razão de verossimilhança. RESULTADOS: A célula N2A apresentou 90% de sensibilidade e especificidade, enquanto que a célula McCoy obteve 95% para os mesmos parâmetros. Os valores foram baseados em pontos de cortes otimizados para cada uma das células. CONCLUSÕES: Observou-se que a célula McCoy permite obter estimativas de acurácia superiores aos resultados observados com a célula de N2A, representando um método alternativo eficaz no isolamento do vírus rábico.


Author(s):  
Roberto Malheiros

RESUMO: Neste trabalho são revelados alguns acontecimentos de ordem evolutiva, que prestaram um importante papel na formação e delineamento do quadro atual da fauna e da flora dos cerrados, partindo do intercâmbio faunístico ocorrido entre as Américas do Sul e do Norte. Está demonstrada a configuração atual do cerrado dentro das paisagens brasileiras e a influência dos paleoclimas e paleoambientes no avanço e recuo da flora e da fauna dessa região. O bioma cerrado é um espaço territorial marcadamente planáltico em sua área “core”, e reconhecido como um dos mais ricos do mundo em biodiversidade, constituído por diversos ecossistemas, distribuído principalmente pelo planalto central brasileiro, abrangendo os Estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Distrito Federal, Mato Grosso, sul do Piauí, e Maranhão, oeste da Bahia, parte de São Paulo e Rondônia. Há outras áreas de cerrado, chamadas periféricas ou ecótonos, que são transições com os biomas Amazônicos, Mata Atlântica e Caatinga. A região também é marcada pelo aspecto hidrográfico, pois armazena água doce em importantes aquíferos e é responsável pela perenização de grande parte das bacias brasileiras. O entendimento sobre os aspectos ambientais do cerrado exige uma análise integrada entre os elementos da fauna, flora e o espaço geográfico, como eles se relacionam com os demais componentes da natureza, principalmente os aspectos climáticos, que estabelecem uma sazonalidade na região. Acredita-se que, a grande biodiversidade do cerrado, está vinculada a diversidade de ambientes. Esta correlação permite nos vislumbrar o ambiente na sua totalidade, o que facilita o estabelecimento adequado de políticas ambientais para o bioma do cerrado. Com o passar dos anos e por influência do clima, a vida na região encontrou formas de adaptação que garantiram a sobrevivência de diversas espécies, entre elas o homem. Este convívio entre os elementos da natureza e fatores climáticos contribuíram para o endemismo florístico, mas também para composição do quadro faunístico regional e brasileiro.


2005 ◽  
Vol 39 (4) ◽  
pp. 548-552 ◽  
Author(s):  
Gisela R A M Marques ◽  
Oswaldo Paulo Forattini

OBJETIVO: Analisar a presença de Aedes albopictus em bromélias de solo localizadas em ambientes ecologicamente distintos, em termos de positividade, densidade e volume de água. MÉTODOS: O estudo foi realizado no município de Ilhabela, litoral norte do Estado de São Paulo. Realizaram-se coletas quinzenais, de março de 1998 a julho de 1999, em tanques de bromélias localizadas nos ambientes urbano, periurbano e mata; o conteúdo aquático das plantas foi medido e registrado. O tratamento dos dados baseou-se na análise da freqüência de bromélias com presença de Ae. albopictus (ANOVA), abundância (Kruskal-Wallis) e volume de água das bromélias positivas (Teste t de Student). RESULTADOS: A presença e a densidade de Ae. albopictus em bromélias de solo variou com o tipo de ambiente. Os maiores percentuais de positividade (85%) e abundância (81%) foram observados nas plantas localizadas em ambiente urbano. Constatou-se ainda preferência dos mosquitos pelas bromélias com maiores volumes de água (média de 300 ml). CONCLUSÕES: As diferentes freqüências com que Ae. albopictus foi registrado nos ambientes e suas respectivas densidades mostraram sua capacidade de invasão a novos habitats. Recomenda-se intensificar a vigilância entomológica nessas plantas, dada a sua capacidade em traduzir-se em criadouros permanentes. A presença desse mosquito de importância médica em bromélias em área preservada da Mata Atlântica poderá resultar em agravo à saúde.


2016 ◽  
Vol 23 (1) ◽  
pp. 786
Author(s):  
Katia Maria Pacheco dos Santos ◽  
Maria Elisa de Paula Eduardo Garavello

O presente trabalho trata da segurança alimentar de famílias quilombolas residentes na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Quilombos do Turvo, no Estado de São Paulo. Apesar das drásticas transformações socioeconômicas e culturais ocorridas na região, essas famílias têm mantido suas práticas agrícolas voltadas à produção de alimentos e de modo a preservar a biodiversidade em área remanescente da Mata Atlântica. Defende-se que a produção para o autoconsumo, onde a qualidade da alimentação é gestada dentro da unidade familiar, torna-se estratégia determinante de segurança alimentar. As práticas agroextrativistas, além de ser uma estratégia de resistência com relação à permanência no território, também se constituem em resistência à homogeneização dos modos de produção propostos pelas instituições governamentais. Continuam sendo elemento essencial para a reprodução das famílias quilombolas do Vale do Ribeira, como fonte de alimentos, fonte eventual de renda e conservação da sociodiversidade. Defende-se a implantação efetiva de uma política para assistência técnica de caráter interdisciplinar, que possa proporcionar o reconhecimento e a valorização dessas atividades, tornando-as mais atrativas aos jovens, e revertendo seu fluxo migratório.


Author(s):  
Oscarina Teodora Prado Santos Silva ◽  
◽  
Raquel Henrique ◽  
Nathan David Vogt ◽  
Maria Angélica Toniolo ◽  
...  

O presente resumo apresenta uma análise sobre a questão socioambiental acerca dos problemas ambientais na bacia do rio Paraíba do Sul, porção paulista, a partir de uma pesquisa quali-quantitativa com 339 moradores. Esta bacia compõe a Mata Atlântica, cujo 90% das florestas foram desmatadas nos últimos séculos (WILLIAMS, 2006). Atualmente, seus principais problemas ambientais são a as áreas de pastagens degradadas, em uso ou abandonadas, a monocultura de eucalipto, a ocupação urbana, irregular e saneamento precários, (DEVIDE et al., 2014; RONQUIM et al., 2016; SILVA et al. 2017,). Sendo assim, temos como problemática de pesquisa questionar sobre a paisagem regional frágil do ponto de vista ambiental e a capacidade de resiliência e adaptação da paisagem da bacia para choques climáticos extremos, como a crise hídrica de 2013-2015 que acometeu sobretudo a região (MENDES FILHO et al., 2016), a qual teve como consequência, em medida do governo do estado de São Paulo, efetivar a proposta transposição das águas do manancial Jaguari (bacia Paraíba do Sul) ao Atibainha (Sistema Cantareira) (MARENGO, ALVES, 2015), acentuando ainda mais a pressão para a resiliência deste recurso hídrico, que abastece as cidades do Vale do Paraíba, região metropolitana fluminense e agora também a capital paulista.


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