O presente artigo discute, no romance Obasan, de Joy Kogawa, o papel da memória, direta ou indiretamente acessada, como busca por inserção transcultural por parte de indivíduos no entrelugar canadense. Através da análise da composição de Naomi, protagonista nipo-canadense da narrativa em análise, bem como da discussão de conceitos de memória e transculturalidade, indicamos como as práticas culturais herdadas pelos primeiros migrantes que estabeleceram essa diáspora enriquecem o diálogo e o pertencimento de sujeitos marcados por mais de uma cultura no espaço contemporâneo canadense. Apontamos que o acesso a informações, através de recuperação da memória familiar, pode ser a ferramenta para que o conflito identitário possa ser tratado de forma mais positiva, tanto ficcional quanto comunitariamente.