Objetiva-se refletir sobre o uso de línguas de modalidades distintas e discutir as percepções de surdos quanto ao próprio status de bilíngues bimodais. Adotou-se uma visão holística (GROSJEAN, 2008a) para o bilinguismo, entendendo o bilíngue como um todo integrado que não pode ser separado, e não como a soma de dois monolíngues. Defendeu-se a ideia de que bilíngues, sejam unimodais ou bimodais, não têm necessariamente os mesmos níveis de proficiência em cada uma das habilidades e estão situados em um continuum linguístico (MOZZILLO DE MOURA, 1997; MACNAMARA, 1967). Foram adotados os pressupostos sobre ideologias linguísticas de Del Valle (2007), que as define como um sistema de ideias que articula noções ligadas à linguagem e formações culturais, sociais e políticas, e de Woolard (2007), cuja compreensão de ideologias inclui os aspectos sociais e o exercício de poder. Os resultados indicam que os informantes têm consciência de que a Libras é sua primeira língua (BAGGA-GUPTA, 2000), mesmo que a tenham adquirido tardiamente (SILVA, 2015). Porém, averiguou-se que muitos não se consideram bilíngues. Mesmo que tenham vivenciado situações em que ocorreram preconceitos, dificuldades de comunicação ou isolamento linguístico, percebeu-se que, em termos gerais, os informantes aferem valor positivo ao bilinguismo bimodal.