Estratégia de reabilitação e renovação de ativos na Águas do Norte

A Águas do Norte está a implementar um Sistema de Gestão de Ativos que pretende ser uma ferramenta de ganhos (entenda-se ganhos como a otimização de custos de O&M e de Investimento numa perspetiva de otimização do desempenho a riscos controlados) a curto, médio e longo prazo, tendo em conta o controlo mais eficiente de todo o ciclo de vida dos ativos, desde a sua aquisição e manutenção até à sua melhoria e/ou substituição. Não podemos, todavia, deixar de conferenciar o quanto esta tarefa se tem mostrado desafiadora, desde logo pela adoção da melhor ESTRATÉGIA de reabilitação e renovação de ATIVOS atendendo à dispersão geográfica e à variância das especificidades nas unidades funcionais existentes, mas também na adoção de ferramentas, sejam elas procedimentais ou informáticas (INOVAÇÃO), adequadas ao compromisso sempre difícil pela concretização entre o presente, que não podemos simplesmente “apagar”, e o futuro, que todos ambicionamos seja a “Terra do Nunca”. E é este contexto desafiador que tem potenciado algumas soluções, que acreditamos serem realmente inovadoras na governança da água: estamos a falar da “radiografia contínua” a todas as nossas infraestruturas sob o ponto de vista dual de cadastro e desempenho. Palavras-chave: ativos; estratégia; inovação.

Dinâmica da pluma de sedimentos oriundos de atividades de dragagens no estuário da Beira - Moçambique

O Estuário da Beira, em Moçambique, apresenta-se como um sistema marinho de elevada importância em termos de biodiversidade, e abrigando o porto da cidade da Beira, o segundo maior porto de Moçambique. A intensa movimentação de navios de grande calado implica atividades frequentes de manutenção do canal de acesso ao porto visto que este sofre acentuados assoreamentos. As dragagens apresentam impactos no ambiente marinho, podendo afetar temporariamente a abundância e distribuição de espécies marinhas, provocando a alteração da circulação estuarina e a respetiva batimetria. Este artigo foca-se na avaliação da dispersão da pluma de sedimentos oriundos de atividades de dragagens no Estuário da Beira, tendo sido realizado com base em modelação hidrodinâmica e sedimentológica utilizando o programa Delft3D. Em geral, a corrente de maré é responsável pelo transporte sedimentar no estuário, sendo que as atividades de dragagem aumentam a concentração de sedimentos em suspensão (próximo à superfície) e junto ao fundo durante a sua execução. As descargas fluviais apresentam uma influência importante limitada às respetivas embocaduras, transportando os sedimentos em direção ao estuário. A ação do vento induz correntes com direções variáveis nas zonas menos profundas, condicionadas pela batimetria (canais e bancos de areia) transportando sedimentos. A dinâmica da pluma de dragagem é condicionada principalmente pela hidrodinâmica que depende da batimetria da região e pela ação das marés. Palavras-chave: Modelação hidrodinâmica; Transporte sedimentar; Dragagens.

Medidas de mitigação e adaptação à erosão costeira e aos efeitos das alterações climáticas

O projeto INCCA (Adaptação Integrada às Alterações Climáticas para Comunidades Resilientes) tem por objetivo promover uma abordagem que integre a adaptação às alterações climáticas e a mitigação da erosão costeira em perspetivas de curto, médio e longo-prazo. A adaptação e mitigação deve considerar as dimensões social, ambiental, económica e de engenharia, para ajudar os órgãos de decisão a conceber planos de ação para implementação de estratégias de adaptação às alterações climáticas sustentáveis e duradouras. É um projeto com uma componente participativa, que pretende envolver as populações locais e stakeholders através da realização de workshops de forma a desenvolver um modelo participativo e económico, reduzindo a vulnerabilidade dos territórios costeiros e aumentando a resiliência das comunidades locais. Este trabalho apresenta uma componente do projeto INCCA, cujo objetivo inicial corresponde ao desenvolvimento de um manual de medidas de mitigação e adaptação à erosão costeira e às alterações climáticas, de aplicação transversal a todas as zonas costeiras de características arenosas sedimentares. Esta compilação, identificação e caracterização de medidas é um processo dinâmico, que no âmbito do projeto INCCA, conta com o envolvimento das comunidades locais e stakeholders, através da realização de workshops participativos realizados no concelho de Ovar (caso de estudo do projeto) e apresenta neste momento 53 medidas. A listagem das medidas de mitigação e adaptação à erosão costeira e às alterações climáticas, bem como, cada uma das 53 fichas individuais já construídas, estão disponíveis online (http://incca.web.ua.pt/) e podem ser consultadas e comentadas. Palavras-chave: INCCA; COAST; workshops participativos; impactos; análise custo-benefício.

Rega de espaços verdes urbanos com água para reutilização: o que esperar?

O panorama climático atual, com períodos de seca cada vez mais frequentes e severos, obriga à procura de novas origens de água para satisfazer as necessidades hídricas das cidades. A utilização de água residual tratada para reutilização é, neste contexto, uma medida que poderá diminuir a necessidade de captação, tratamento e distribuição de água para consumo humano, satisfazendo usos urbanos que não requerem potabilidade, como a rega de espaços verdes. Contudo, a utilização desta água em Portugal está ainda a dar os primeiros passos, sendo frequentemente questionada a segurança do seu uso e os potenciais impactos na saúde pública e no ambiente. Uma vez que a utilização de água para reutilização (ApR) na rega de espaços verdes urbanos é já uma realidade noutros locais do mundo há vários anos, importa identificar os reais impactos da utilização continuada de ApR nesses locais. Neste artigo apresentam-se os principais resultados da monitorização dos impactos associados à utilização continuada de ApR na rega de espaços verdes urbanos em diversos pontos do mundo. Os estudos publicados mostram que os solos regados com ApR acumulam contaminantes químicos (sódio, boro, etc.) e microbiológicos presentes na ApR, tendo também sido identificados patogénicos, fármacos e genes de resistência a antibióticos. Contudo, os resultados são muito variáveis consoante o tipo de solo e as características da ApR. De forma a garantir o uso seguro de ApR na rega de espaços verdes urbanos é, portanto, necessária uma avaliação do risco cuidada e a implementação de medidas de gestão e de mitigação dos riscos adequadas às condições locais. Palavras-chave: Reutilização; Rega; Risco; Espaços verdes urbanos

Modelação e Calibração da Rede de Abastecimento de Água de Reguengos de Monsaraz

O acesso à água potável é essencial ao ser humano. Contudo, esta acessibilidade não é universal, existindo profundas assimetrias na sua distribuição, facilmente identificáveis por países ou regiões. Nos países mais desenvolvidos, é comum que a distribuição de água potável, normalmente sujeita a tratamento que permita a garantia da sua qualidade até ao consumidor, seja realizada por meio de redes de distribuição constituídas essencialmente por condutas e elementos acessórios. A gestão, manutenção e operação destas redes é, em Portugal, da responsabilidade das comumente designadas por Entidades Gestoras (EG). Com vista a assegurar a sustentabilidade económica, financeira e ambiental dos sistemas públicos de abastecimento, a gestão eficiente das redes de distribuição de água é assim uma obrigação para qualquer EG. No caso da cidade de Reguengos de Monsaraz, a gestão do sistema de abastecimento de água que serve 7261 habitantes é da competência do Município de Reguengos de Monsaraz. Neste sistema, a rede de distribuição mostra sinais de envelhecimento, com válvulas de seccionamento inoperacionais, com problemas de roturas frequentes, uma rede possivelmente subdimensionada e com patamares piezométricos que levam a algumas situações de variação na pressão de conforto na cidade. Assim, e com o objetivo de melhor se conhecer o funcionamento hidráulico desta rede para aperfeiçoar a gestão da mesma, foi executada a modelação e calibração hidráulica da rede de distribuição de água com recurso ao software EPANET 2.2. A calibração foi efetuada com base nos dados de caudal de entrada na rede bem como de uma campanha, especificamente realizada para este trabalho, de medição da pressão em 20 pontos de leitura que permitiu uma correta caracterização da evolução espacial e temporal da pressão na rede. O modelo de simulação permitiu testar novas soluções para a gestão da rede, como por exemplo a simulação de Zonas de Medição e Controlo (ZMC) com o objetivo de informar a EG para a produção de trabalhos que visem a redução das perdas reais de água. Os autores esperam com este trabalho contribuir para uma melhoria do funcionamento do sistema de abastecimento de água à população da cidade de Reguengos de Monsaraz, conferindo assim maior sustentabilidade económica, financeira e ambiental ao sistema. Palavras-chave: Sistemas de abastecimento de água, Modelação hidráulica, EPANET 2.2, Zonas de Medição e Controlo (ZMC), Reguengos de Monsaraz.

Wave RUN-UP Measurements under very oblique wave incidence

Under the scope of the HYDRALAB+ transnational access project, the so-called RODBreak experiment was conducted in the multidirectional wave basin at the Marienwerden facilities of the Leibniz University Hannover (LUH). A stretch of a rubble-mound breakwater was built in the wave basin with a very gentle slope. Its armour layer was made of Antifer cubes, at the roundhead and adjoining trunk, and of rock, at the rest of the trunk. A set of tests was carried out to extend the range of wave steepness values analysed in wave run-up, overtopping and armour layer stability studies, focusing on oblique extreme wave conditions, with incident wave angles from 40º to 90º. The present study focuses on the analysis of measured wave run-up values obtained in the tests and on their on their variability as well as the influence of the wave obliquity and directional spreading. Keywords: rubble-mound breakwaters; run-up; oblique waves; physical modelling; RODbreak.

Desenvolvimento e validação de aplicação computacional para avaliar Sistemas de Rega Sob Pressão

O setor do regadio requer práticas com sustentabilidade ambiental e competitividade socioeconómica, que envolvem o incremento do uso eficiente da água, em diferentes escalas e redes de distribuição. Muitas abordagens inovadoras para apoiar essas práticas, nomeadamente as que se relacionam com as tecnologias de informação e comunicação (TIC), são presentemente inseridas e divulgadas na designada “Agricultura 4.0”. Neste sentido, ao nível da rede terciária, as TIC têm melhorado a capacidade de se transferir e utilizar informação, facilitando ao regante a abordagem de diferentes processos relativos às instalações de rega, desde a fase de compra até avaliações de desempenho, entre outros. Na generalidade dos projetos hidroagrícolas em Portugal, a opção dos regantes por métodos sob pressão (i.e. rega por aspersão e localizada) tem crescido face a vantagens de automatização, economia de mão-de-obra e de maior eficiência no uso da água. Contudo, continuam a observar-se situações de risco na gestão dos recursos naturais e energéticos, pela falta de adequação do sistema de rega às condições pedo-climáticas específicas das parcelas. Consequentemente, um sistema de rega sob pressão pode atingir níveis de classificação de desempenho muito baixos, considerando as perdas de água excessivas, relacionadas com os escoamentos (superficiais e/ou subterrâneos), a evaporação e os desvios causados pelo vento. Estas perdas podem ser calculadas pela Eficiência de Aplicação, que é definida pela razão entre o volume médio de água disponível para as plantas e o volume médio aplicado na rega. Este indicador depende de determinadas variáveis com impacto mais significativo que se relacionam com: 1) tipo e características da rega: dotação, taxa de aplicação; 2) características do terreno: textura do solo, declive e coberto vegetal; e 3) fatores climáticos: velocidade do vento e temperatura. O presente artigo tem como objetivo a apresentação de uma aplicação computacional desenvolvida e validada para o cálculo da eficiência de aplicação de água de sistemas de rega sob pressão, ao nível da rede terciária (parcela). Esta ferramenta de AgriTech processa classificações e padrões devidamente enquadrados em informação e recomendações de normalização atualizada, capacitando o utilizador para fazer as opções mais válidas com base em critérios objetivos de boas práticas. Palavras-chave: Aplicação computacional; Boas práticas; Eficiência de aplicação; Rede terciária; Sistemas de rega.

O contributo dos programas de medidas dos planos de gestão de região hidrográfica para a disseminação de abordagens integrativas

O uso do solo, a localização e intensidade das atividades económicas ao longo da bacia hidrográfica têm impactes sobre a qualidade e quantidade da água. Alguns desses impactes podem agravar ou ser agravados pelos riscos associados às alterações climáticas, como inundações e secas. Ao nível da bacia hidrográfica, medidas de uso do solo que contribuam para a proteção da água, podem potenciar sinergias entre a gestão da água e o ordenamento do território. Os Programas de Medidas (PoMs) dos Planos de Gestão de Região Hidrográfica (PGRH) são determinantes para disseminar práticas discursivas sobre o nexus água-território entre as várias entidades governamentais, stakeholders, e consequentemente entre os vários instrumentos de gestão territorial Este artigo desenvolve uma análise de discurso avaliando a incorporação de termos associados ao uso do solo e aos riscos das alterações climáticas relacionados com a água nos PoMs estabelecidos no primeiro e segundo ciclos de planeamento da Directiva Quadro da Água (DQA). Analisa igualmente a alocação da responsabilidade pela implementação das medidas que incorporam o conjunto de termos avaliados. A análise centra-se no conjunto de medidas dos PoMs de quatro regiões hidrográficas, duas que apresentam os valores de índice de escassez de água (WEI+) mais baixos (RH1 e RH3) e duas com os valores mais altos (RH6 e RH7). Os resultados revelam que as abordagens integrativas explícitas na própria narrativa das medidas e na alocação de responsabilidades pela sua implementação, não foram reforçadas no segundo ciclo de planeamento da DQA. O estudo desenvolvido mostra que os PGRH apresentam ainda uma frágil capacidade de disseminação da relevância da articulação entre o uso do solo e gestão da água, e consequente assimilação por outros planos e stakeholders relevantes. Palavras-chave: planos de bacia hidrográfica; programas de medidas, uso do solo; alterações climáticas; Portugal.

Influência da vegetação nas transferências de quantidade de movimento laterais

Nesta comunicação analisam-se os resultados experimentais obtidos num canal parcialmente vegetado, constituído por um corredor de matriz escalonada emergente rígida, visando estudar a influência da vegetação nas transferências laterais de massa e quantidade de movimento. É ainda quantificada a espessura da camada de mistura, através de modelos teóricos, dado que desempenha um papel significativo nessas transferências. A análise é complementada com o estudo da presença das estruturas coerentes de larga escala que promovem a transferência de massa e de quantidade de movimento através do escoamento turbulento que ocorre entre o canal central e o corredor vegetado. Palavras-chave: canal parcialmente vegetado; vegetação emersa rígida; interface; transferências laterais.

Contributo para o Conhecimento do Fluxo Hídrico Subterrâneo no Graben das Lajes, ilha Terceira, Açores

O Graben das Lajes é uma depressão tectónica localizada na vertente oriental do vulcão dos Cinco Picos, limitada pelas escarpas das falhas das Fontinhas e de Santiago. Do ponto de vista hidrogeológico comporta vários aquíferos suspensos e um basal, recarregando este ultimo nas zonas centrais da ilha Terceira, onde as precipitações são mais elevadas. Tendo em conta a geologia e a tectónica locais, é possível individualizar nesta depressão várias falhas normais, que definem no terreno as plataformas das Fontinhas, das Lajes e do Juncal, que, do ponto de vista hidrogeológico, desempenham um importante papel, formando barreiras horizontais à circulação de água, caso a caixa de falha se apresente preenchida por material argiloso, ou zonas muito permeáveis no caso inverso. Este enquadramento influi decisivamente no fluxo hídrico desta região, contrariando o fluxo radial admitido para regiões insulares e gerando zonas preferenciais de descarga aquífera, responsáveis pela ocorrência de áreas lagunares na orla costeira (pauis). Palavras-chave: Graben das Lajes, Tectónica, Fluxo hídrico.