Literatura e Autoritarismo
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Published By Universidade Federal De Santa Maria

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Author(s):  
Elcio Loureiro Cornelsen ◽  
João Luis Pereira Ourique ◽  
Rosani Ketzer Umbach

A relação entre resistência e estudos literários, por vezes, ainda é tratada de forma conflitiva. Um conflito que não se relaciona com a oposição de ideias ou mesmo como oportunidade para que sejam pensadas novas visões acerca da sociedade e do devir histórico, mas com uma noção que empobrece a potencialidade da crítica literária ao renegá-la ao campo dos aspectos formais quando desconsidera as questões temáticas que norteiam e embasam a criação artística. A Revista Literatura e Autoritarismo procura evidenciar a aproximação entre os aspectos éticos e estéticos, mediados pelo viés de um pensamento filosófico e científico capaz de interagir nesses campos que se complementam.


Author(s):  
Luciane Botelho Martins

À luz da Análise de Discurso de filiação francesa, este artigo propõe reflexões sobre o papel da “memória” no “acontecimento discursivo” marcado no modo de dizer da protagonista de tirinhas argentinas – Mafalda. Assim, a partir da concepção de acontecimento discursivo como o “encontro de uma atualidade e uma memória” (PÊCHEUX, 2008, 17), empreendemos nosso gesto de leitura dividindo a pesquisa em três momentos: no primeiro descrevemos o acontecimento histórico Cordobazo, no segundo discutimos sobre a memória discursiva e o discurso fundador e no terceiro apresentamos nosso gesto de leitura a partir do corpus, formado pela tirinha publicada originalmente na edição da revista em que o acontecimento histórico é noticiado. Ao concluir a análise, observamos que o discurso político-irônico de Mafalda contribui na estabilização de sentidos produzidos pelo acontecimento discursivo na medida em que a memória une o processo linguístico (marcado no sufixo -azo) ao acontecimento histórico.


Author(s):  
Janaína Buchweitz e Silva ◽  
Claudia Lorena Vouto da Fonseca

O presente artigo parte da obra da jornalista e escritora Daniela Arbex, intitulado Cova 312, para tratar de questões como testemunho e memórias traumáticas oriundas da ditadura brasileira. Para tanto, utiliza-se de referencial teórico proposto por Agamben (2008) para debater a questão do testemunho, e de Benjamin (1996) e Gagnebin (2009) para discutir a escrita da história no tempo presente. Sendo o livro composto por dezenas de testemunhos de militantes que vivenciaram o período da ditadura, entende-se que também a autora opera enquanto uma testemunha da história do Brasil, ao dar escuta aos relatos traumáticos dos sobreviventes do período militar. Os testemunhos propiciam uma reflexão sobre passado e memória, em que questões como acesso à verdade e à justiça se entrelaçam às possibilidades do testemunho e à escrita da história no tempo presente.


Author(s):  
João Luis Pereira Ourique ◽  
Cláudia Lorena Vouto da Fonseca

A edição de número 36 da Revista Eletrônica Literatura e Autoritarismo publica textos que abordam a literatura em relação com a história e a memória, estabelecendo um diálogo necessário e relevante para a análise dos textos literários.


Author(s):  
Analice Sousa Gomes ◽  
Renata Rocha Ribeiro

O objetivo principal deste artigo é apresentar uma discussão acerca da constituição da memória e dos possíveis significados evocados pelos relatos e pelas lembranças dos narradores-personagens nos romances Bêbados e sonâmbulos (1996) de Bernardo Carvalho e Duas vezes junho (2005) de Martín Kohan. Nesta análise, a loucura e a falsa glória, respectivamente, de contextos de governos militares no Brasil e na Argentina apresentam-se como temas contrastantes e, ao mesmo tempo, convergentes no que tange aos efeitos resultantes da configuração estética da memória em ambas narrativas. Deste modo, serão utilizadas, dentre outras, as concepções de Henry Bergson (1999) e Beatriz Sarlo (2005) sobre memória; de Maria José Rezende (2001) e Luis Alberto Romero (2012) sobre a reflexão historiográfica e filosófica dos contextos de ditaduras militares no Brasil e na Argentina, a fim de observar como se dá a estética da memória nos romances propostos para análise. 


Author(s):  
Arnaldo Franco Junior

Nos contos “O método” e “A posição”, produzidos nos anos 70 do séc. XX, o escritor Júlio César Monteiro Martins (1955–2014) explora o motivo da tortura, denunciando-a como prática banalizada no horizonte repressivo criado pela ditadura civil-militar implantada no Brasil a partir de 1964. Neste artigo, faremos uma leitura crítica dos dois contos, cotejando-os para refletir sobre a problemática da representação da violência extrema na literatura e suas implicações estéticas e éticas.


Author(s):  
Eliziane Navarro ◽  
Marcelo Ferraz De Paula

O retorno ao passado é uma necessidade histórica. Mesmo em tempos que urdem a construção de uma identidade nacional e independente, sobretudo nos países colonizados, é preciso recuperar o passado, avaliar a história oficial e então reconstruí-la, considerando feitos da margem social silenciada até então. A isto se dedica o romance histórico. Este estudo visa analisar a possibilidade de recuperação do passado em dois contextos diferentes: a Ditadura Militar Chilena por meio da narrativa ficcionalizada da memória no romance Formas de voltar para casa, de Alejandro Zambra, de 2003, e a escravidão no Brasil reverberada na obra Torto Arado, de Itamar Viera Júnior, de 2018. Dentro de suas especificidades, essas abordagens do discurso histórico, esteticamente organizado, reverberam a intenção máxima do romance histórico enquanto categoria, ao conceber a história como fator diretivo das ações dos personagens, de maneira a ter na formulação de uma consciência identitária, seu fim último.


Author(s):  
Mariana Costa Nascimento ◽  
Terezinha Oliveira
Keyword(s):  

A modernidade líquida nos trouxe inúmeras repercussões, principalmente para as relações humanas. O turbilhoes de informações, advindos da globalização negativa, tornam as pessoas cada vez menos empáticas diante de situações catastróficas, como a queda de avião, rompimento de barragens, pandemias, furacões e etc. O novo individualismo atrelado ao enfraquecimento dos vínculos humanos e a dissolução da solidariedade repercutem em uma espécie de cegueira moral e ética dos indivíduos. O objetivo deste artigo é relacionar os excetos da obra Ensaio sobre a Cegueira de José Saramago (2017) com o conceito cegueira moral de Bauman. O livro narra a história de uma epidemia de cegueira branca que se espalha pela cidade causando situações caóticas. A cegueira vivenciada pelos personagens da literatura, não é decorrente de problemas físicos, mas está relacionada a perda de sensibilidade ao sofrimento dos outros, ou seja, trata-se de uma cegueira moral.


Author(s):  
Christine Gryschek ◽  
Altair Teixeira Martins

Memória por correspondência (2016), romance epistolar no qual encontram-se reunidas vinte e três cartas escritas por Emma Reyes (1919-2003), expõe uma tentativa de reconstrução e apresentação de um passado em um registro externo.  Mas nos traz, antes de uma narrativa íntima, um retrato de uma sociedade colonizada católica e repartida em classes. Neste sentido, as memórias são, além de uma reconexão com seu processo de subjetivação, repletas de críticas políticas nas quais a narradora não economiza questionamentos e reflexões importantes a respeito do estado e da religião. Tal característica coloca a escrita de Reyes como Literatura Menor. O texto é de denúncia ao modelo de sociedade empregada por modelos tradicionalistas de um poder pastoral e as chamadas Instituições Totais, apresentando os detalhes das normas e das condutas disciplinares os quais foi obrigada a desempenhar durante seu crescimento e constituição de subjetividade, dentro do convento onde viveu a sua infância em sofrimento.


Author(s):  
Thayná Cavalcante Marques ◽  
Larissa Warzocha Fernandes Cruvinel
Keyword(s):  

Este estudo tem o intuito de compreender o narrador no romance Azul-Corvo (2010). Assim, é necessário entender como essa narradora que é Evangelina, se porta tendo diante de si todo um trabalho acerca da angariação e organização de memórias, essas, por vezes, envolvendo a memória de outras personagens; procuramos perceber como tal processo se interliga a intenção do romance de buscar inteireza de identidade da personagem. Para tanto, buscamos compreender a postura do narrador contemporâneo e como ele se manifesta na produção de Lisboa, além de apreender também o tratamento de questões acerca de eventos históricos traumáticos, como o regime civil-militar brasileiro em 1964. A intenção é, portanto, entender como o contato que a narradora mantém com esse universo memorialístico, as relações que constrói com outros personagens contribuem para o estado final de inteireza da protagonista e, consequentemente, para a maneira como narra. Como base teórico-crítica recorreu-se a estudos de Karl Eric Schøllhamer (2011), Theodor Adorno (2012), Jöel Candau (2011), entre outros.


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