Neste artigo buscamos contextualizar o cinema como forma de estudo da história e fonte de conhecimento. Uma vez que esta linguagem pode condensar diversas visões acerca de um fenômeno, ela se apresentará como meio para o desenvolvimento de uma postura crítica e reflexiva sobre a relação cinema e história, bem como os objetos que permeiam este discurso. Analisaremos o filme Sócrates (1972) da coleção Os Filósofos, dirigida por Roberto Rossellini, buscando, através do olhar cinematográfico, reconstruir a história do filósofo e a evolução de seus pensamentos, numa perspectiva filosófica. Rossellini focaliza o caminho de Sócrates até a sua morte por cicuta, ilustrando a fidelidade do filósofo à sua própria consciência. É mostrado com certo rigor histórico conflitos e guerras, as nuances do politeísmo grego, o espírito questionador da filosofia antiga e o julgamento de Sócrates perante a Assembleia. O artigo analisa, de forma intertextual, as principais obras de Sócrates e aquelas que seus discípulos escreveram sobre ele como a Defesa de Sócrates, por Platão e os Ditos e feitos memoráveis de Sócrates, por Xenofonte. Incluímos, também, observações advindas de artigos científicos que versam sobre as experiências do filósofo e reflexões filosóficas realizadas por este. A análise fílmica foi feita com base nas transcrições de diálogos, imagens, luz e banda sonora, refletindo sobre conceitos de filosofia e religião presentes na obra. Pretendemos mostrar que o uso do cinema explorado criticamente de forma ampliada, ou seja, através dos símbolos e signos que estruturam uma base de valores estéticos e éticos em algum contexto temático e cultural, pode potencializar a construção de novos saberes e reflexões.