Neste texto, partiremos de cinco obras dedicadas, ou adaptadas, à leitura por crianças. Quatro delas são textos e livros de géneros e suportes diferentes, publicados em Portugal entre 1965 e 2011, que retratam, questionam ou promovem comportamentos relacionados com estereótipos de género, em vários âmbitos, e em que o espaço íntimo da família e da casa é preponderante, embora não exclusivo, sobretudo nos mais recentes. Chegaremos a uma quinta obra, não publicada em Portugal, de autoria de um famoso youtuber britânico, que talvez nos ajude a ler melhor o futuro da representação, em literatura para os mais novos, das questões de género.
Escolhemos este percurso para, a partir dos enredos ficcionais estudados, levantar e propor respostas, ou pelo menos linhas para a discussão, sobre as seguintes questões: 1) a consciência da diferença parte da pressão social ou da orientação individual? 2) o convívio intergeracional pode promover a continuidade ou, pelo contrário, incentivar a contestação aos preconceitos de género? 3) e essas, a continuidade ou a contestação, dependem, fundamentalmente, da cíclica generation gap ou antes de mudanças societais?