Interseções Revista de Estudos Interdisciplinares
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Published By Universidade Do Estado Do Rio De Janeiro Uerj

2317-1456, 1517-6088

Author(s):  
Primeiras Páginas

Primeiras páginas


Author(s):  
Ramiro Segura ◽  
Joaquín Vélez
Keyword(s):  

O artigo discute a política urbana de Cambiemos na cidade de La Plata, capital da província de Buenos Aires, durante o período 2015-2019. La Plata. Você está em casa foi o slogan de governança desta coalizão política de direita que implementou um conjunto de políticas urbanas destinadas a “ordenar a (cidade como) casa”. A partir de um diagnóstico decadente do estado da cidade difundido entre as classes média e alta, bem como um imaginário urbano em relação à deve ser a cidade, a política de securitização de Cambiemos operava como um poderoso dispositivo de hierarquia e regulação do espaço urbano. Combinando repressão, policiamento e prevenção, essas políticas buscavam regular quem pode fazer o que, onde e quando, e envolveu o deslocamento, marginalização e/ou expulsão de práticas e pessoas informais (feirantes, vendedores nas ruas, prostituição, centros culturais, entre outros) para gerar condições de investimento urbano. Em suma, foi a implantação do urbanismo “revanchista” e “autoritário” que, em nome da segurança e prevenção, implementou o modelo de “a cidade como casa”, regulando, deslocando e até expulsando o que é considerado “fora do lugar”. Quem (não) entra em casa? A imagem da cidade como casa tem afiliações políticas conservadoras e abre questões fundamentais sobre à vida urbana democrática, como liberdade de acesso, condições iguais, direito a (in)diferença, e possibilidades de diálogo e dissidência em espaços que, por definição, constituem áreas de encontro entre diferentes e desiguais.


Author(s):  
Roberta Guimarães ◽  
Vanessa Marx

A apresentação do Dossiê “Espaços, simbolismos e relações de poder” expõe e comenta sete textos que debatem os processos de produção e simbolização dos espaços, sejam eles classificados como urbano, rural, popular, étnico-racial, de gênero etc. Com o objetivo de intercruzar olhares e fomentar um amplo diálogo, selecionamos pesquisas realizadas em Lisboa, Buenos Aires, Cariri cearense, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e Rio de Janeiro. O resultado foi a formação de um corpo de artigos que analisa traços marcantes do tempo presente, como a crescente mercantilização dos espaços, a onda de políticas governamentais de viés conservador e a disseminação de iniciativas de reconhecimento de memórias coletivas. Foram ainda observados como indivíduos e coletividades percebem os locais que habitam, quais ações impetram para garantir seus interesses ou provocar mudanças na ordem social e como determinadas intervenções reificam ou desestabilizam ordenamentos territoriais, diferenças culturais e desigualdades sociais. A partir dos textos, desenhamos um itinerário de leitura dividido em dois grandes eixos. O primeiro composto por análises que privilegiam a compreensão dos processos de financeirização e explorações fundiária, imobiliária, turística e securitária, bem como a operação da máquina política e burocrática do Estado pelos entes privados e seus interesses. E o segundo com estudos que se voltam de forma mais acentuada para o entendimento dos dissensos e conflitos em torno dos modos de ocupação dos espaços e dos pleitos de reconhecimento social de segmentos subalternizados e minoritários.


Author(s):  
Nuno Oliveira
Keyword(s):  

A partir de trabalho de campo em Lisboa e Buenos Aires, o artigo examina como os processos de regeneração e revitalização do centro da cidade têm sido consistentemente ligados à mobilização da diversidade cultural. A pesquisa etnográfica e qualitativa foi realizada em espaços urbanos específicos onde a regeneração dirigida pela cultura se encontra a ser levada a cabo . A seleção desses espaços foi baseada na ideia de evitar os suspeitos usuais em estudos urbanos, como as grandes capitais do hemisfério norte. Argumentamos que os traços culturais dos imigrantes são trazidos para esses processos por meio de mecanismos mediadores específicos dos modelos das cidades empreendedoras. Integramos em nossa análise uma ampla gama de atores envolvidos na governança urbana, desde autoridades municipais, passando por organizações de imigrantes, até empreendedores migrantes, a fim de fornecer uma interpretação completa de tais mecanismos. Mostramos que as cidades buscam estratégias similares de lidar com a diversidade cultural de origem imigrante, estando nestas implicadas três dimensões principais: estetização, marketing de lugar e “ethnic showcasing”. Levantamos algumas questões conceituais e políticas relacionadas com os novos regimes de visibilidade e formas de organização social da diferença específicas da cidade empreendedora.


Author(s):  
Ana Elisa De Castro Freitas

A presença indígena nas cidades é fenômeno próprio da gênese urbana nas Américas. Paradoxalmente, índio e cidade se apresentam como linhas de fuga que deslizam para direções diametralmente opostas no imaginário urbano colonial, evocando a ideia de corpos fora de lugar. Tal paradoxo tem origem em políticas coloniais-estatais indutoras de regimes de alienação, redução territorial e aldeamento indígena, motivando forças sociais de invisibilização, negação, marginalização e gentrificação, que incidem sistematicamente sobre os modos de vida indígena no urbano. Esse processo é reconfigurado pelas tendências de aceleração, virtualização e globalização das relações sociais nas cidades contemporâneas, exigindo um olhar que possibilite rever a cidade desde as perspectivas das subjetividades e alteridades que nela habitam. Neste artigo, proponho pensar a cidade contemporânea focalizando itinerários de arte indígena instalados e desinstalados cotidianamente por coletividades ameríndias em ruas, praças, florestas e galerias de arte, e seus desdobramentos sociopolíticos e ambientais. Tais instalações evocam ecologias desviantes dos padrões urbanos hegemônicos, marcados pelas retas e ângulos da planificação diretora das cidades, sendo compreendidas como emanações poéticas da vida ameríndia. O foco da análise revela, de um lado, itinerários de fabricação e circulação de formas tridimensionais de cipó trançado, deslocadas das florestas e instaladas nas ruas da cidade de Porto Alegre por coletividades Kaingang e, de outro, a ativação de circuitos de arte indígena contemporânea em cidades como Brasília, São Paulo, Londrina, Curitiba, Porto Alegre, Boa Vista, Belo Horizonte, e seus deslocamentos através de museus, universidades, ruas e redes sociais. Os fluxos de materiais e forças mobilizados pelos itinerários de arte indígena na cidade evocam uma trama rizomática, incidência da vida sobre tendências de redução, territorialização e gentrificação, poética que reivindica o acesso indígena à cidade e amplia o horizonte de possibilidades para o urbano na contemporaneidade.


Author(s):  
Interseções Revista de Estudos Interdisciplinares

Interseções - Revista de Estudos Interdisciplinares


Author(s):  
André De Pieri Pimentel

As cidades contemporâneas são palco de uma pluralidade de conflitos em torno dos usos de espaços públicos e também de suas regulações. Enquanto agentes e grupos políticos se mobilizam em prol do recrudescimento da distinção entre usos autorizados e usos não permitidos desses espaços, através da presença de policiais, tecnologias de vigilância e até mesmo da formulação de leis, outros se posicionam em defesa do “direito à cidade”, contra o policiamento ostensivo e a criminalização da livre apropriação dos espaços públicos. Esse artigo propõe reflexão baseada em pesquisa etnográfica realizada na praça Franklin Roosevelt, no bairro da Consolação (região central de São Paulo). Nos últimos anos, após uma reforma multimilionária que a transformou completamente, sob o pretexto de produzir “requalificação urbana”, diferentes projetos de gestão e mesmo de ocupação se fizeram presentes nesse espaço, estabelecendo alianças e relações conflitivas uns com os outros. Em meio à produção de ordenamentos urbanos divergentes, os usuários cotidianos da praça estabelecem extensões, tensões, rupturas e resistências a tais projetos ordenadores. A praça Roosevelt contemporânea é um território disputado, e essas disputas desvelam projetos políticos e projetos de cidade em uma dimensão mais ampla. O objetivo deste artigo é reconstituir alguns desses conflitos atuais, identificando os agentes coletivos que se constituem em torno deles, os discursos políticos e as redes pessoais ou institucionais que eles mobilizam em suas atuações.


Author(s):  
Roberto Marques
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O artigo analisa disjunções e conjunções existentes entre as ações dos feminismos no Cariri e o imaginário espacial que modula a patrimonialização da Festa do Pau de Bandeira de Santo Antônio, na cidade de Barbalha (CE). No ano de 2019, durante o cortejo de grupos de cultura popular que antecede a Festa do Pau da Bandeira, aconteceu a sexta Marcha das Mulheres. Ao longo do percurso, participantes da marcha foram continuamente interpeladas por representantes da organização institucional da Festa. A ação dos organizadores acionava formas de localização do movimento de mulheres, uma compreensão nativa dos debates sobre gênero e sobre a cultura popular naquela manifestação. Pensamos a expressão desse conflito social como disputa entre diferentes projetos para a região do Cariri cearense, para os debates sobre gênero e para a vida das mulheres na região. A patrimonialização da Festa e seus personagens acessam uma romantização do mundo rural incompatível com a denúncia da morte de mulheres na região do Cariri pelos feminismos locais, embora ambas as narrativas estejam conectadas à ideia de um Brasil rural, atávico, distante da cidadania e urbanidade. As fricções ocorridas na Festa de Santo Antônio relembram, portanto, imagens que circulam em momentos em que grupos à margem do imaginário nacional brasileiro empunham símbolos diacríticos das ideias de participação política e memória nacional. Tensões acessadas como clichês de uma utopia generalizante de abrigo à diversidade de demandas compostas pela e para a nação.


Author(s):  
Rachel Paterman
Keyword(s):  

Este artigo problematiza o universo da construção urbana no Rio de Janeiro a partir de um enfoque sobre elaborações simbólicas e agenciamentos sociotécnicos em torno de projetos voltados à mitigação de impactos ambientais de empreendimentos arquitetônico-urbanísticos. Parte-se de um material de análise composto por registros discursivos de profissionais de arquitetura para reconstruir analiticamente redes de relações sociais – envolvendo construtoras, incorporadoras, agências estatais e instrumentos legais – e categorias de pensamento – destacando-se a noção de “paisagem” – que exibem centralidade no modo como vêm sendo construídos, destruídos e transformados os espaços que constituem o mais recente eixo de expansão da cidade, a Zona Oeste. O recorte temporal investigado abrange as décadas de 1980 a 2010, período caracterizado por um intenso e acelerado processo de urbanização a partir da Barra da Tijuca, e que se mostra especialmente pertinente a uma abordagem processual sobre espaços urbanizados ao reunir e colapsar perspectivas de diferentes atores e projetos de cidade. Esse contexto sociocultural é explorado a partir da trajetória do arquiteto paisagista carioca Fernando Chacel (1931-2011), que, através de projetos que realiza na área e período focalizados, se insere em uma posição mediadora entre distintas esferas de poder e lógicas de concepção e ordenação do espaço, reunindo condições para desempenhar um papel de “informante nativo” do universo em questão. Trata-se de uma abordagem que permite lançar luz sobre dinâmicas sociais que tendem a se ofuscar conforme assumem a forma material de edificações, ou natural de áreas de preservação ambiental, e que dizem respeito a um plano cotidiano de encontros e conflitos, consensos e dissensos entre trajetórias individuais e coletivas de pessoas, grupos e instituições.


Author(s):  
Felipe Gonçalves Brasil

A pandemia causada pela Covid-19, que se prolonga desde os primeiros meses de 2020 ao redor de todo o mundo, marcada por irreparáveis impactos sociais, econômicos, sanitários e humanitários, tem despertado a atenção de acadêmicos que se dedicam a entender e analisar as ideias, escolhas e prioridades dos tomadores de decisão num momento caracterizado pela extrema necessidade de atuação governamental. Seja no seu papel de fonte oficial de informações que orientem e informem a população, seja na atuação direta na elaboração de estratégias de redução do contágio, no estabelecimento de regras de funcionamento de equipamentos públicos e privados, ou na elaboração de políticas que minimizem os efeitos catastróficos da pandemia e garantam a sobrevivência de seu povo, o “estado em ação” vem sendo observado por diferentes lentes teóricas inseridas no interdisciplinar campo das políticas públicas. Este estudo tem o objetivo de apresentar, ainda que brevemente, dois referenciais teóricos e analíticos com grande potencial para apoiar estudos que buscam entender melhor a forma como o processo de políticas públicas pode sofrer importantes alterações em momentos de crise como essa. O primeiro referencial analisado é o dos “efeitos focalizadores” (focusing events), presentes na literatura de policy process e agenda-setting. Outra lente analítica relevante está relacionada com o aprendizado em políticas públicas e a formulação de políticas baseadas em evidência (policy learning and evidence-based policy making). As escolhas por essas três linhas teóricas não têm a intenção de limitar os estudos em políticas públicas, mas de lançar luz a novas abordagens com grande potencial explicativo para novas agendas de pesquisas.


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