O artigo dedica-se a uma discussão teórica sobre a análise da educação da classe média brasileira. Partindo do problema de como endereçar a lacunar, mas fundamental pesquisa sobre a educação desse estrato, o artigo oferece uma perspectiva de diálogo crítico entre referenciais a partir de Bourdieu e a partir do Neomarxismo. Ao apresentar a contribuição de Bourdieu, o artigo perpassa conceitos fundamentais, como habitus, capital cultural e distinção social, porém enfatizando como a teoria ajuda a pesquisar a classe média, indo além da tradição de olhar para a desigualdade educacional apenas do ponto de vista do fracasso escolar. No entanto, para dialogar com deste referencial, o artigo propõe uma articulação com o aparato neomarxista, em particular a partir dos conceitos de hegemonia, senso comum e articulação. Deste modo, a incorporação da subjetividade de classe média é vista como relacionada com a objetividade das relações estruturais de maneira complexa, histórica e contraditória. O objetivo do texto, portanto, é o de contribuir para o debate no campo dos estudos sociológicos da educação fornecendo possibilidades e questionamentos de ordem teórica e metodológica. Fazendo uso de revisão de literatura, o estudo traz como resultados reorientações para o estudo de como a desigualdade de classe se relaciona com a educação, concluindo que há espaço para novos desenvolvimentos neste campo a partir do estudo da classe média.