Partindo do argumento de Moretti (2000) de que o romance moderno desponta nas culturas periféricas não como desenvolvimento autônomo, mas como uma conciliação entre influência formal estrangeira e conteúdos locais, busco pensar, neste artigo, como Kourouma manipula a língua do colonizador para expressar nela sentimentos e realidades imaginadas na sua língua materna - o malinké[1] e como ocorre dentro do sistema literário mundial esta luta pelo reconhecimento.
[1] O termo designa o indivíduo que pertence ao grupo étnico malinké, mas também designa a língua. Tradicionalmente, agricultores, artesãs e de religião muçulmana altamente influenciados pelas crenças animistas, os malinkés estão agrupados na Guiné, no Mali, na Costa do Marfim, no Senegal, na Gâmbia, na Serra Leoa, no Burkina Faso, na Guiné-Bissau, na Libéria e no Gana.